O tema do leilão 5G foi levantado durante a apresentação de uma nova loja da MEO no Porto, e Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, voltou a sublinhar as dúvidas que ainda subsistem depois de um “ultralongo e desarticulado leilão do 5G”, mas admite que o serviço só vai ser realidade em janeiro de 2022.
“O arranque do 5G não depende de nós mas do regulador”, voltou a afirmar, sublinhando que “estamos preparados, as equipas estão preparadas para no dia 1 [depois da atribuição das licenças] apresentarem as suas ofertas, que já começámos a comercializar. Temos clientes que já se pré-inscreveram”, afirmou.
Ainda ontem o presidente da Anacom, Cadete de Matos, deu uma entrevista à RTP onde garantia que o 5G vai avançar ainda em 2021.
Questionado pelo SAPO TEK se os serviços podem avançar ainda este ano, Alexandre Fonseca considera que “não me parece que seja economicamente viável este ano”.
“Se a Anacom atribuir os direitos de licença no dia 22 ou 23 de dezembro não passa pela cabeça de ninguém que a prioridade dos portugueses seja ir ativar os serviços”, afirmou, reforçando que “independentemente do processo administrativo poder estar concluído nos últimos dias de dezembro parece-me que o 5G vai ser uma realidade em janeiro de 2022”.
O compromisso é porém de lançar um serviço de âmbito nacional. “O nosso compromisso, e disse-o na Madeira, é que, no dia em que for possível lançarmos serviços, teremos 5G em todo o país, em todas as capitais de distrito, nenhuma ficará para trás, incluindo as regiões autónomas […] vamos ter um 5G nacional porque somos o único operador verdadeiramente nacional”, destacou à margem do evento no Porto.
Espectro não atribuído e compromisso de novos entrantes são “questões por responder”
Alexandre Fonseca já tinha questionado o destino do espectro que ficou por licitar no leilão do 5G, na faixa dos 700 MHz, dizendo que a Anacom ainda não clarificou o que vai fazer com esta faixa, se vai distribui-la ou deixá-la sem utilização. “Não sei qual é a ideia do regulador, e ele não explicou a ninguém, se iria dá-lo, leiloá-lo ou atribuí-lo de uma forma criativa”, sublinhou, em resposta ao SAPO TEK.
Ainda em relação ao leilão, o presidente executivo da Altice Portugal volta a criticar a forma como foi promovida a entrada de novos operadores, a quem se “estendeu a passadeira vermelha”, Este foi um dos temas polémicos desde o início do processo, com a promoção da entrada de novos operadores que ainda não detêm rede móvel em Portugal, os chamados novos entrantes”.
“Estas empresas, a quem se estendeu a passadeira vermelha, tiveram o cuidado de fazer licitações em quantidade de espectro até ao limite em que não tinham qualquer obrigação de investimento em Portugal”, alerta Alexandre Fonseca, sublinhando que “aqueles que foram levados ao colo pelo regulador no processo de leilão tiveram o cuidado de não assumir nenhum compromisso com Portugal”.
“Queria perceber o que o regulador tem a dizer sobre os novos entrantes não terem assumido esses compromissos de cobertura”, questiona ainda o presidente executivo da Altice Portugal.
70% do portfólio da MEO já é 5G
João Epifânio, chief sales officer B2C da Altice Portugal, explicou em resposta ao SAPO TEK que a MEO tem 300 mil clientes já capacitados com equipamentos 5G e que uma parte já subscreveu previamente o tarifário 5G que a empresa anunciou em janeiro de 2021, com o lançamento do S21 da Samsung.
“Quando lançamos o 3G e o 4G os operadores tiveram de se digladiar para ter equipamentos para vender, porque fomos dos primeiros três operadores na Europa a disponibilizar os serviços”, recordou.
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