Por Paulo Renato Oliveira (*)

O mundo está em constante mudança e evolução. Como tal, ter ideias inovadoras é fundamental para não nos deixarmos ficar para trás, sobretudo, no mundo empresarial. Mas de que forma é que podemos testar isso?

Antes de mais, temos de perceber se a nossa ideia tem mercado e se suprime alguma necessidade. Se assim não for, é irrelevante desenvolvermos uma ideia para um produto que não tem mercado. Se houver público, já é meio caminho andado para o sucesso. Para isso, é necessário desenvolver um pretótipo para tentarmos perceber se o novo produto tem potencial, com o menor investimento possível de tempo e dinheiro. Ou seja, o objetivo é testar a ideia da maneira mais rápida e barata possível, criando versões simplificadas do produto que se quer desenvolver.

E qual a diferença entre “pretótipo” e “protótipo”? Enquanto um protótipo tem como objetivo uma implementação parcial e preliminar do sistema a ser desenvolvido, muitas vezes com a função de validação de tecnologia, um pretótipo pretende apenas perceber, com o mínimo esforço possível, se vale a pena até mesmo a elaboração de um protótipo - e o posterior desenvolvimento do produto. Ou seja, é uma validação da procura de mercado.

Através do pretotyping, conceito criado por um ex-trabalhador da Google  em 2010, é possível fazer uma validação rápida e económica, ajudando as equipas a determinar se uma ideia é viável e se responde a uma necessidade real do mercado. É uma abordagem que coloca a ação acima da análise, reconhecendo que é no mundo real que as verdadeiras lições são aprendidas e as ideias são refinadas.

Assim sendo, o pretotyping é essencial para ajudar as empresas a inovar mais rapidamente, sobretudo, por meio do Pretotyping Manifesto, que inclui sete mandamentos:

Inovadores são melhores do que ideias - As ideias são o início de tudo, mas de nada valem se não forem testadas no mundo real. Os inovadores são aqueles que colocam as suas ideias em prática e as vão melhorando, de acordo com com feedbacks reais;

Os pretótipos são melhores do que os protótipos - É melhor ter uma amostra simples que possa ser testada do que gastar recursos numa ideia que pode não resultar. Assim, é possível ter feedback rapidamente;

Fazer é melhor do que falar - “Por a mãos na massa” é que faz com que um produto ou serviço saia do papel. Construir coisas novas é mais importante do que falar conceitualmente sobre prós e contras;

A simplicidade é melhor do que extras - “Menos é mais”. Os produtos e serviços servem, muitas vezes, para acrescentar valor e providenciar soluções. Soluções simples, elegantes e focadas tendem a ser melhores do que soluções complexas;

O já é melhor do que o depois - As ideias também envelhecem. Claro que é preciso algum tempo para amadurecer, mas agir rapidamente é essencial, antes de que a ideia deixe de fazer sentido ou alguém tenha uma ideia parecida ou melhor;

Compromisso é melhor do que comités - É melhor ser alguém apaixonado e comprometido com uma ideia do que ter um comité de pessoas experientes, mas sem garra. O compromisso pessoal é um ingrediente crucial para o sucesso e as pessoas altamente comprometidas são capazes de muito;

Dados são melhores do que opiniões - Nem todas as opiniões são iguais. Há opiniões baseadas em experiências e conhecimento e outras, nem tanto. Mas dados reais são sempre melhores.

Num mundo onde a mudança é constante e a competição é constante, a capacidade de inovar de forma ágil e eficaz tornou-se uma vantagem competitiva crucial. Ao utilizarem o pretotyping, as empresas podem acelerar o processo de inovação, reduzir os riscos e criar produtos e serviços que realmente façam a diferença na vida dos seus clientes.

(*) CEO Global da Action Labs