A tecnologia é um dos sectores com melhores salários no mercado de emprego. A escassez de alguns perfis, que não chegam para dar resposta a uma digitalização que chegou em massa para muitos negócios e a ascensão rápida de algumas tecnologias têm provocado um desequilíbrio entre oferta e procura. As empresas têm de ser criativas nas estratégias de captação e retenção de talento, mas têm também de ter bolsos fundos.
Portugal continua longe da média salarial de muitos países europeus e mais ainda dos Estados Unidos, mas ainda assim, também por cá, os salários em muitas funções dispararam nos últimos anos. No entanto, as profissões mais bem pagas da tecnologia têm-se mantido estáveis, por corresponderem a áreas onde a procura continua a crescer. “O que temos verificado é que, nos dois últimos anos, tem havido um crescimento da procura nas áreas de Cibersegurança, Desenvolvimento de Software e Consultoria”, explica Pedro Amorim, managing director da Experis do grupo Manpower, que a pedido do SAPO TeK alinhou as 10 profissões TI mais bem pagas em Portugal neste momento.
“Esta procura surge acelerada pela pandemia, momento a partir do qual as preocupações com os ciberataques, a transformação digital dos negócios e a gestão de negócio com recurso a plataformas de ERP (SAP, Salesforce, MSD) passaram a estar na agenda dos líderes de todo o tipo de organizações - pequenas, médias e grandes”, acrescenta o responsável. Isto fez disparar a procura de determinados perfis e as remunerações acompanharam a tendência. O último Talent Shortage Survey realizado pelo ManpowerGroup apurou que 84% dos empregadores portugueses do sector têm dificuldades na contratação.
Noutros casos, é o nível de experiência e responsabilidade exigido aos profissionais que explica o salário. São exemplos disso, cargos como o de Chief Information Officer/ Chief Technology Officer. Ou ainda, o nível de especialização exigido para a função, que pode ou não estar associado ao critério experiência.
Veja em detalhe a lista das 10 profissões mais bem pagas da tecnologia em Portugal por esta altura, que funções desempenha quem as tem e de que competências precisa.
1. Salesforce Account Executive – 120.000 – 150.000€/Ano
Os consultores da Salesforce implementam e otimizam os produtos que fazem parte do universo da marca que se popularizou por causa do CRM, mas que tem hoje uma oferta mais vasta, com produtos na área do atendimento ao cliente, marketing, inteligência artificial, gestão de comunidades, criação de aplicações, entre outros. A sua tarefa é garantir que estes produtos funcionem de forma eficaz, escalável e alinhada com as necessidades identificadas pelos clientes. “Apesar da crescente transformação digital e da maior adoção desta plataforma, o surgimento de novos profissionais qualificados ainda não acompanha a procura por parte das empresas”, explica Pedro Amorim, managing director da Experis. “Este contexto, aliado ao elevado nível de conhecimento técnico e necessidade de competências humanas do profissional, vem impulsionar os salários e a sua progressão de carreira”, acrescenta o responsável.
2. Chief Information Officer/ Chief Technology Officer: 95.000-120.000€/ano
Com a transformação digital a ganhar lugar cativo na agenda e nas prioridades das empresas, os cargos de Chief Information Officer e de Chief Technology Officer têm ganho destaque. Quem ocupa a função assume a responsabilidade pelas iniciativas e estratégia da empresa no domínio das tecnologias de informação e supervisiona os sistemas informáticos necessários para suportar os objetivos da organização. Tem igualmente a responsabilidade de fomentar a ligação entre a direção da empresa e a equipa de tecnológica, papel que exige também conhecimento nas áreas de estratégia, liderança e gestão, para além de uma elevada capacidade de trabalho em equipa. Este profissional deve ter também a capacidade de acompanhar tendências, para poder assegurar que a sua organização está o mais atualizada possível.
3. Head of Cybersecurity: 60.000 – 80.000€/ano
A crescente onda de ataques informáticos em 2022 tende a continuar em 2023. “O crescente risco e probabilidade de ocorrência destes ataques vem justificar o aumento da procura por profissionais que sejam capazes de prevenir e resolver estas ameaças, bem como de orientar toda a organização em matéria de cibersegurança”, admite Pedro Amorim.
