(Actualizada) A Telefónica já tinha feito um anúncio hoje à comissão de mercado de valores espanhola, mas a Portugal Telecom só confirmou o negócio já ao final da manhã, detalhando que vai vender a sua posição de 50% na Brasicel, que detém a Vivo, por 7,5 mil milhões de euros. A operadora portuguesa compensa a saída da maior operadora móvel brasileira com a tomada de uma posição de 22,38% na Oi, que detém a maior posição na rede fixa brasileira e a quarta maior quota de mercado nos móveis.

A esta hora decorre uma conferência de imprensa para explicar as opções, mas os traços principais dos dois negócios estão detalhados em comunicados enviados à CMVM às 12.56H e 13.01H de hoje.

"A melhor solução nem sempre é a mais fácil, mas esta é uma excelente solução para a PT [...] naturalmente aquilo que preconizamos para a PT vai ter muito sucesso", defendeu Zeinal Bava, presidente da PT durante a conferência de imprensa.

A cedência da PT na venda da sua participação na Vivo, de que inicialmente não queria abdicar e na qual participa desde 1998, foi compensada pela subida do valor da oferta, de 7,15 mil milhões para 7,5 mil milhões de euros, mais do que triplicando o valor da Vivo há dois meses e meio atrás.

O Conselho de Administração da PT reuniu hoje para aprovar o negócio, sendo que 4,5 mil milhões de euros serão pagos na data da transacção que estará concluída no prazo máximo de 60 dias. Mais mil milhões de euros serão pagos a 30 de Dezembro de 2010 e os restantes 2 mil milhões de euros até 31 de Outubro de 2011.

A PT e a Telefónica concordaram ainda iniciar, em Janeiro de 2011, discussões para estabelecer uma parceria industrial que permitirá à Portugal Telecom continuar a tirar partido dos benefícios de escala, que eram uma das razões da sua aposta estratégica na Vivo.

Define-se ainda a possibilidade de explorar áreas de cooperação para maximizar sinergias e poupança de custos nas duas empresas, mas com a condição de que isto aconteça "num cenário em que a Portugal Telecom não exerce actividade concorrente com a Telefónica no mercado brasileiro", explica o comunicado. Em conferência Zeinal Bava admitiu que a tomada de posição na Oi pode tornar mais difícil este cenário de cooperação, mas que os operadores estão habituados a colaborar e que por isso esta perspectiva se mantém válida.

Neste acordo de parceria industrial cabem o desenvolvimento de um "centro de competências de I&D conjunto em Portugal, compras, tecnologia e operações, partilha de melhores práticas, benchmarking, e desenvolvimento conjunto do modelo de negócio da telco do futuro", detalha o documento.

A permanência da PT no Brasil será assegurada pela compra de uma posição na Oi, que já tinha sido alvo de ampla especulação. O acordo de parceria estratégica com as empresas do grupo brasileiro, onde realizará um investimento máximo de 8,4 mil milhões de reais (3,7 mil milhões de euros) para assumir 22,38% do capital.

A PT assegura também uma participação relevante na gestão da Telmar Participações e nas suas subsidiárias, abrindo a porta a que esta empresa adquira até 10% do seu capital social.

Este acordo de intenções agora assinado está em vigor até Outubro de 2010 mas a sua concretização depende da efectiva aquisição pela PT de 22,38% da Tmar, a conclusão, com resultados satisfatórios, de uma auditoria legal, fiscal e contabilística das empresas do Grupo, da obtenção das autorizações legais aplicáveis e da venda efectiva da participação da PT na Brasicel à Telefónica.

Nota da Redacção: A notícia foi actualizada com informação recolhida durante a conferência de imprensa, que foi transmitida em directo online.