“A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, emitiram um despacho que determina a constituição de uma equipa de trabalho técnica e multissetorial com a missão de desenvolver, no prazo máximo de 90 dias, um estudo técnico-estratégico para a substituição urgente do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP)”, refere um comunicado conjunto daqueles dois ministérios.

O Governo sublinha que o SIRESP “mostrou limitações estruturais e operacionais em cenários de elevada exigência operacional”, sendo por isso necessário um novo sistema “mais robusto, fiável, resiliente e interoperável”.

A decisão “visa assegurar, com caráter de urgência, um sistema de comunicações robusto, fiável, resiliente, tecnologicamente adequado e plenamente interoperável, que responda eficazmente às exigências atuais e futuras das forças e serviços de segurança, emergência e proteção civil”, precisam os dois ministérios.

No comunicado conjunto, os ministérios da Administração Interna e das Infraestruturas e Habitação avançam que a decisão “é sustentada pela relevância estratégica das comunicações de emergência e proteção civil para a segurança e resiliência do Estado”, tendo o SIRESP evidenciado “limitações estruturais e operacionais” em cenários “de elevada complexidade e exigência operacional, que se constataram, entre outras situações, no passado dia 28 de abril, durante o apagão”.

Segundo o Governo, a decisão surge em paralelo ao anúncio de três auditorias pedidas aos reguladores das áreas das comunicações, navegação aérea e transportes e mobilidade sobre as operações decorridas durante o apagão.

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Os dois ministérios indicam ainda que o coordenador da equipa de trabalho será designado por despacho conjunto das áreas governativas da Administração Interna e das Infraestruturas e Habitação.

A equipa incluirá representantes da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), do Estado-Maior General dos Forças Armadas, dos gabinetes do ministérios da Administração Interna e da Infraestruturas e Habitação, do Gabinete Nacional de Segurança, da GNR, da PSP, do INEM e da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna e ainda técnicos independentes que serão designados.

A rede SIRESP é a rede de comunicações exclusiva do Estado português para o comando, controlo e coordenação de comunicações em todas as situações de emergência e segurança, responde às necessidades dos mais de 40.000 utilizadores e suporta anualmente um número superior a 35 milhões de chamadas.

A empresa pública Siresp S.A., que comanda e coordena a rede de comunicações de emergência e segurança do Estado, está sem liderança há mais de um ano, depois de Paulo Viegas Nunes ter deixado a presidência no final de março de 2024.

Ainda esta semana, a ministra da Administração Interna reconheceu problemas no SIRESP durante o apagão de segunda-feira e garantiu que vai ser efetuada uma avaliação muito rigorosa.

“O SIRESP teve algumas falhas e o Governo tem trabalhado no sentido de reestruturar o sistema”, disse Margarida Blasco aos jornalistas, na Figueira da Foz, no final da cerimónia do 147.º aniversário do Comando Distrital da PSP de Coimbra.

A ministra detalhou que o Governo estava a “fazer uma análise relativamente à situação do sistema, no sentido de o por a funcionar de uma vez por todas”.

Confrontada pelos jornalistas sobre críticas à comunicação governamental sobre a situação na segunda-feira, Margarida Blasco salientou que a preocupação “foi coordenar e resolver emergências”.

“Efetivamente, a nossa preocupação foi coordenar, resolver todas as situações de emergência, como o [funcionamento] dos hospitais. Tudo isso foi feito e bem feito pela Proteção Civil, em coordenação com todas as forças e serviços de segurança”, sublinhou.

A ministra da Administração Interna frisou que os serviços e o sistema de segurança interna ativaram as suas células de crise para coordenar e priorizar a resposta operacional.

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Para a governante, tratou-se de “uma situação nova, inédita, inopinada, que, como disse o primeiro-ministro, vai merecer uma comissão independente para avaliar todo o sistema e aquilo que é necessário para o tornar mais resiliente e mais forte”. Margarida Blasco adiantou que vai ser analisada toda a área da Proteção Civil, da saúde e das infraestruturas críticas.

Anteriormente, em entrevista à CNN Portugal, António Leitão Amaro, ministro da Presidência, admitiu que o SIRESP foi um dos problemas registados. “O SIRESP é um deles. O SIRESP já precisava de uma análise e precisa de uma avaliação, porque foi um dos sistemas que não funcionou como devia”, afirmou.

Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação (Última atualização: 18h22)