Interoperabilidade de Sistemas de Informação

Por Luís Arriaga (*)

[caption]Luis Arriaga[/caption] Após longos anos de uma cultura de "ilhas isoladas de informação" parece começar a ser aceite como inevitável e essencial a cultura dos sistemas de informação que colaboram. Na realidade a noção de sistema de informação passará a ser vista a vários níveis. Teremos os sistemas de informação das empresas ou instituições em si; estes sistemas constituirão a base de sistemas de informação mais latos, que os agregam, que poderão por sua vez participar noutros sistemas de informação ainda mais abrangentes ou que se dirigem a novos "objetivos de negócio" específicos.

É sobre este pano de fundo que a problemática (e as soluções) de interoperabilidade ganham um importância particular. As aproximações "monolíticas" do grande computador central, tentação dos anos 70 e 80 do século passado, não escalam, não se adaptam, são rapidamente ingovernáveis. O modelo que teremos de aceitar é o da federação de subsistemas, suportados por arquiteturas distribuídas.

Mas quando falamos de interoperabilidade convém ter presente que de facto se pretende ir muito mais além de "uma linguagem comum" entre sistemas ou das "interfaces que batem certo". Sendo essencial poder ligar sistemas, garantindo que eles se entendem e usam formatos normalizados e compatíveis, temos também de garantir que construímos conjuntos úteis e com nexo. E, dando mais um passo, passamos para o nível da orquestração entre os sistemas que colaboram, para obtermos processos/workflows que atravessam vários organismos e permitem apresentar-se com integrados e transparentes ao utilizador. É este o grande desafio que a interoperabilidade e integração têm pela frente.

O seminário que a Universidade de Évora e a Microsoft vão levar a cabo no próximo dia 23 de Abril, pretende constituir uma primeira iniciativa com vista à criação de um Interoperability Innovation Center naquela escola. Este centro ir-se-á debruçar sobre os aspetos em jogo neste domínio, que envolvem as arquiteturas, as normas abertas, a compatibilidade entre produtos, sem esquecer o chamado "acerto semântico" entre os termos e conceitos que os vários sistemas participantes manipulam. Vão-se procurar padrões de integração, produtos disponíveis no mercado, normas a seguir, boas práticas e estratégias de convivência em ambientes heterogéneos; montar-se-ão bancadas de certificação de interoperabilidade e integração, estudar-se-ão problemas concretos que empresas nos ponham.

A parceria com que agora arrancamos garante que estejam representadas duas grandes vias atuais de obtenção de soluções informáticas: o software proprietário de enorme implantação e o software open source. Pensamos que num futuro próximo devam surgir novos centros de interoperabilidade em sistemas de informação, resultantes de parcerias entre a Universidade e outras entidades de relevo na informática nacional, alargando assim o espetro de competências disponíveis e portanto a capacidade de concebermos e implementarmos soluções reais para o tecido empresarial e a administração pública.

(*) Prof. Catedrático Convidado da Universidade de Évora

Nota: O texto foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico