Para muitos, as empresas Web3 estão na vanguarda do futuro do mundo digital. No entanto, no que toca à representatividade das mulheres nas suas equipas fundadoras e entre os investidores, estas empresas parecem ainda estar “presas” no passado, aponta um novo estudo da BCG X e People of Crypto Lab (POC Lab).

De acordo com os dados avançados, a subrepresentação verificada nas empresas da Web3 é ainda mais acentuada do que noutras organizações da área da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) e na indústria tecnológica em geral.

O estudo detalha que 13% das equipas fundadoras de empresas de Web3 incluem uma mulher. Por outro lado, apenas 3% são compostas exclusivamente por mulheres.

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Olhando para todos os colaboradores das melhores startups de Web3, a percentagem de mulheres é mais elevada, rondando os 27%. Porém, as colaboradoras encontram-se frequentemente em funções não técnicas, como as da área de Recursos Humanos e Marketing.

Existem também discrepâncias no financiamento deste tipo de empresas. Os dados permitem verificar que as equipas fundadoras compostas apenas por homens angariam, em média, quase quatro vezes mais do que as equipas apenas de mulheres: cerca de 30 milhões de dólares versus cerca de 8 milhões de dólares, respectivamente.

Os especialistas notam também que entre as empresas Web3 que angariaram mais de 100 milhões de dólares não há uma que seja composta exclusivamente por mulheres.

"Os números são alarmantes. Estamos perante uma crise tanto económica como de diversidade, e estamos a perder a oportunidade de apoiar e escalar negócios concebidos a pensar em clientes do sexo feminino”, defende Jessica Apotheker, Chief Marketing Officer da BCG e coautora do estudo, citada em comunicado.

Os ecossistemas da Web3 ainda estão numa fase embrionária e os especialistas acreditam que ainda há tempo para contornar as discrepâncias verificadas através de um conjunto de medidas.

"Apesar do atual ecossistema estar enviesado para o género masculino, estamos ainda numa fase muito inicial do desenvolvimento da Web 3, o que constitui uma oportunidade incrível para não se repetir erros passados e assegurar que as mulheres têm os recursos e o financiamento de que necessitam para liderar a nova economia digital", realça Simone Berry, cofundadora do People of Crypto Lab e coautora do estudo.

Os especialistas indicam que garantir uma monitorização contínua e exaustiva, através da elaboração de relatórios sobre a representatividade das mulheres e de outros elementos de diversidade, se afirma como uma das medidas necessárias para reverter a atual tendência.

Entre as medidas apontadas pelo estudo destacam-se ainda a aposta na colocação de mulheres em equipas de investimento, a criação de experiências Web3 que sejam inclusivas, a construção de um ecossistema de suporte e o desenvolvimento de parcerias com os reguladores.