Por Alexandre Nilo Fonseca *

O número de utilizadores de Internet quadruplicou desde o início do século XXI, existindo hoje em todo o Mundo mais de mil milhões de cidadãos a utilizar regularmente a Internet entre a escola, o trabalho ou casa. Destes utilizadores muitos são também os que já compram e vendem bens ou serviços regularmente pela Internet.

[caption]Alexandre Nilo Fonseca - ACEP[/caption]A penetração da Internet, mais especificamente da banda larga, é um factor crucial de sucesso para o comércio electrónico, na medida em que proporciona ao consumidor uma experiência de compra mais rápida e mais enriquecedora pois permite a utilização de formatos promocionais multimédia como, por exemplo, o vídeo ou as animações virtuais para apresentar produtos e serviços. Muitos dos novos serviços disponíveis na Internet não existiriam sem banda larga.

Em Portugal cerca de 40% dos agregados familiares dispõem de ligação à Internet, e destes mais de 75% efectua a sua ligação através de banda larga. Em Portugal cerca de 1 milhão de cidadãos já faz compras regularmente na Internet, o que corresponde a cerca de 10% da população. E estima-se que em 2011 sejam 2,5 milhões de portugueses a comprar regularmente pela Internet.

O consumidor actual quer aceder aos produtos e serviços quando e como entender, e as empresas têm que se adaptar para servir este novo consumidor, disponibilizando múltiplos canais de distribuição, físicos ou digitais.

É esta alteração de paradigma que tem que ser operada no comércio português e o mais rapidamente possível. A variedade, a comodidade e a poupança de tempo proporcionados pelo comércio electrónico são os factores mais valorizados pelo consumidor online.

O crescimento que se tem verificado no número de pessoas a aceder à internet (através do computador ou por dispositivos móveis), associado à crescente adesão à banda larga, são boas notícias para os comerciantes que apostam ou querem apostar numa presença online.

Ou seja, ainda que não tenham sido atingidas as ambiciosas projecções efectuadas durante o período da "bolha especulativa", é inquestionável a crescente adopção do comércio electrónico em todo o Mundo. E o seu potencial tem sido claramente demonstrado nos países onde as tecnologias de informação e conhecimento estão mais desenvolvidas.

Nos últimos anos muito se escreveu sobre este assunto, esgrimindo-se posições tão distintas e contraditórias, que vaguearam pelo cepticismo mais retrógrado daqueles que afirmaram que "vender pela Internet é uma moda passageira", à euforia mais ilusória daqueles que defenderam que "o comércio electrónico vai acabar com o comércio físico".

Esta dicotomia entre o mundo virtual e o mundo físico foi importante para que pudesse existir uma ruptura com o passado. Todas as grandes revoluções começaram com o extremar de posições.

Os "pioneiros" do final do século XX ajudaram a identificar as oportunidades, os factores críticos de sucesso, os erros a evitar, mas sobretudo vieram confirmar que a "nova economia" não irá ser construída apenas por empresas "virtuais", mas pelas empresas da "velha economia" que souberem tirar partido do extraordinário canal de comunicação e distribuição de bens e serviços que é a Internet.

* Presidente da ACEP, Associação do Comércio Electrónico em Portugal