As licenças que permitem a utilização do espectro do 5G já foram emitidas em 2021, depois de um longo e polémico processo de definição de regras e de um leilão que se arrastou por 9 meses e mais de 1.727 rondas. Seis operadoras ganharam licenças, com um encaixe de 566,8 milhões de euros para o Estado, 410 milhões dos quais pagos ainda nesse ano, mas mesmo a MEO, NOS e Vodafone, que já estavam no mercado, continuam sem rentabilizar o investimento com a cobrança de tarifários junto dos consumidores finais.
Os serviços 5G da NOS e da Vodafone foram lançados logo em dezembro de 2021, assim que tiveram acesso às licenças, enquanto a MEO esperou pelo início de janeiro de 2022, mas depois de fixarem os custos de utilização do 5G em vários tarifários, o período experimental foi sendo sucessivamente adiado. O último prazo definido era 30 de setembro de 2023, mas o SAPO TEK já confirmou que a MEO, NOS e a Vodafone decidiram prolongar as borlas até final de janeiro do próximo ano.
Ao contrário do que aconteceu com o lançamento do 4G, quando a rede foi disponibilizada antes de existirem smartphones que suportavam a tecnologia disponíveis no mercado, desta vez a mudança de geração de redes móveis parece ter tudo pronto: existem equipamentos disponíveis a preços acessíveis e com grande variedade, a cobertura do território continua a avançar.
Os últimos números da ANACOM, relativos ao primeiro semestre de 2023, indicam que 13,7% dos utilizadores de serviços móveis e 18,3% dos utilizadores de Internet móvel utilizaram a rede móvel 5G. Em números absolutos, contaram-se 1,9 milhões de utilizadores de Internet móvel através de 5G, numa penetração de 17,8 por 100 habitantes. O tráfego em redes 5G, que continuam a ter acesso sem custos adicionais, terá representado 8,7% do total de tráfego de dados móveis, numa média de 4,7 GB mensais por utilizador.
No primeiro trimestre deste ano a ANACOM indicava que a tecnologia já chegava a 98% dos concelhos e já foram atribuídos pelo menos dois prémios a Portugal pela cobertura e qualidade da rede.
"Em termos de dispersão territorial das estações de base 5G, por concelhos, a MEO é o operador que apresenta estações de base 5G num maior número de municípios, 293, seguindo-se a NOS com a presença em 267 municípios e a Vodafone em 241 municípios", refere a ANACOM.
Na Europa as coberturas estão também a avançar nos vários países, com testes de 5G Standalone e a utilização do espectro dos 26 GHz 5G ou mmWave 5G, com potencial para atingir velocidades 100 vezes mais elevadas do que no 4G. Os dados do Observatório do 5G apontam para cobertura de mais de 70% da população dos 27 Estados membros da UE com redes 5G.
Consumidores e empresas a aderir à tecnologia
Questionada pelo SAPO TEK, a NOS confirma que "vai prolongar o período de utilização gratuita da rede 5G para os seus clientes, até 31 de janeiro de 2024, na linha do seu compromisso de ampliar a utilização do 5G pelo maior número de pessoas em Portugal".
A operadora lembra ainda que "no segundo trimestre deste ano, e segundos dados da ANACOM, a NOS liderava claramente a cobertura de 5G em Portugal, contando com 3.725 estações base 5G – cerca de metade de todas as estações base 5G do País". Adianta ainda que "neste momento, já cobrimos mais de 90% da população portuguesa e somos também líderes em qualidade de rede, reconhecida por entidades independentes como a Ookla, Open Signal, ou a DECO".
A adesão dos clientes e das empresas está também com números positivos. "À data, mais de 80% dos nossos clientes com equipamentos 5G usam a tecnologia numa base recorrente e três em cada quatro smartphones vendidos pela NOS já são 5G", explica fonte da empresa.
"Temos, também, centenas de projetos 5G em curso, em empresas e instituições das mais diversas áreas, desde a saúde ou o retalho", adianta ainda a NOS em resposta ao SAPO TEK.
Rentabilização adiada por mais 4 meses
A extensão do período experimental até 31 de janeiro de 2024 faz com que as operadoras adiem na prática a rentabilização do investimento por mais 4 meses. Apesar de na Europa as operadoras terem investido, em média, menos 10% do que nas licenças de 4G, sendo dados da Analysys Mason, em Portugal as seis operadoras que ganharam licenças gastaram mais 225 milhões do que o valor que foi pago com as licenças de 4G em 2011.
Com as licenças de 5G o Estado encaixa 566,8 milhões de euros, mas em 2011 a TMN (agora MEO), Vodafone e Optimus (agora NOS) investiram 342 milhões de euros para ter acesso às licenças de 4ª geração móvel. No caso do 3G (IMT2000/UMTS), as licenças foram entregues pelo valor de 400 milhões de euros, sendo que cada um dos quatro concorrentes selecionados pagou 100 milhões de euros.
O concurso decorreu em 2000, indicando a Telecel (agora Vodafone), a TMN (agora MEO), a Optimus (agora NOS) e a Oniway (que entretanto faliu e cujo espectro foi distribuído pelos outros operadores) como vencedores. O serviço só seria lançado a 31 de dezembro de 2003.
Para as três operadoras que já estão no mercado móvel português, a disponibilização do serviço 5G é uma vantagem adicional para os clientes que já têm serviços de redes 4G, garantindo maior velocidade de transmissão de dados mas ainda não com todo o potencial do modo Standalone.
Falta ainda definir o que vai ser feito pelas outras três empresas com licenças, a Dense Air, NOWO e DIXAROBIL que ainda estão em fase de preparação das redes e da oferta.
No caso da Dense Air a operadora vai focar os seus serviços no mercado empresarial, enquanto a DIXAROBIL se está a preparar para avançar em Portugal. O caso da NOWO é ainda uma incerteza dado que a Vodafone Portugal avançou com a proposta de compra do negócio da operadora e que isso irá ter impacto nas frequências compradas.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada com a confirmação da MEO de que também vai prolongar a experiência gratuita. Última atualização 17h06
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