Quase um quinto dos profissionais de TI em Portugal (18,6%) estão a trabalhar remotamente para empresas noutros países, um número que tem tendência a crescer. Oito em cada 10 inquiridos num estudo da Landing.jobs revela interesse em trabalhar para empresas que estão fora de Portugal. Este é um dado que casa com a preferência, quase unânime, destes profissionais (99%) pelo trabalho remoto. Estará também relacionado com o nível salarial praticado pelas empresas que operam em Portugal e pelas que contratam a partir de outros países. Quem trabalha para empresas fora de Portugal ganha cerca de 46,8% mais do que quem trabalha para empresas locais, revela o Global Tech Talent Trends 2022, patrocinado pela Volkswagen Digital Solutions.
As contas locais mostram que Lisboa é a região do país onde o salário médio anual de um profissional de TI é mais elevado, ronda os 49 mil euros. A nível nacional, a média é de 44.449 euros, sendo que os homens ganham, em média, 31,2% mais que as mulheres na tecnologia, um gap que aumentou 15% face ao ano passado.
Talvez por isso, metade dos recursos TI disponíveis em Portugal (55,4%) trabalham na área metropolitana de Lisboa, número que revela uma concentração ainda maior destes profissionais na capital, face à verificada no ano passado (40%). A representatividade feminina nas áreas TI aumentou de 12,5% para 18%.
A pesquisa da Landing.jobe revela ainda que, o salário primeiro e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional a seguir, ditam as opções de carreira dos profissionais de TI a trabalhar em Portugal. Os mais novos, até três anos de experiência, mudam mais de emprego, uma vez a cada 1,4 anos. Os profissionais com mais de nove anos de experiência, em média, mantêm-se no mesmo emprego quatro anos e o número vai aumentando, à medida que também aumenta a senioridade.
Mostra também que, para quem trabalha para empresas fora de Portugal, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é a principal razão para a opção (25,3%). Quase metade destes profissionais afirmam igualmente que preferem continuar a trabalhar a partir de Portugal. Os que se mostram disponíveis para sair do país para trabalhar elegem como principal razão, a oportunidade de conseguir melhor salário. Por regiões, a maioria dos empregos remotos em empresas fora do país envolve companhias europeias, com o Reino Unido, França e Alemanha à cabeça.
Em sentido inverso, Portugal está longe de conseguir compensar a perda de talento nacional para empresas no estrangeiro, com a atração de talento fora do país. Só 8,9% dos profissionais de TI a trabalhar em Portugal vieram de outros países, uma percentagem um pouco abaixo daquilo que se verifica na Europa e muito abaixo da realidade dos mercados mais competitivos nesta área, como os Estados Unidos. Na Europa a média de trabalhadores estrangeiros nas TI é de 12%, nos EUA de 38%.
O estudo indica ainda que a esmagadora maioria dos profissionais de tecnologia têm empregos a tempo inteiro e quase metade (48,2%) têm mais de nove anos de experiência. A maioria dos empregos do sector são proporcionados por consultoras e empresas de serviços, 27% segundo a edição deste ano do estudo, 17% na edição do ano passado.
A programação é uma das grandes áreas de emprego das TI (65,8% dos profissionais do sector trabalham em programação). Metade têm funções nas áreas de Full-stack, Back-end ou Front-end. Por linguagens de programação, SQL é aquela que ocupa maior número de profissionais (15,9%).
Neste estudo, a nível global, participaram 6.568 profissionais de tecnologia. A versão local do relatório considera 2.082 respostas, de residentes no país. A pesquisa foi realizada entre janeiro e março a utilizadores do Landing.Jobs e de outras plataformas para profissionais de TI.
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