Por Márcia Augusto (*)

A Web está em constante atualização e reeinventa-se de poucos em poucos meses. Aquilo que ela nos oferece hoje não será o mesmo que nos vai oferecer amanhã e ainda bem. Se a tecnologia só é útil quando acrescenta valor, ela deve adaptar-se ao acompanhar cada um de nós, quer para satisfazer as nossas necessidades, quer para inovar o que já conhecemos e criar experiências diferentes e fantásticas, que ainda não existem. É neste segundo termo que entra a WebAR.

Como assim, WebAR?

A Realidade Aumentada (AR) é a tecnologia capaz de sobrepôr conteúdo digital ao mundo real, ao inserir elementos virtuais no espaço físico, através de uma câmara.

WebAR é a experiência da Realidade Aumentada, tal como a conhecemos, exposta com origem num browser, sendo assim acessível a qualquer utilizador com um dispositivo com acesso a web. Esta tecnologia imersiva ainda está a dar os primeiros passos, não estando acessível a todos. Contudo, gigantes como a Google têm investido muito tempo e recursos na exploração desta nova ferramenta tecnológica para que, o mais brevemente possível, as experiências de Realidade Aumentada na Web estejam disponíveis a todos os utilizadores.

Esta nova ferramenta quer dar a qualquer utilizador da internet a possibilidade de viver uma experiência de AR através do acesso a qualquer website e da câmara do seu smartphone ou tablet. Aquilo que antes era ficção está cada vez mais perto de ser acessível a todos os utilizadores da internet, com inúmeras experiências possíveis, adequadas aos mais variados setores de mercado!

Como funciona mesmo?

Num breve enquadramento técnico: existem várias frameworks disponíveis para criar experiências de WebAR, sendo algumas gratuitas – AR.js, ARCore e AR Quick Look – e outras pagas que contam com a inclusão do serviço de hospedagem, como a awe.media e a Amazon Sumerian. Nenhuma destas frameworks compromete a performance da experiência desde que não haja um exagero na quantidade de polígonos utilizados. Com base neste bom senso, qualquer uma das frameworks acima garantem a criação de um modelo responsivo e capaz de baixar os níveis de potência de WebGL, o que facilita o trabalho de produção – produção esta que começa nos simples ajustes de luz e sombra, até ao minucioso protótipo 3D, à escala e forma real.

Alguns casos práticos da aplicação de Realidade Aumentada na Web:

  • Numa plataforma de e-learning, o utilizador pode ter experiências interativas com formatos de educação mais dinâmicos e realistas com hologramas e modelos 3D;
  • Em qualquer site de e-commerce, o utilizador do site pode simular a presença de qualquer objeto em tamanho real na sua casa e manipulá-lo em 3D, reduzindo o esforço de compra;
  • As campanhas e eventos de marketing e publicidade têm todo um novo approach possível –inovar e ativar lançamentos, promoções e tudo onde a criatividade permitir chegar.

Características ou vantagens? Na verdade, são as duas. Soletrando a WebAR:

  • App free – como as experiências de Realidade Aumentada estão diretamente alojadas no website, o utilizador não precisa de instalar nenhuma app nem gastar memória do dispositivo;
  • Experiências facilitadas e mais baratas – a vida descomplica quer para o utilizador (por ser app free) quer para os developers, visto que o suporte utilizado é um recurso já existente em qualquer empresa: o seu website.
  • Desempenho eficiente – Devido à framework na qual são desenvolvidas, as experiências estão preparadas para ter um desempenho rápido em qualquer dispositivo web ou mobile;
  • Tracking de comportamento e Insights – parece uma excelente tática de marketing porque o é mesmo. É possível recolher e analisar Insights sobre o comportamento do utilizador através do uso da câmara aquando da interação deste com as experiências de RA. Agora pense na quantidade de dados obtidos que terão utilidade para empresas de e-commerce, educação, marketing, consultoria, etc.

Web AR – mudança iminente da Web ou ainda há desvantagens a revelar?

Não lhes chamemos desvantagens, mas sim limitações.

Numa panorâmica geral, a WebAR não está disponível para todos os dispositivos nem em todos os browsers.

Em Android, as experiências de WebAR ainda só são suportadas em ARCore, a partir do Android 7 ou, pelos outros modelos, a partir da versão Canary do Chrome, que não é a escolha do utilizador comum. Em iOS, só a partir do modelo 12 há suporte nativo para WebAR, através do Quick Look (uma framework de pré-visualização de ficheiros, disponível apenas para iOS).

É importante ainda ressalvar que, como é uma tecnologia que dispensa o uso de marcadores, devido à fragmentação do Android, algumas frameworks não têm o desempenho desejado quando o marcador não é utilizado. Por outro lado, este problema não se reflete em iOS.

Any last words?

Embora ela não esteja aqui connosco, é já tempo de prever o espaço que a Realidade Aumentada, sozinha, vai perder para uma WebAR que - ainda - não é para todos. A WebAR é o resultado da fusão inevitável de duas ferramentas tecnológicas fortemente transformadoras do dia-a-dia de qualquer um de nós. Até agora, temos falado em Web e temos falado em AR. A partir de agora, começamos a ouvir falar de WebAR porque, dentro de pouco tempo, estaremos todos a utilizá-la de forma vulgar, no nosso dia-a-dia, como uma nova Web. Estamos a falar da extinção anunciada da Realidade Aumentada por si, para a sua vulgarização na Web, através de novas realidades como, por exemplo, a AR como motor de busca. Isto é a mudança iminente num futuro imensuravelmente próximo. Hoje, é uma ferramenta com um potencial de valor único, que promete muito e que é ainda um diamante em bruto.

(*) Content Marketing Manager da NextReality