A sala no rés-do-chão da sede da Bright Pixel (BRPX) esgotou para ouvir Adeo Ressi, fundador do The Founder Institute, uma das maiores aceleradoras do Vale do Silício, berço da inovação nos EUA, e Celso Martinho, CEO da BRPX, numa conversa informal sobre a importância do espírito empreendedor no mundo de hoje.
Para Ressi, Lisboa tem assistido a um movimento em crescendo nos últimos três anos, muito devido a grandes eventos como o Web Summit estarem a acontecer na capital portuguesa e por as infraestruturas certas estarem construídas. Mas, o empreendedor aponta a necessidade de Portugal ainda precisar de “alguma maturidade”.
“Se tomarmos Silicon Valley como sendo um 10, cidades como Berlim e Londres são um 8 e Lisboa, que há dois ou três anos era um 2, agora está ao nível de um 5”, avaliou Adeo Ressi. “A cidade cresceu muito mais rapidamente que outro sistema e pode, facilmente, em três ou cinco anos, alcançar Londres ou Berlim, mas, para isso, os investidores e as startups têm que perceber que o sucesso demora tempo”, avisou.
Para Adeo Ressi, Elon Musk e a SpaceX são um bom exemplo desta premissa. “Para muito gente, eventos como o lançamento bem sucedido do Falcon Heavy, o foguetão mais poderoso do mundo, parecem ter acontecido muito rapidamente porque começaram agora a ter visibilidade. Mas, estas ideias têm vindo a ser desenvolvidas desde 2001”, refere.
Durante o discurso de Adeo Ressi, Celso Martinho ia acenando a cabeça em jeito de concordância com o CEO do The Founder Institute, defendendo que, para além de não se poder esperar por resultados imediatos, as startups devem tentar construir os projetos e encontrar os clientes certos, de forma a mitigar riscos e ser bem sucedidos. Até porque, “falhar é o que as startups fazem melhor”, atira o líder da incubadora e laboratório de empresas do grupo Sonae.
E o que podem fazer as startups para contrariar o falhanço? Antes de mais, têm que acreditar num propósito. “As startups de sucesso são aquelas cujas equipas partilham as mesmas crenças e trabalham em conjunto para realizar uma visão”, disse o empreendedor norte-americano. “Quantas mais pessoas acreditarem, mais forte se torna uma startup”, rematou.
“Por exemplo, as criptomoedas têm agora o valor que têm porque alguém acredita que uma 'shitcoin' pode valer quase nove mil euros”, exemplificou o CEO da aceleradora de Silicon Valley. Celso Martinho, pelo contrário, mostrou-se um adepto fervoroso das novas tecnologias de armazenamento de dados super seguras, como o blockchain, sendo esta uma das grandes apostas da Bright Pixel para os próximos anos.
“Trabalho há mais de 20 anos em tecnologia e posso dizer, sem pudor, que assisti a momentos revolucionários neste sector umas duas vezes. Mas tenho toda a convicção que este é um terceiro momento e estou muito entusiasmado com isso”, partilhou o CEO da incubadora portuguesa. Mas, para isso, é preciso mais regulação e um sistema corporativo melhor.
Estes factores, aliados à chegada de pessoas mais experientes e com mais conhecimentos, podem fazer com que Lisboa, uma cidade que Adeo Ressi considera ser um mercado chave para o Founder Institute na Europa, “se torne um 10 no ecossistema tecnológico”.
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