Por Filipa Jesus (*)
Para os profissionais da área dos Recursos Humanos, é essencial procurar compreender o tipo de talento que vai trazer mais benefícios à organização que integra. No setor tecnológico, especialmente suscetível a mudanças profundas em curtos períodos de tempo, esta afirmação torna-se ainda mais relevante num momento em que tanto se fala da falta de talento especializado.
Ao refletir sobre as profissões tecnológicas do futuro, não pude deixar de pensar sobre os principais desafios sociais, económicos e políticos que a nossa sociedade atravessa, que incluem a regulamentação da Inteligência Artificial (IA), a necessidade de aperfeiçoar os serviços digitais e a cibersegurança. Para estes grandes desafios da atualidade, creio que os profissionais certos são capazes de os transformar em grandes oportunidades.
Nesse enquadramento, começaria por destacar os Especialistas de Cibersegurança, que são os profissionais com formação tecnológica, especializados no design, implementação e auditoria de estratégias de cibersegurança. Os governos, empresas e cidadãos, cada vez mais sensibilizados para os perigos reais que podem advir de ataques cibernéticos, reconhecem também a importância do ramo da cibersegurança. Para as empresas, por exemplo, o comprometimento dos seus planos de cibersegurança pode gerar prejuízos ao nível da cadeia de abastecimento, das receitas e da reputação. Face a esta realidade, os especialistas de cibersegurança continuarão a ser um perfil bastante procurado por empresas de todos os setores.
Face à utilização crescente de ferramentas de IA, parece-me pertinente referir o cargo de Responsável de Ética de Inteligência Artificial, ou AI Ethics Officer, um perfil profissional que surgiu primeiramente nos Estados Unidos e que agora começa a ganhar terreno no mercado europeu, incluindo em Portugal. Este profissional é responsável pela definição, implementação e supervisão das balizas éticas no que toca à utilização de ferramentas de IA, certificando-se que todos os processos seguem as diretrizes éticas estabelecidas pela própria organização ou legislação local.
Não poderia deixar também de mencionar um dos perfis profissionais mais procurados pelas tecnológicas: os Engenheiros de Software. Formados para desenvolver software e aplicações, estes engenheiros são essenciais à criação de soluções tecnológicas. Além das competências técnicas de programação, estes profissionais distinguem-se pela sua excepcional capacidade de gerir e liderar projetos específicos.
Os dados são um recurso cada vez mais valioso. Como tal, os Engenheiros de Dados e ou Analistas de Dados, responsáveis por tarefas que vão desde a recolha de dados até à implementação de modelos preditivos, úteis para a criação de cenários estratégicos para as empresas, vão continuar a ser bastante procurados.
Finalmente, acredito que nos próximos anos vamos assistir a um crescente interesse por duas áreas específicas: o machine learning e realidade virtual e aumentada. Os Especialistas em Machine Learning, considerado um subcampo da Inteligência Artificial, são responsáveis pelo desenvolvimento de algoritmos que, através da análise de uma base de dados e até da generalização de dados não vistos, passam por um processo de aprendizagem que lhes permite executar tarefas sem instruções explícitas. Por outro lado, o mercado da realidade virtual e aumentada está a ganhar maior relevância e o setor tecnológico tem vindo a refletir sobre o potencial destas tecnologias imersivas e interativas para áreas como o marketing, a formação e o entretenimento. Este caminho não pode ser traçado sem profissionais altamente especializados - os Especialistas em AR/VR, ou AR/VR Developers.
Noutro âmbito, mas não menos importante, o mercado tem vindo a valorizar cada vez mais as “competências verdes” associadas à descarbonização e à implementação de práticas de sustentabilidade ambiental. Acredito que os profissionais da área tecnológica acompanharão a transição energética e ecológica que tem levado várias empresas a repensarem o seu grau de responsabilidade ambiental. Neste sentido, as profissões tecnológicas do futuro não deverão ser indiferentes à necessidade de descarbonizar o desenvolvimento económico e também estes profissionais procurarão adaptar a sua prática. Atualmente, já temos vindo a assistir ao surgimento de práticas como o green coding, que procura limitar a quantidade de energia utilizada na prática da programação e desenvolvimento de software, por exemplo.
Por fim, na qualidade de profissional de RH termino sublinhando que as soft skills, como a adaptabilidade, o espírito crítico, a inteligência emocional e intercultural e a ética, são fatores decisivos quando avaliamos o perfil dos profissionais. Estas competências comportamentais serão cada vez mais relevantes à medida que estreitamos relações profissionais com ferramentas tecnológicas mais avançadas.
(*) Responsável de Recursos Humanos da OpenSoft
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