Continua a existir procura de soluções tradicionais, um aspeto que a Alidata não descura, oferecendo produtos diversificados e “cada vez mais inovadores”, para diferentes áreas, mas “é indispensável assumirmos uma atitude proativa e alinhar o roadmap com as tendências do mercado, antecipando assim as necessidades dos clientes”, refere Fernando Amaral.

A tecnologia móvel surge como uma das apostas mais fortes na estratégia da empresa, assim como a expansão no plano internacional, sublinhou o managing partner da Alidata numa entrevista ao TeK em que fez o balanço dos 32 anos de existência da empresa e apontou futuros caminhos. 

TeK: Estão a assinalar, em 2016, 32 anos de existência. A Alidata mudou muito neste tempo todo?

Fernando Amaral: A Alidata é uma das mais antigas softwarehouses portuguesas. Como qualquer empresa com 32 anos de existência, especialmente no mercado das TI, fomos ajustando o nosso percurso às circunstâncias do mercado, mantendo um fio condutor e assegurando uma estratégia concertada, que nos permitiu crescer constantemente e de forma sustentada. 

Quando surgiu, em 1984, quando as empresas em Portugal estavam a dar os primeiros passos na informática, começámos a comercializar equipamentos e componentes, e rapidamente percebemos que o nosso caminho passaria pelo desenvolvimento de softwares próprios, já que tínhamos os recursos humanos para tal e queríamos evoluir e ser uma empresa pioneira do sector da TI em Portugal. 

Ao rever os últimos 32 anos, torna-se claro que mudámos muito, num sentido ascendente e o balanço destas decisões estratégicas é muito positivo! Ao longo do tempo, fomos capazes de criar novas soluções, conquistar novos mercados e crescer sustentadamente. Estamos aptos a garantir a continuidade da nossa atuação no mercado com qualidade e rigor, e a escalabilidade dos nossos produtos, com releases e atualizações de versões, sempre com a possibilidade de evolução para soluções mais avançadas, de forma a acompanhar as exigências dos nossos clientes. 

TeK:  E o mercado português e as PMEs portuguesas?

Fernando Amaral: Em Portugal, o setor das TI tem registado transformações significativas ao nível da inovação, da engenharia de modelos e processos, assim como nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Neste setor, a competitividade é cada vez mais acelerada, desafiando as fronteiras do conhecimento e dos negócios. 

Ao longo dos anos, o software de gestão teve que se adaptar aos novos contextos. Nos últimos 5 anos, as tecnologias têm vindo a assumir um papel de relevo na estratégia das empresas, que operam num cenário de crescente desmobilização, globalização e conetividade. As tecnologias tornaram-se dinamizadoras do progresso e crescimento económico, estão no centro de todas as estratégias, quer das organizações, quer das pessoas. 

As PME portuguesas também estão cada vez mais exigentes, informados e sedentos de novas ferramentas e tecnologias para maior eficiência.

TeK:  Ao longo destas mais de três décadas, que momentos importantes destacariam na história da empresa?

Fernando Amaral: A evolução da Alidata teve muitos marcos importantes, fruto da nossa permanente vontade de crescer e de chegar mais longe.

Nos primeiros anos, em linha com o state of the art da época, criámos os softwares de contabilidade e gestão, que contemplam, entre outros, os módulos de stock, contas correntes, faturação.

No início dos anos 90 sentimos necessidade de fazer mais e acompanhar as tendências internacionais. Neste âmbito, surge o nosso ERP - Enterprise Resource Planning, ou sistema de gestão integrado, uma aplicação para a gestão financeira, imobilizado, gestão de recursos humanos, manutenção de equipamentos, controlo do processo produtivo. Daqui decorre a oportunidade para a Alidata criar uma ferramenta integrada de controlo de gestão aplicável a todos os setores. 

A década de 90 foi um período de grande crescimento quer a nível económico, de recursos e competências. As nossas soluções evoluíram muito, conquistámos grandes fábricas e empresas que alavancaram o nosso crescimento em diversos sectores, e desenhamos e desenvolvemos o nosso ERP em Windows.

Em 2003 recebemos o Certificado de Qualidade pela norma ISO 9001:2000. Esta distinção impulsionou a produtividade e inovação da Alidata, tornando-nos uma empresa mais organizada e consequentemente, mais competitiva. Foi também neste momento que demos os primeiros passos na nossa estratégia de internacionalização, acompanhando clientes que exploravam novos mercados, e que a nossa notoriedade começou a fazer a diferença.

Em 2008 alargámos a nossa presença no plano nacional, com a abertura do escritório em Lisboa. Três anos mais tarde, a Alidata estabeleceu uma aliança estratégica com a Sendys, sob uma perspetiva de ampliar o portefólio de produtos e serviços disponíveis, bem como partilhar e maximizar as competências de ambas as empresas.

Estes momentos que marcam a história da Alidata e fazem parte do nosso caminho de sucesso, só foram possíveis pelo compromisso de toda a equipa, pelo esforço contínuo, e principalmente pela vontade de fazer diferente, procurar constantemente novos caminhos e oportunidades.

TeK: Como correu o negócio em 2015 e o que antecipam para 2016?

