Quase metade do tráfego de internet (42%) é gerado por bots, programas de software automatizados que podem ser criados para vários fins. Uma pesquisa da Akamai concluiu que neste caso 65% são bots maliciosos, desenvolvidos para realizar ataques a sites, por exemplo, indica a edição mais recente do relatório Estado da Internet.

Os sites de comércio eletrónico são os mais visados por este tipo de programas que são muitas vezes usados para tentar extrair dados (raspagem), ou copiar conteúdos de uma loja verdadeira para criar uma versão falsa e desenvolver campanhas de phishing.

Recorde-se que dados apurados pela Kaspersky, relativamente ao ano passado, confirmavam que o phishing continua a ser um dos maiores problemas da segurança online. Em 2023 estes eventos aumentaram 40%, com os sistemas da empresa de cibersegurança a registarem mais de 709 milhões de tentativas de acesso a ligações de phishing.

Voltando ao relatório da Akamai, identifica-se um conjunto mais alargado de outros casos onde o recurso a bots é cada vez mais frequente. Juntam-se à lista, a utilização para criação de contas fraudulentas em lojas e outros negócios online; ataques direcionados; ou para promover a degradação do desempenho de um site por excesso de acessos. A Akamai cita um estudo recente para sublinhar que a utilização deste tipo de recursos para facilitar abusos na abertura de novas contas pode representar já até 50% das perdas por fraude.

Mesmo os bots não maliciosos podem ter um impacto negativo nos sites aos quais se dirigem, já que aumentam o tráfego que estas plataformas têm de gerir e os custos associados a isso, alerta a Akamai que recomenda às empresas a tomada de medidas para controlar a capacidade de ação destes programas.

O treino de modelos de inteligência artificial generativa trouxe também uma nova dimensão a um problema que já tinha uma escala relevante e que não tem travão legal. Quer os bots sejam criados para fins legítimos ou para fins ilegítimos, na sua essência não são um recurso ilegal.

As empresas que usam tecnologias de IA recorrem a bots para recolher dados da internet, que vão servir para treinar ou atualizar os seus modelos, e não só. Como explica a Akamai, os botnets de IA têm a capacidade de descobrir e extrair dados não estruturados e conteúdos que se encontram num formato ou localização menos consistentes.