A Google volta a estar na mira dos reguladores europeus, desta vez por causa do treino dos modelos de linguagem de inteligência artificial da empresa. O regulador irlandês, país que acolhe a sede da Alphabet na União Europeia, anunciou esta quarta-feira que abriu um inquérito para perceber se o PaLM2 - Pathways Language Model 2 cumpre com as regras europeias de privacidade.
Em questão está a forma como a empresa usa dados pessoais de europeus - mesmo que sejam dados públicos - para treinar o seu modelo de linguagem de inteligência artificial generativa.
Segundo a informação disponibilizada pelas autoridades europeias, o inquérito visa analisar se o processamento de dados do PaLM2 poderá resultar num “elevado risco para os direitos e liberdades dos cidadãos” europeus.
A mesma questão já foi colocada a outras empresas. Há dias, o regulador irlandês informou que a X tinha assumido o compromisso de deixar de processar dados dos utilizadores europeus para treinar o assistente inteligente Grok, até conseguir fazê-lo de forma que respeite as regras europeias.
A decisão surgiu depois do regulador recorrer à justiça para impor a medida, sob o mesmo pretexto desta pôr em causa os direitos e garantias de privacidade dos cidadãos europeus. O DPC acusava a empresa ter usado dados de 60 milhões de europeus sem autorização. O processo foi retirado, na sequência do acordo.
A legislação europeia prevê que dados pessoais só possam ser usados mediante uma autorização prévia e explícita dos visados. A X estava a usar dados públicos dos utilizadores contidos nas mensagens que trocam na rede social.
A Meta também já deixou de usar o mesmo tipo de dados na Europa para treinar o seu modelo de linguagem mais recente.
O comunicado do DPC diz ainda que “este inquérito faz parte dos esforços mais amplos” e do “trabalho conjunto com os reguladores homólogos da UE/EEE (Espaço Económico Europeu), para regulamentar o tratamento dos dados pessoais” na região “no desenvolvimento de modelos e sistemas de IA”.
Esta não tem sido uma semana fácil para a Google. O Tribunal Europeu de Justiça confirmou esta terça-feira uma multa milionária à empresa por práticas anticorrenciais. O mesmo tipo de práticas dão o mote um julgamento nos Estados Unidos, que desde segunda-feira está a analisar a conduta da companhia no mercado de publicidade online.
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