Era suposto as operadoras americanas AT&T e Verizon lançarem os seus serviços 5G nos aeroportos dos Estados Unidos durante esta quarta-feira, dia 19, mas foi novamente adiado. Em vésperas da introdução dos serviços, os dirigentes de 10 companhias aéreas dos EUA manifestaram a sua preocupação, às autoridades federais, sobre o potencial “caos” que pode resultar da presença da tecnologia de internet móvel ultrarrápida 5G junto dos aeroportos, tendo pedido mesmo a intervenção do presidente Joe Biden.
As companhias aéreas pediram uma intervenção imediata, com receio que fossem causadas perturbações nas operações com os passageiros nos respetivos voos. As operadoras acabaram por ceder e adiaram novamente as operações 5G previstas. Os reguladores da aviação (FAA) e das telecomunicações (FCC) pediram que fosse lançado o 5G, com exceção de torres que ficassem demasiado perto das pistas dos aeroportos. Já nos aeroportos a intenção é que se consiga determinar soluções que atenuem os efeitos de interferências com os instrumentos dos aviões.
Apesar do cancelamento, a decisão em cima da hora causou transtornos em alguns aeroportos e companhias aéreas. A Emirates parece ter sido uma das mais afetadas, tendo cancelado voos para diversos destinos nos Estados Unidos para o dia de hoje, incluindo Boston, Chicago, Dallas, Houston, Miami, Seattle, São Francisco, Orlando e Newark, refere em comunicado.
A maioria dos voos cancelados utiliza o Boeing 777, modelo de avião que parece ser o mais afetado com as interferências do 5G. A tecnologia 5G usada nos Estados Unidos utiliza uma frequência de rádio apelidado de “Banda C”, referida como muito próxima das que são utilizadas nos instrumentos dos aviões. O principal é o altímetro, instrumento que mede as distâncias do avião e o solo, utilizado para aterrar em condições de visibilidade reduzida, como à noite ou em más condições meteorológicas.
A FAA mencionou os aviões aprovados para operar sem perigo, tais como o Boeing 737, 747, 757, 767, MD-10/-11 e Airbus A310, A319, A320, A321, A330 e modelos A350. A principal solução parece mesmo a instalação de novos altímetros aprovados pelo regulador, neste caso dois modelos que já estão a ser introduzidos em diversos aviões da Boeing e Airbus. Essas modificações permitem abrir as pistas de 48 dos 88 aeroportos identificados como mais afetados pela interferência do sinal 5G. O novo adiamento vai permitir encontrar as soluções para os restantes aeroportos.
Anteriormente, a FAA havia listado 50 aeroportos com zonas de exclusão, os quais foram anulados o sinal 5G em torno das respetivas áreas. Estas exclusões serão válidas por seis meses, para dar tempo de se encontrarem as soluções necessárias para evitar interferências.
Na Europa, este tipo de situação não se coloca, uma vez que as bandas de frequências do 5G são diferentes. Mas no caso dos aviões, oriundos de outras partes do mundo, podem ter interferências com as frequências dos aeroportos americanos. Daí os cancelamentos de voos como os da Emirates, sobretudo nos aviões que ainda não receberam luz verde.
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