Geo-localização: o Big Brother do Social Media Marketing?
Por António de Castro (*)

Se há informação preciosa para as marcas, Marketeers e profissionais da comunicação promocional, é o perfil sócio-cultural e económico de cada cidadão, potencial consumidor de bens e serviços; traçar um perfil de um grupo de consumidores é um dos primeiros passos eficazes para potenciar a eficácia e alcance da mensagem promocional.

O visionário e trágico mundo preconizado por George Orwell, na inspirada magnum opus "1984", publicado no distante ano de 1949, sempre me alimentou de forma marcante com questões de ordem ética, social e política, assentes na obliterante falta de privacidade do cidadão face ao poder tecnológico do estado
totalitário, controlador e censório.

[caption]Nome imagem[/caption]Ainda que se possa ver na obra de Orwell uma visão trágica e teatral do domínio da tecnologia observadora do Grande Irmão "Big Brother is Watching You", a realidade actual faz-nos ponderar seriamente sobre a recolha de dados e utilização dos mesmos para controlar os fluxos de informação e os perfis individuais dos cidadãos digitais.

Sendo esta uma realidade que de novidade nada tem, entramos numa nova era em que adicionamos ao perfil pessoal a possibilidade da geo-localização de conteúdos, actividades sociais, abrindo portas ao perfil geográfico, hábitos, rotinas presenciais e locais frequentados.

O Facebook, que anunciou recentemente a introdução de uma funcionalidade chamada "Facebook Places", de momento apenas disponível para os Estados Unidos, está a piscar literalmente o olho à informação que os utilizadores estão dispostos a dar, relativamente à localização das suas actividades, em troca do esquecimento voluntário da privacidade.

Inserido num contexto de crescente utilização de terminais móveis para acesso à Internet e redes sociais, o Facebook aproxima-se em termos de tendência do FourSquare, que tem dado que falar nas actividades e partilha do posicionamento geo-referenciado dos seus utilizadores.

O potencial de "vigia" e auscultação efectiva do percurso geográfico do consumidor será uma tendência e uma realidade a curto prazo. O Marketing, que até há bem pouco tempo não podia contar com a dimensão "localização em real time" para captar a atenção dos consumidores, tem novos desafios e fantásticas
oportunidades de relacionamento efectivo, interactivo e baseado num conceito revolucionário: a proximidade da marca, bem, produto ou serviço com o seu alvo relacional.

A compra, e escolha de produtos em detrimento de outros, será uma experiência mais rica para o consumidor e mais eficaz para a marca, guiando-se por critérios mais consensuais, mais relevantes e mais coincidentes com o perfil de cada um de nós. Ainda que o preço a pagar, voluntariamente, seja a ausência cada vez maior de privacidade e aumento da partilha diária de hábitos sociais para o mundo.

O Facebook, bem como o FourSquare, Gowalla e outros aplicativos que partilham e amplificam a nossa localização,
parecem estar a transformar inocentemente a nossa vida num "role playing game" com ganhos substanciais para as marcas e empresas mais ávidas pelos perfis psicológicos dos consumidores.

(*) Social Media Manager | Blogger
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