Fernando Amaral: O balanço de 2015 é bastante positivo. No último ano a Alidata continuou a crescer, a par com o investimento global em Tecnologias de Informação e Comunicação nos mercados internacionais. Encerrámos 2015 com um volume de negócios de cerca de 2,35 milhões de euros, que reflete o crescimento de 4% por cento face ao ano anterior, medida que é também a nossa previsão de crescimento para este ano. 

Em 2016 o setor tecnológico vai continuar a crescer e a debater-se com a necessidade de desenvolver novas soluções, mais inovadoras e alinhadas com as necessidades imediatas das empresas e clientes. Este será certamente um dos mercados que irá registar um grande crescimento quer em 2016, quer nos próximos anos. Em virtude da adaptação a estas circunstâncias, a Alidata e a Sendys, criaram recentemente uma start up, a LABSEAL que se dedica ao desenvolvimento de soluções inovadoras, especialmente no domínio mobile.  

TeK: Como avaliam atualmente o potencial do mercado português?

Fernando Amaral: Portugal tem a mais-valia de estar muito próximo em termos linguísticos e culturais de alguns dos mercados que têm registado maior crescimento económico nos últimos anos, como Angola, Moçambique ou Brasil, por isso acredito que o nosso país tem um futuro brilhante, seja pelo investimento externo ou pelo esforço das empresas portuguesas nas exportações e internacionalização. 

TeK: Recentemente afirmavam que querem reforçar a percentagem de negócio realizada fora do território nacional, nomeadamente invertendo o rácio 40%/60% na comparação com o mercado doméstico. Neste momento marcam presença em que territórios? 

Fernando Amaral: Com 32 anos de experiência, a Alidata conta com projetos implementados em África, América Latina, Estados Unidos, Austrália, Emirados Árabes Unidos, China, entre outros países.   

A expansão no plano internacional é de facto, uma estratégia que vamos reforçar em 2016. A integração de mais duas empresas no Grupo pretendem precisamente diversificar a nossa oferta em termos de produtos e serviços, bem como impulsionar o nosso processo de internacionalização. Uma dessas empresas é a softwarehouse Masterstrategy, com foco em plataformas web e móveis, e um produto muito forte em modelo SaaS na cloud (modelo de aluguer) com mensalidades muito competitivas, e a agência de publicidade Marca Criativa.  

TeK:  E em que premissas assentam a vossa estratégia? Como avaliam a melhor estratégia para cada mercado?

Fernando Amaral: A estratégia da Alidata rege-se pelo princípio de proximidade ao cliente. Temos sempre isto em mente, o cliente e as suas necessidades e expectativas. Posicionamo-nos como um parceiro de negócio que apoia o crescimento e internacionalização das empresas, que as apoia na operacionalização da sua própria estratégia, com todas as adaptações e alterações que são necessárias face às constantes condições operativas e mutações do mercado.

Não obstante, este processo é sempre criteriosamente planeado, exigindo um levantamento minucioso de variáveis que nos permitam tomar uma decisão consciente e informada. 

TeK:  No Brasil, inicialmente, as coisas não correram bem como planeado, com a compra de uma empresa local. Hoje já estão “como querem”?

Fernando Amaral: Ainda não encontrámos a nossa grande oportunidade. A nossa atuação passa pela comercialização de soluções complementares ao ERP, como CRM, gestão documental, gestão de processos de negócio e fluxos, entre outras, soluções mais transversais e que não têm a componente “local” e legal que exige um grande esforço de recursos e competências de continuamente, indispensáveis para o cumprimento da complexa e diversificada legislação brasileira. 

Já desenvolvemos diversas interfaces e ligação das nossas soluções com softwares de gestão brasileiros, para clientes que valorizam as potencialidades das nossas soluções. 

As nossas melhores ferramentas de marketing têm sido o boca-a-boca e a nossa rede de contactos. Temos tido uma excelente aceitação, e para isso tem contribuído a nossa política de proximidade e o nosso serviço de excelência. Mas temos ainda muito para explorar, por isso vamos continuar. 

TeK: Há outros mercados que consideram que podem vir a ter mais importância para o “bolo” do vosso negócio?

Fernando Amaral: Sim, pensamos sempre um pouco à frente, mas nenhum que seja relevante revelar. Não temos concretamente planeada a entrada em nenhum mercado. Temos sim um plano de expansão em Angola e Moçambique, que passa pelo alargamento da nossa atuação para fora das capitais Luanda e Maputo, onde há muito potencial por explorar. Queremos apoiar as empresas e dotá-las de ferramentas eficientes para gerirem as suas operações comerciais, financeiras, logísticas, etc. 

TeK: No geral, é difícil vender software de gestão “português” no resto do mundo?
Fernando Amaral: Não, de todo. Nós, portugueses, temos esta caraterística única de sermos ‘cidadãos do mundo’. A facilidade com que nos adaptamos a outras realidades, culturas e formas de trabalhar, com respeito e engenho, ditou a nossa história e faz parte do nosso ADN.

A competência e talento dos recursos portugueses é reconhecida e valorizada em todo o mundo, o que funciona também como uma porta de entrada outros mercados.