Por Filipa Jesus (*)
De acordo com o Fórum Económico Mundial, até 2025, as máquinas vão substituir 80 milhões de empregos e cerca de 100 milhões de posições serão criadas na indústria das Tecnologias de Informação (TI), graças a um conjunto emergente de competências. A Revolução Industrial 4.0 está, assim, no horizonte, sendo que todos os aspetos dos negócios estão, atualmente, a passar por uma transformação tecnológica. Os profissionais precisam, por isso, de cultivar aptidões específicas para se manterem sintonizados com os requisitos e expectativas do setor, uma realidade que ficou particularmente evidente no pós-pandemia.
Num panorama profundamente influenciado pela lógica digital – de fragmentação e mudança em alta velocidade – faz sentido que a adaptabilidade se destaque como uma das capacidades críticas para ter sucesso. Se até há alguns anos as competências técnicas e algumas aptidões interpessoais eram consideradas suficientes para uma carreira promissora nas TI, hoje em dia os atributos comportamentais e emocionais são considerados diferenciadores e decisivos para quem recruta nas empresas.
Assumida como a capacidade de adaptação perante transformações e cenários novos, a adaptabilidade diz respeito tanto a modelos de trabalho (como o híbrido e o remoto), como à abertura a experiências novas (ferramentas, processos, soluções) e, até, à forma como se convive com a incerteza (com mais ou menos resistência e aceitação), razão pela qual já é analisada por um quociente próprio – o Quociente de Adaptabilidade.
Associada está a resiliência, a capacidade de persistir e superar desafios. Manter a motivação, garantir um foco continuado no tempo e encontrar soluções em ambientes adversos (como num pico de trabalho ou num projeto mais desafiante) é uma característica cada vez mais valorizada em contexto de trabalho. A boa notícia é que, não sendo um “super-poder”, desenvolve-se ao longo do percurso, sendo mais potenciada quando existe a oportunidade de ultrapassar limites, tantas vezes, autoimpostos.
Na tríade de competências decorrentes dos novos desafios impostos ao ramo das TI destaca-se ainda a flexibilidade, uma abordagem que pressupõe introduzir e aceitar mudanças que visem atender às necessidades individuais e da empresa. Seja na forma como o trabalho se processa, na abertura aos estilos e necessidades de cada um, ou ao equilíbrio entre as esferas pessoal e profissional, a flexibilidade permeia as organizações e deve funcionar bem para os dois lados.
John F. Kennedy declarou, um dia, que: “A mudança é a lei da vida. E aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente irão, com certeza, perder o futuro.” Para prosperarem num mercado altamente competitivo, as organizações compreenderam o potencial da tecnologia como parte integrante da sua infraestrutura. Mas com as mudanças rápidas em curso, impõe-se a procura de talento qualificado, que reconhece as necessidades do setor, que é transparente em relação ao que pretende do trabalho e assume o compromisso de cultivar competências relevantes de forma contínua.
No futuro, a tecnologia continuará a ganhar influência e os requisitos exigidos aos profissionais - nomeadamente das novas gerações -, também serão impactados por essa evolução. As competências de adaptabilidade, resiliência e flexibilidade estão, sem dúvida, entre as mais importantes para uma sustentabilidade de carreira ao longo do tempo e em domínios diversos.
(*) Responsável de Recrutamento da Opensoft
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