Em novembro, a NOS anunciou que ia avançar com o 5G Standalone (5G SA), assinalando o segundo aniversário da nova geração do serviço em Portugal. Usando o Core da Nokia, a operadora pretende substituir os sites onde fornece o 5G standard para a nova versão. Esta nova evolução da rede apresenta diversas vantagens, nomeadamente ligações mais rápidas, menor latência e a capacidade de slicing.
O SAPO TEK esteve presente numa demonstração em tempo real do 5G SA na sede da NOS, onde foi explicado o conceito da evolução da rede de quinta geração. Luis Santo, head of radio da NOS, explicou ao SAPO TEK que os clientes finais, para usufruir desta tecnologia, necessitam de ter um smartphone ou outro equipamento compatível. Ou seja, os smartphones 5G disponíveis no mercado podem não ser compatíveis, sendo necessário verificar as suas especificações. No entanto, muitos equipamentos de 2022 para a frente podem estar preparados e atualizáveis via firmware.
E mesmo os cartões requerem a respetiva atualização. A NOS garante que todos os cartões SIM lançados a partir deste mês de janeiro de 2024 já são compatíveis, mas quem tem os mais antigos terá de os trocar ou atualizar, caso sejam eSIMs. O SAPO TEK aproveitou para perguntar sobre os planos desta nova versão 5G SA, se vai ser um serviço à parte, mas a NOS ainda não fechou os planos do mesmo. Da mesma forma que ainda não existe resposta se o período experimental vai continuar depois de janeiro de 2024.
Para compreender a tecnologia de 5G SA, Dorlinda Costa, responsável pela componente core da NOS, destacou que o 5G veio potenciar as comunicações na vida das pessoas, com a ligação massiva entre equipamentos, mas nos próximos anos ainda vai ser exponenciado. O 5G tem três pilares: velocidade muito elevada, baixa latência/resiliência, que é essencial para serviços críticos; e por fim, o aumento de ligações simultâneas, ideal para as Smart Cities.
A implementação do 5G significou, em termos de redes, uma nova forma de acesso, a rede capilar que está espalhada pelo país e tem comunicação direta com os smartphones. Depois há o Core 5G onde são processados os dados e outros serviços, onde está a gestão de perfil de internet. Por fim, há a rede de transporte SDN onde os operadores fornecem os seus serviços aos clientes. Esta rede de transporte tem vindo a ser otimizada para melhorar os acessos e servir ainda mais pessoas.
5G SA é uma rede mais “elástica” e pode ser “fatiada”
Este contexto serve para explicar o novo core da rede 5G SA, uma rede programável baseada em micro-serviços, com funções de raiz que embora sejam possíveis no 5G, permitem disponibilizar os serviços diretamente e de forma mais automática. Tem uma funcionalidade que é a componente de reservar partes da rede para serviços com características especificas (slicing), tais como garantir uma largura de banda a serviços críticos e oferecer uma melhor experiência onde é necessário, como concertos ao vivo e outros eventos.
A rede no futuro, para serviços que precisem de maior latência, a componente core vai aproximar-se das antenas Edge, para que os dados não tenham de percorrer distâncias tão longas. O 5G SA é uma evolução fundamental do 5G inicial, que vão ser indispensáveis à implementação e potenciação de novos uses cases na indústria, saúde, cidades e empresas. Tem uma latência ultrabaixa, mais velocidade, além de ser mais sustentável e elástica para a sua capacidade. Esta escala automaticamente mediante as suas necessidades e acaba por ser mais barata no uso por Gbps em relação ao 4G.
Se uma empresa precisar de uma maior velocidade para determinado momento, através de uma API pode pedir automaticamente essa expansão e usufruir das suas capacidades, mesmo fora do seu contrato de subscrição. Por exemplo, uma produção de vídeo no festival do NOS Alive, pode conseguir obter uma velocidade garantida, sem a necessidade de “roubar” a rede aos restantes milhares de festivaleiros. Ou pode-se criar uma rede própria para os colaboradores de uma empresa com características que necessite.
