A Huawei escolheu a França como o local para a construção da sua primeira fábrica de equipamentos para redes 4G e 5G na Europa. A fabricante chinesa avança que vai investir 200 milhões de euros na primeira fase de construção das instalações que permitirão a criação de 500 postos de trabalho.
A empresa indica, em comunicado à imprensa, que a nova fábrica em França produzirá tecnologia para clientes europeus. A Huawei afirma que a escolha da localização se relaciona com o facto de o país ter “infraestruturas com um elevado grau de maturidade e mão-de-obra altamente qualificada, além de um posicionamento geográfico importante”.
A França ainda não iniciou o processo de implementação de redes 5G. No entanto, espelhando em parte a decisão tomada pela Vodafone no Reino Unido, a francesa Orange deu a conhecer que tinha contratado a Nokia e a Ericsson para desenvolver a rede móvel de quinta geração no país.
A decisão anunciada por Liang Hua, Chairman da fabricante chinesa, numa conferência de imprensa em Paris, surge após várias empresas e países europeus manifestarem a sua posição em relação a empresas consideradas de "alto-risco", como a Huawei.
Por um lado, no final de janeiro, a Comissão Europeia lançou um conjunto de ferramentas para mitigar os perigos relacionados com a adoção do 5G pelos seus Estados-Membros. A “toolbox” anunciada por Margrethe Vestager, vice-presidente executiva da pasta Era Digital, não visa nenhum país ou empresa em específico, mas contém medidas cujo objetivo é respeitar “o mercado interno e os cidadãos contra os perigos cibernéticos relacionados ao 5G”.
Por outro lado, os Estados Unidos têm vindo a fazer pressão sob os seus aliados para não incluírem tecnologias de empresas como a Huawei nas infraestruturas de redes de quinta geração. Portugal, por exemplo, recebeu recentemente uma visita de Robert Strayer, responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano, o qual afirmou que este tipo de organizações "não deve participar na evolução do 5G em Portugal".
O vice-secretário de Estado adjunto elucidou que o problema não se centra tanto nas fabricantes, mas sim no facto de terem de obedecer ao Partido Comunista chinês, algo que põe em causa a segurança das infraestruturas. Um dos casos que está a preocupar o governo de Donald Trump é o do Reino Unido, o qual recentemente fechou um acordo limitado com a Huawei para a construção da sua rede 5G. O responsável indicou que se se reconhece que a tecnologia da fabricante não deve estar no núcleo da insfraestrutura, então esta “não deve estar em parte alguma”.
A visita de Robert Strayer surgiu após o Governo português ter revelado o plano estratégico para o 5G, com as metas de cobertura e o enquadramento em relação às obrigações dos operadores. O responsável afirmou ainda que está confiante que, a longo prazo, as operadoras de telecomunicações portuguesas implementarão “apenas tecnologia fiável” de fabricantes como a Nokia ou Ericsson.
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