Continuam os testes de preparação para a chegada do 5G, e desta vez a Vodafone, em parceria com a Altran Portugal e a Cruz Vermelha Portuguesa realizaram uma demonstração aplicada à área da saúde. O objetivo foi mostrar como o 5G pode ser utilizado para auxiliar as equipas médicas em situações de emergência. Para tal, realizou-se em Cascais, no centro empresarial DNA Cascais, um teste com uma ambulância em situação de emergência. Mas antes, um pequeno enquadramento.

Com o nome Big Impact, o evento pretendeu impactar as áreas onde pode aumentar a qualidade de vida das pessoas. O ambiente, a saúde e a cidadania fazem parte das atenções atuais da sociedade. “A alteração de mentalidades vai demorar muito tempo, e a inovação pode servir para talhar caminho”, destaca Marcos Espinheira, diretor de futuro da Câmara Municipal de Cascais, durante a apresentação.

Paulo dias, fundador da imatch, parceiro tecnológico do evento, refere que a sua missão é mudar a vida das pessoas, de forma positiva através da tecnologia. Tendo começado em 2013, até aqui o evento Big Impact tem-se concentrado nas smart cities, com mais de 150 mil euros de prémios e cinco milhões de investimento, em mais de 1.200 aplicações introduzidas. Em 2019, a imatch aliou-se à Vodafone como parceiro 5G, para trabalhar no sector da inclusão, "para dar mais aos mais necessitados". O município de Cascais pretende renovar o seu ecossistema através de uma economia circular e juntou-se à iniciativa.

A empresa lançou o concurso Hackathon, com pitchs de cinco minutos para projetos ligados a 5G, seguindo-se o período de nove meses para a criação de um piloto para mostrar e apresentação no “demo day”. Pedro Santos, head da Vodafone 5G Hub e Frederico Torres, da Altran, fizeram a introdução para o hackthon, que iria durar nas próximas 48 horas. Todas as aplicações que envolvam o 5G e sejam realmente impactantes podem ser depois incubados no HUB da Vodafone, para que no "dia D" do lançamento em Portugal, estes possam ser uma realidade.

“Salvar vidas” com a ajuda do 5G

O 5G HUB será uma espécie de incubadora criada até ao lançamento efetivo do 5G, e reúne todas as áreas tecnológicas que venham a utilizar a próxima geração da rede. Neste caso, a saúde é o tema de hoje, simulando como a tecnologia pode vir a ser utilizada numa situação de emergência de uma vítima de um AVC.

Na prática, uma ambulância esperava por um pedido de assistência de uma pessoa que se sentiu mal. Para simular, estava um médico da cruz vermelha na coordenação ligado a um computador, tendo recebido a chamada de urgência via videochamada. Já os socorristas, equipados com um sistema de óculos de realidade aumentada Holo Lens, puderam transmitir em tempo real as imagens do local, projetando ainda a interface holográfica com os procedimentos em tempo real.

No computador, remotamente, o médico consultou e enviou para os socorristas a ficha clínica da paciente, transmitindo o historial dos dados clínicos. Foi medido a pressão arterial, e sob instruções do médico remoto, a dupla de socorristas tomou medidas de diagonóstico e exercícios. Através dos óculos, o médico à distância podia ver, em tempo real, o rosto da paciente e tudo o que os socorristas estavam a fazer.

Depois de dar instruções de transporte do paciente para a ambulância, o médico fez a ponte para a marcação de serviço de neurologia, cortando tempo aos socorristas. Os dados e instruções continuaram a ser transmitidos entre as equipas, seguindo-se a utilização dos instrumentos já no interior da ambulância. O médico tinha acesso direto aos sinais vitais do paciente.

Frederico Torres explica assim como o 5G pode facilitar a comunicação entre os médicos e socorristas, durante uma emergência médica, aquilo que chama de ambulância conectada. Por um lado tem dados de elevado débito, com diferentes feeds de vídeo, mas também os dados dos sensores de sinais vitais que avaliam o paciente em tempo real, e com latência “zero”. O Holo Lens permitiu não só transmitir o vídeo em 4K, como interagir via realidade aumentada com os sistemas ao seu redor, como por exemplo aceder ao historial médico da paciente. Com isto, pretende-se salvar mais vidas, ou pelo menos proceder com maior eficácia a assistência, num futuro muito próximo, destaca Frederico Torres.

Pedro Santos referiu em entrevista ao SAPO TEK que é importante mencionar que o 5G é uma tecnologia que vai ser introduzida por fases e que “não se pode pensar que o 5G é carregar num botão e a tecnologia está pronta a utilizar”. Numa primeira fase, os clientes que vão beneficiar da tecnologia no seu lançamento terão acesso à sua velocidade, avança Pedro Santos, antecipando-se o consumo de vídeos mais complexos, realidade virtual e gaming, que no fundo são uma extensão daquilo que o 4G já oferece. Mas numa segunda, serão então introduzidas as características que vão fazer a diferença, nomeadamente a baixa latência e a possibilidade de ligar diversos dispositivos. Mas a indústria, como mostrado hoje na área da saúde, vai ser claramente beneficiada, como por exemplo, a sua utilização em veículos autónomos.

Questionado sobre o atraso no calendário face a outros mercados europeus em que já foi lançada a tecnologia, se Portugal pode eventualmente beneficiar de um 5G mais oleado quando for lançado, Pedro Santos prefere olhar para a oportunidade perdida por não estar no grupo dos países pioneiros. “Já provámos que a tecnologia está pronta e os atrasos no calendário da mudança de espectro prejudicaram o lançamento. Portugal tem clientes que são early adopters da tecnologia, pessoas com conhecimento fantástico e perde uma oportunidade de mostrar que pode competir e atrair investimento”, destaca, referindo que muitos equipamentos poderiam ter começado a serem testados em Portugal, se tivesse no grupo pioneiro. Apesar de ter noção de ter perdido o comboio, admite que quando os seus clientes começarem a trabalhar com a tecnologia, esta estará mais madura. “Mas é sempre bom começar do início”, remata.

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