O Head of Cibersecurity é responsável pela supervisão da segurança cibernética global de uma organização. É da sua responsabilidade a definição, desenvolvimento, implementação, resposta a incidentes, estrutura de custos e compliance com a regulamentação.
4. OutSystems Developer: 56.000€ – 60.000€/Ano
A programação Low-Code tem vindo a ser cada vez mais utilizada pelas empresas e a procura de profissionais especialistas neste tipo de programação e, em particular, na plataforma da portuguesa OutSystems, tem também aumentado, a um nível superior ao da oferta disponível. Por causa disso, esta é uma das funções TI com uma remuneração e progressão de carreira mais competitivas do sector e é também uma das áreas onde mais tem surgido formação específica para a qualificação de profissionais.
5. Engenheiro de Automação: 55.000€/ano
A digitalização de processos nas empresas trouxe mais automação e mais procura de engenheiros de automação, para gerir e supervisionar os novos sistemas autónomos. Ao engenheiro de automação cabe projetar e gerir toda a maquinaria numa empresa, tirando partido da tecnologia para melhorar, aprimorar e automatizar processos de produção e integrando diferentes soluções de software e hardware. “Além do elevado leque de competências técnicas e conhecimento tecnológico que é necessário para este perfil, exige-se ainda uma licenciatura em engenharia ou um
curso técnico adequado à função, fatores que impulsionam o incremento salarial”, explica Pedro Amorim.
6. SAP Senior Consultant | 50.000€/ano
Os consultores SAP apoiam a implementação e utilização do software de gestão da SAP. Têm também responsabilidade na formação dos utilizadores do software, que nas empresas vão tirar partido da tecnologia, depois da implementação. Para exercer a função, é necessária, pelo menos, uma licenciatura numa área como informática, tecnologias da informação ou administração de empresas. O nível de conhecimento técnico e experiência exigidos também são elevados.
7. Cybersecurity Specialist: 45.000€ – 55.000€/ano
O especialista em cibersegurança é um perfil menos sénior do que aquele que se exige para o cargo de Head of Cibersecurity, mas para integrar a mesma equipa e reforçar os conhecimentos especializados, vigilância constante e atuação rápida, que se exigem para lidar com as crescentes e cada vez mais sérias ameaças à segurança das empresas. Oferta e procura não estão equilibradas, também nesta área e o valor dos salários reflete esse desequilíbrio.
8. Software Engineer: 45.000€/ano
“A digitalização das operações, que tem levado a um aumento na procura destes profissionais, não dá sinais de abrandar à medida que as empresas avançam na sua transição tecnológica”, reconhece Pedro Amorim. Os engenheiros de software têm um papel crítico nesta mudança, enquanto profissionais com um conhecimento aprofundado de programação, desenvolvimento de software e sistemas operativos informáticos, que aplicam os princípios de engenharia à criação de software.
9. Machine Learning Specialist: 35.000€ – 50.000€/ano
Estes profissionais são responsáveis por entender como e onde as técnicas de machine learning são melhor utilizadas para gerar valor comercial. “O desenvolvimento da tecnologia e os progressos em data science, abrem caminho a melhorias nos processos, produtos e serviços oferecidos pelas empresas e explicam a crescente procura destes profissionais por parte de empresas de sectores tão distintos como o setor financeiro e segurador, o retalho ou até mesmo a saúde”.
O vencimento da profissão deve-se à elevada procura, mas também ao elevado grau de especialização, às exigências de formação e à exigência de conhecimentos aprofundados em matemática, programação e data science.
10. Data Engineer: 35.000€ - 40.000€/ano
Nestas posições estão especialistas capazes de gerir e analisar a informação gerada pela empresa e pelo mercado, para produzir insights que permitam tomar decisões informadas e definir estratégias de negócio. Devem ter uma sólida experiência em ferramentas analíticas e de reporting, em bases de dados e competências em processamento analítico online (OLAP) e tecnologia data cube.
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