A mudança para o 4G trouxe a internet na palma das mãos e o 5G vai permitir ligar tudo a todos, e o impacto que vai ter é enorme, como se defendeu no painel dedicado à nova geração de redes móveis na conferência Building the Future, que está a decorrer em Lisboa. As ideias de que já devíamos ter começado a implementar a rede, e que estamos atrasados, mas também que a transformação só se faz num trabalho conjunto entre os operadores e as empresas, foram dominantes no debate.
“O mundo está cada vez mais digital e convergente e as pessoas procuram experiências de comunicação e interação seamless”, lembrou Luis Alveirinho, CTO da Altice, que detalhou que o tráfego nas redes móveis cresce globalmente a um ritmo superior a 40%, e em Portugal provavelmente ao dobro deste ritmo. E isso serve para melhorar a qualidade de experiência e serviço à disposição dos utilizadores, o que tem sido mostrado em vários use cases, como a assistência médica num acidente na estrada.
Também João Nascimento, CTO da Vodafone, referiu os vários exemplos de casos de aplicação do 5G e as demonstrações já feitas pela empresa, no gaming, na condução autónoma, mas também o potencial da realidade aumentada e virtual no turismo, onde a empresa está a trabalhar especialmente em Itália.
Jorge Graça, administrador da NOS para a área de tecnologia, não tem dúvidas de que o desenvolvimento do 5G já devia ter começado e que as empresas já deviam estar a identificar os desafios e a pensarem com as operadoras como implementar os novos casos de implementação. E avisou que quem não estiver preparado vai perder relevância. “Todas as empresas vão ser empresas de tecnologia”, lembrou, e a exposição à concorrência internacional vai ser muito maior, não vão existir barreiras, e elimina-se “a proteção das arquiteturas monolíticas” atuais.
“A solução para o problema é pensarmos nesta discussão de forma organizada e estrutural para o país.[…] Se isto é efetivamente a rede neuronal sobre qual toda a indústria, serviços e setores vão assentar, então vamos criar condições para tal”, acrescentou.
A ligação entre os operadores e empresas é vista também como essencial por Luis Alveirinho, que defende ser “impossível pensar a economia digital sem pensar em parcerias e cooperação” com as empresas de outros setores. “Não vamos conseguir sobreviver sozinhos”, sublinhou.
Embora o tema não tivesse sido o mote da conversa, está subjacente o compasso de espera que os operadores estão a fazer enquanto aguardam as decisões da Anacom sobre o lançamento do leilão do espectro, que já tem datas marcadas
A Anacom deverá ter o projeto de regulamento do leilão para atribuir as licenças 5G este mês, sendo que em abril será a decisão e o início do procedimento do leilão. As licenças vão ser atribuídas em meados deste ano, seguindo o calendário definido, e aguarda-se a definição de algumas das obrigações atribuídas aos operadores, e o valor das licenças.
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