Nos últimos anos Portugal assumiu-se como um destino privilegiado para investimentos em centros de competências, de serviços ou de inovação internacionais, que suportam atividades nos mais diversos sectores. Após algum abrandamento forçado pelos constrangimentos da pandemia, o ritmo destes investimentos voltou a acelerar e, como destaca o EY Attractiveness Survey, em 2021 Portugal foi o 8º país europeu a conseguir atrair mais novos projetos de investimento direto estrangeiro (IDE). O lugar alcançado representa uma melhoria de duas posições face ao ano anterior.
Nesse período, Portugal conseguiu captar 200 projetos internacionais, mais 30% que em 2020, com um impacto que se estende “à grande maioria dos setores da economia portuguesa”, como explica Miguel Cardoso Pinto, EY-Parthenon Leader. Neste universo, os serviços de tecnologia lideram. Seguem-se a manufatura e a logística. Vale a pena sublinhar também que, na Europa, o investimento direto estrangeiro cresceu apenas 5% entre 2020 e 2021.
Voltando a Portugal, e no que se refere à área da tecnologia, ao longo do ano passado foram anunciados 65 novos investimentos estrangeiros nas áreas do software e serviços TI, principalmente oriundos dos EUA, França, Alemanha e Reino Unido, que vão dar origem a, pelo menos, 14.700 novos empregos, pelas contas da EY.
A região de Lisboa é o destino da grande maioria destes investimentos (71%), que se distribuem de forma idêntica, entre projetos de empresas que chegam agora a Portugal e empresas que já cá estavam e reforçaram a aposta no mercado local, “o que prova a atratividade de Portugal, tanto para novos players como para incumbentes”, sublinha Miguel Cardoso Pinto.
Os dados apurados pela EY, no estudo revelado esta quarta-feira, também permitem perceber que as atividades com maior representatividade no contexto deste sector são a I&D - centros de competências, hubs tecnológicos ou centros de excelência, por exemplo, e os Business Services. Estas duas tipologias representam 80% do número total de projetos anunciados e têm associada a intenção de criar, pelo menos, 11.400 novos postos de emprego.
No que se refere em específico à área de Business Services, estes representaram 15% dos projetos de investimento estrangeiro em Portugal no ano passado, num total de 30 projetos, que deverão representar 8.000 novos empregos, 80% relacionados com software ou serviços de TI.
Como sublinha Ana de Carvalho, diretora adjunta AICEP, “Portugal tem sido, cada vez mais, um destino preferencial [para este tipo de estruturas], com particular foco nas operações de Serviços Partilhados e Tecnologias de Informação”.
Tomando ainda como referência dos dados de 2020, a responsável destaca que nos últimos anos, a taxa de crescimento anual deste tipo de operações tem rondado os 15%, estimando-se que Portugal acolha já mais de 190 operações internacionais. Em conjunto, representarão mais de duas centenas de Centros de Serviços, que dão emprego a 70 mil pessoas, sendo que 35% prestam serviços de TI e software.
Metade da despesa de IDE em 2021 vem de projetos TI
Um tema que surge frequentemente associado a estes investimentos é o valor real que deixam/criam no país, seja pelo tipo de recursos que absorvem, seja pela capacidade para gerar inovação e conhecimento.
Ana de Carvalho sublinha que os centros internacionais instalados em Portugal “são, na sua grande maioria, de alto valor acrescentado - 85% dos colaboradores têm formação superior – desenvolvendo novas soluções e produtos de software, data analytics, cloud, Inteligência Artificial, Mobilidade, Cibersegurança, Blockchain, Transformação Digital e outros”. Entre as maiores unidades, em número de colaboradores associados, a AICEP destaca os centros geridos pela Altice, Bosch Car Multimedia, Capgemini Engineering, Critical TechWorks, Grupo BNP Paribas, Cisco, Microsoft, Natixis, Nokia, Siemens, Vestas ou Vodafone.
Abrindo novamente a lente, a todos os projetos de IDE que Portugal conseguiu captar em 2021, a EY estima que os 200 anunciados vão gerar, no mínimo, 28.600 postos de trabalho (três vezes mais que em 2020) e uma despesa de capital superior a 8.000 milhões de euros. O sector das TI será responsável por mais de um terço destes postos de trabalho e por quase metade da despesa total dos projetos de IDE anunciados. Também revelam que, nos 200 projetos de investimento estrangeiro que Portugal captou em 2021, 21% foram projetos de I&D e, destes, 42 (67%) estão ligados às áreas de software e serviços TI.
Investimento em Portugal está na agenda mas carga fiscal desanima
Para os próximos anos, as expectativas são igualmente animadores. “O que temos vindo a notar é que Portugal tem-se posicionado cada vez melhor em diversos rankings de investimento”, admite Miguel Cardoso Pinto. Este ano, a expectativa é, por isso, que o investimento estrangeiro continue a crescer, embora a situação geopolítica não permita ainda fechar a previsão para 2022. “Ainda assim, as áreas de TI continuam com grande procura e não notamos, para já, nenhuma queda nas intenções de investimento”, remata o responsável.
O estudo da consultora mostra mesmo que, entre as empresas estrangeiras consultadas, 62% têm planos para investir ou aumentar investimentos em Portugal nos próximos 12 meses e três quintos dos entrevistados acreditam que Portugal vai tornar-se um destino de investimento ainda mais atraente nos próximos anos, o 5º mais atrativo da Europa.
A explicar a preferência por Portugal estão os argumentos que já se conhecem.
“Portugal proporciona um retorno equilibrado do investimento, com um custo competitivo por engenharia, competências técnicas ou especializadas de elevada qualidade, numa localização nearshore favorável, com riscos geoestratégicos e de segurança reduzidos”, como resume Ricardo Nunes, CFO Siemens Portugal.
A empresa alemã Siemens foi uma das primeiras a fazer este tipo de investimento em Portugal e é também uma das que mais tem aumentado e diversificado esse investimento, para centros em diferentes áreas.
Os desafios também existem e a evolução do mercado nos últimos anos deixou alguns em evidência, na área do talento TI, por exemplo. “É inegável que com o novo paradigma do trabalho remoto, torna-se mais difícil garantir a competitividade dos vencimentos face a outras geografias com uma menor carga fiscal'', reconhece Carlos Neves, Head of Portugal Global Delivery Center da Fujitsu.
Mas, também não é menos verdade, que Portugal tem condições e argumentos para atrair talento qualificado estrangeiro e isso já está a acontecer numa escala significativa, tendências que pode conhecer melhor nos outros artigos deste Especial.
Este artigo integra o Especial Tecnológicas escolhem cada vez mais Portugal para fixar centros de competências globais
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