A Productized apresenta-se como uma associação com uma abordagem nova na criação, pensamento, design e gestão de produto, focada em atividades que aumentem a comunidade de entusiastas de Produto no mundo. 

Foi criada por profissionais de engenharia e design que já cofundaram outros projetos pioneiros em Portugal, como o TEDx, a Beta-I, StartupWeekend, SVc2Lx ou o Festival Explorers. 

O TeK falou com André Marquet sobre a conferência, as fragilidades e pontos fortes das empresas portuguesas nas áreas que estarão em debate e os planos da associação para o futuro.

 

TeK: Têm números que possam dar uma ideia mais concreta do número de startups / empreendedores que vencem e dos que não conseguem ultrapassar este desafio da transformação de uma ideia num produto? 

André Marquet: O rácio de sucesso das startups é hoje razoavelmente bem conhecido em termos internacionais existindo várias modelos. Há uma relação direta entre startups que têm produtos fantásticos e que não só funcionam como garantem uma experiência fluida aos utilizadores e o seu sucesso. São as chamadas startups unicórnio com avaliações de mercado superiores a um bilião de dólares. 

Em Portugal, temos duas realidades distintas. Por um lado, as empresas de consultoria em TI são caso paradigmático, estas empresas vivem eternamente a vender serviços pouco diferenciados. É precisamente para empresas como estas que a conferência pode ter maior impacto, na tomada de consciência para a necessidade de mudar de estratégia e “produtizar” algumas soluções que até agora eram vendidas como serviços.

Por outro lado, temos empresas que já têm um portefólio de produtos mas, que têm muita dificuldade em desenvolver os denominados “produtos de classe mundial”. As razões mais comuns para este facto são: uma user-experience mal conseguida; o modelo de negócio não é internacionalmente escalável; não tem uma cultura de design de produto, nem de criação de marca ou de business development. Curiosamente, o problema nas nossas empresas quase nunca é de ordem técnica ou da qualidade da engenharia.

No mundo em que vivemos, os consumidores são muito exigentes e têm acesso a toda a oferta mundial, pelo que se um produto não for comparável com o denominado melhor da sua classe, é pura e simplesmente renegado à mediocridade … A nível mundial existe cada vez menos espaço para maus produtos.

TeK: A Productized é uma associação nova. Nasce porquê e para quê?

André Marquet: A associação Productized foi criada por profissionais de engenharia e design, que já co-fundaram vários projetos pioneiros em Portugal, tais como TEDx, Beta-i, StartupWeekend, SVc2Lx e o Festival Explorers, e dirigiram vários programas de aceleração como o Beta-start e o Lisbon Challenge.

TeK: Na lista de atividades o que se segue?

André Marquet: Neste momento estamos a preparar o lançamento do primeiro acelerador de startups de produto / hardware startups em Portugal, cuja edição de teste irá decorrer de 12 a 19 de Dezembro, em parceria com a Startup Pirates, e cujas candidaturas estão abertas em www.lisbon.startuppirates.org - o grande acelerador virá em 2016 e será anunciado em breve mas, para já ainda não podemos revelar detalhes a não ser que atuará em áreas únicas a nível da Europa.

TeK: A conferência que vão organizar tem três agendas para outros três momentos no desenvolvimento de um produto. Estamos (como país) melhor numa/s que noutra/s?

André Marquet: Talvez estejamos mais fortes – como país - no Product Design (design de produto), isto é, no desenvolvimento de software e no design industrial. O país tem revelado muito boas capacidades nestas áreas. Além disso, Portugal tem uma boa base industrial, muito diversificada e artificiosa, embora com pouca capacidade de escala. A nível do IT, acreditamos que é necessário melhorar nas áreas de Product Thinking e Product Management mas, este é um debate extremamente atual.

TeK: Quais as vossas expectativas em relação ao evento?   

André Marquet: Queremos que os participantes deste evento funcionem como dinamizadores de uma atitude de “produtização” dentro das respetivas organizações, e entendemos a palavra como a capacidade de inovar transformando produtos bem-sucedidos, ofertas que até agora eram vendidas na forma de serviços feitos à medida para cada cliente. 

TeK: Esta é uma iniciativa que pode ter continuidade, seja em algum programa da associação ou transformando-se numa conferência anual? 

A nossa expectativa é essa. Para primeiro ano ficámos muito surpreendidos sobretudo com a adesão internacional, e estamos já a preparar a Productized 2016.

A Productized 2015 atraiu participantes de mais de 20 países entre os quais França, Holanda, Polónia, Alemanha, Dinamarca, Austrália, Reino unido, Letónia, Alemanha, Roménia, Lituânia, India, Finlândia, Israel, Bielorrússia, e EUA. Assim como empresas de topo como a SoundCloud, Groupon, EatMuch, Toggl, FinaBay, Sonae, entre as mais de 150 confirmadas. Estas organizações querem sobretudo perceber como desenhar melhores produtos e isso implica ligar áreas que até agora estavam separadas, como ligar o design thinking ao product management e ao product development.

Que números esperam em termos de visitantes?

O evento está limitada a 150 pessoas no dia 8 Out para os workshops. Para a conferência no dia 9 Outubro estão confirmados 350 profissionais de mais de 200 empresas, de 20 países diferentes. 

 

 Cristina A. Ferreira