Os dados internacionais do Grupo Lenovo acabam de ser anunciados e Alberto Ruano, diretor geral da Lenovo para Espanha e Portugal fez também o contexto para o mercado ibérico. "São resultados incríveis e uma boa razão para estarmos a celebrar", afirmou numa conferência de imprensa para jornalistas, explicando que "não estou orgulhoso de crescer com a pandemia, mas sim com a capacidade que tivemos de reagir ajudando as empresas e as pessoas a terem acesso aos equipamentos".
Este foi o segundo trimestre consecutivo em que a Lenovo teve resultados recorde, com forte crescimento das várias áreas de negócio. Na área de PCs e smart devices (PCSD) as receitas atingiram os 14 mil milhões de dólares, num crescimento de 27%, impulsionada pelo crescimento da procura em várias geografias, especialmente na América do Norte e na EMEA. Na Europa foi a primeira vez que a Lenovo chegou a número 1 nas vendas de computadores.
Mas os bons resultados também se registaram no negócio de mobilidade, o Mobile Business Group (MBG), que teve um crescimento da receita de dois dígitos em relação ao ano anterior, recuperando dados positivos e conseguindo a maior rentabilidade desde que o negócio da Motorola foi comprado em 2014. O portfólio de equipamentos 5G foi apontado como um dos responsáveis pelo bom desempenho da marca.
Nas áreas empresariais, o Data Center Group teve também um novo recorde, com 1,63 milhões de dólares, e a maior rentabilidade em três anos na área de empresas e PME. Acresce ainda a área de Software e Serviços, que cresceu quase 36% e já representa mais de 8% da receita total do grupo.
Situação excecional no sector
Alberto Ruano admite que no último ano se viveu uma situação excecional de crescimento no sector das PCs, ligada à pandemia da COVID-19 que fez crescer a procura de equipamentos. Confrontados com a necessidade de telestrabalho e escola à distância, mas também com o facto de passarem mais tempo online durante o confinamento, concentrando nestas plataformas as compras, o lazer e muitas outras atividades, os consumidores multiplicaram o número de equipamentos que usam.
"A média é de 5 equipamentos por pessoa", afirmou na conferência, acrescentando ainda que a tendência é para os consumidores apostarem mais em equipamentos premium, valorizando os dispositivos que usam com mais frequência e durante mais tempo.
O crescimento da procura teve porém um lado negativo e levou a problemas de rutura de stock e atrasos na entrega. Em resposta ao SAPO TEK, o diretor geral da Lenovo defende que as dificuldades afetaram toda a indústria, e explica que foi mais causada pela falta de componentes, especificamente os ecrãs, e não a falta de capacidade de produção da Lenovo.
"Fabricamos 70% dos equipamentos que vendemos", explica, mas houve falta de componentes que são produzidos por outros parceiros.
Este foi um problema que afetou o desempenho da marca em Portugal. "Em 2020 liderámos durante vários meses, mas devido às [dificuldades nas ] entregas as vendas caíram" , afirmou, referindo que a marca é agora número 2 em consumo, embora a curta distância do líder, e também está em segundo lugar no segmento empresarial.
Sem querer detalhar números, Alberto Ruano confirmou também que a Lenovo está a trabalhar com o Governo português no programa Escola Digital, que pretende fornecer computadores portáteis aos alunos do secundário e do ensino básico, e que comparou ao programa E-Escola e E-Escolinha. O diretor geral da Lenovo Ibéria adiantou ainda que a Lenovo ganhou um concurso de fornecimento de computadores para este programa no último mês, mas não quis dar mais pormenores.
Para 2021 e 2022 as expectativas são também positivas e Alberto Ruano acredita que o mercado vai continuar a crescer, mas de forma mais lenta, com a substituição de equipamentos nas empresas e no mercado da educação.
A Lenovo apresentou uma nova estrutura organizacional para o ano fiscal de 2021/22 e a partir de 1 de abril vai fazer a fusão das equipas de serviços e soluções e recursos de toda a empresa numa nova unidade de Solutions & Services Group. Desta forma a companhia fica estruturada em três grandes grupos de negócios alinhados à estratégia 3S de Smart IoT, Smart Infrastructure e Smart Verticals.
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