A NOS já tem no seu HUB 5G, a tecnologia 5G SA para teste desde julho de 2022, que serve para demonstrar case uses e tecnologias que os seus parceiros desenvolvam.
Na sessão de demonstração, a NOS realizou três testes do Standalone para explicar a razão desta tecnologia ser importante para pessoas e empresas: a sua latência ultrabaixa, maior velocidade e a capacidade de slicing. Para a demonstração Luis Santo utilizou um router 5G SA da Nokia (que ainda não existem planos de comercialização) e dois smartphones compatíveis com 5G SA.
O Mobile Gaming foi um exemplo dado de como a latência é testada. Um jogo com 20-40 ms é considerado ótimo, 40-60 de boa qualidade e mais de 100 ms é apenas aceitável. Em comparação, no 5G SA pretende-se obter uma latência na ordem dos 10 ms. Na realidade virtual, latências altas criam problemas de motion sickness e devem ter pelo menos 20 ms, mais uma vez o 5G SA oferece 10 ms. Ou seja, no geral, o 5G SA consegue uma redução percebida de latência em 50% em relação ao 4G.
O plano da NOS é fazer o rollout do 5G SA durante 2024 em todo o país. Onde a NOS tiver sites com 5G vão evoluir para 5G Standalone (a empresa já tem mais de 4.200 estações base e uma cobertura superior a 93% da população portuguesa). A nova evolução do 5G SA não acrescenta muito à velocidade de download, mas sim de upload. Os equipamentos têm de repartir a bateria para as antenas 4G e 5G, mas quando houver 5G SA disponível em todos os sites, os smartphones basicamente deixam de dividir esse sinal para aceder ao 4G, e com isso esperam-se poupança na bateria.
Na demonstração da velocidade, pretendeu-se obter um upload de 200 Mbps e download de 1000 Mbps. E isso acabou por ser praticamente confirmado num teste com a ferramenta Speedtest da Ookla, com o download a atingir os 950 Mbps e upload de 205 Mbps, realizado em tempo real.
O que é a tecnologia de Slicing?
Segundo Luis Santo, as redes foram criadas para serem “democráticas”, para distribuir cada Mbit da capacidade da rede pelos utilizadores. Mas isso não faz muito sentido quando se quer implementar serviços, como a condução autónoma ou realidade virtual. Isso quer dizer que um cliente que esteja a navegar na internet não vai precisar de ter 10 ms de latência. O que o slicing faz é otimizar a entrega da velocidade e latência perante as necessidades da utilização. No festival Alive, a NOS fez um slicing de uma rede específica para uma câmara que estava no meio de plateia com 5/10 Mbps. Este slice foi garantido, mesmo quando estava no meio de milhares de utilizadores a partilhar a rede.
Outro exemplo de slicing é quando um médico faz uma ecografia remotamente, a qualidade do vídeo tem de ser de muita qualidade e por isso garante-se a fatia de uma velocidade específica para essa necessidade. O slice também pode ser usado para blindar geograficamente uma rede privada, quando existem dados sensíveis que não podem sair do local. Nesse caso, faz-se um slicing interno.
A NOS tem cerca de 500 empresas a desenvolver projetos 5G a decorrer, em áreas como a saúde, logística, indústria (a Compal), Porto Leixões e smart cities. Mas o conceito de slicing é algo novo e ainda está a começar a ser divulgado e implementado nas empresas.
Por fim, Luis Santo explica que o 5G é mais sustentável, com menor consumo. Em comparação, um débito de 0,3 Gbps de 4G é de 0,855 kWh, mas com o 5G, 0,6 Gbps de dados gasta apenas 0,378 kWh. Há uma redução de 78% no consumo energético entre o 5G e 4G. A inteligência artificial também ajuda a operadora a gerir o tráfego, desligando partes da rede onde não é necessário. Por exemplo, de noite, esta desligar as redes para baixar o consumo nos locais onde não são necessárias.
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