Um grupo de trabalho das Nações Unidades produziu um estudo do impacto da internet de banda larga no desenvolvimento sustentável dos países mais vulneráveis. O documento refere que ainda existem grandes desafios para integrar as regiões na sociedade de informação, mas que é possível ultrapassá-los e há grandes progressos a decorrer. O relatório centrou-se em quatro países: Camboja, Ruanda, Senegal e Vanuatu, que serviram de estudo e medidores do que se pode fazer para superar os desafios.
O relatório começa por divulgar números gerais de 2015, quando a penetração de banda larga fixa de qualidade representava menos de 1% das subscrições e nos smartphones menos de 20%. Em comparação com países desenvolvidos, a taxa de penetração é de 30% e 90%, respetivamente. As comunidades remotas e rurais ainda tinham menos acesso à internet.
O preço elevado da banda larga é apontado ainda como o principal obstáculo ao crescimento, sendo necessário um investimento nas infraestruturas e manutenção das redes. A introdução de políticas nacionais para promover a banda larga pode atrair investimento, mas as mudanças devem ser suportadas por esforços em expandir os recursos e as capacidades necessárias para isso, incluindo o acesso a energia, literacia e aptidões técnicas.
A implementação de banda larga nos quatro países mostrou progressos consideráveis, havendo uma expansão da infraestrutura que a tornou mais acessível. No Ruanda está a ser construída uma rede wireless LTE 4G com uma cobertura de 95% da população prevista para este ano e na iniciativa do Vanuatu a cobertura é de cerca de 98%. No Senegal estão a ser feitas parcerias entre o Estado e entidades privadas para levar a banda larga a todos. E o Camboja oferece agora alguns dos preços mais baixos do mundo de acesso à internet móvel, o que permitiu ao país tornar-se um dos mercados mais competitivos, atraindo 100% de investimento estrangeiro.
O relatório revela que a introdução de mensagens escritas nos setores da saúde (que servem por exemplo para lembrar as dietas aos diabéticos), finanças e agricultura (que introduziu novas formas de comparação de preços dos produtos agrícolas) ajudou a melhorar a vida da população.
Os quatro países demonstraram claros sinais de progresso e de trabalho, mas ainda não atingiram o seu potencial devido à falta de conteúdos locais relevantes e de aplicações, para além dos habituais desafios ligados à baixa literacia digital e o preço elevado dos smartphones, que devem ter prioridade na estratégia de expandir a internet. Ainda assim, os operadores móveis dos países em questão estão entre os principais contribuintes em impostos, gerando ainda muitos postos de trabalho.
De notar que foram utilizados satélites para fazer chegar as ligações aos meios rurais e remotos que ainda não estão conectados, permitindo ainda suportar a estrutura móvel. A expansão da internet nos quatro países permitiu fazer a ligação online entre as instituições governamentais, assim como digitalizar o back office dos processos administrativos. Em algumas situações existem trocas de imagens médicas na área da medicina, e o envio de drones com vacinas e amostras de sangue para áreas de acesso difícil. Também a educação ganhou novos suportes de ensino através de multimédia, com diversas aplicações desenvolvidas por instituições. No Vanuatu estão a ser utilizados drones e sistemas de vigilância para monitorizar desastres.
Nesse sentido, o estudo destaca algumas lições a retirar dos quatro casos que devem ser aplicados aos países menos favorecidos para acelerar o impacto da internet de banda larga. O treino digital e a chamada de atenção para a tecnologia necessitam ser expandidos pelo governo e população. Por outro lado, os governos precisam de regular a legislação que serve de base à economia digital, para o desenvolvimento dos serviços online. O diálogo e coordenação entre o governo, setor privado, instituições educacionais e parceiros de desenvolvimento devem ser conseguidos.
Por fim, o estudo refere que devem ser criados melhores sistemas para monitorizar e avaliar o impacto da internet de banda larga. O grupo de trabalho chegou à conclusão de que os quatro países têm debilidades na capacidade de recolher, compilar e estudar as estatísticas sobre a evolução da economia digital, o que torna difícil construir estratégias de adaptação às mudanças das condições dos mercados.
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