Por Mariana Figueiredo Salvaterra (*)
Na atual era digital, as inovações tecnológicas estão a transformar o mundo do trabalho a uma velocidade nunca antes vista. A inteligência artificial (IA), o Machine Learning (ML) e a Realidade Virtual (RV) estão a moldar as necessidades das organizações, tornando a atualização de competências um fenómeno urgente e necessário para um mundo do trabalho mais próspero. À medida que a tecnologia evolui, os profissionais e empresas devem apostar no ativo mais valioso: o potencial humano.
É fundamental compreender que a evolução tecnológica não é um fenómeno isolado. Se, por um lado, as novas tecnologias aumentam a eficiência e abrem caminho para novas oportunidades, por outro, exigem que empresas e profissionais se adaptem e desenvolvam novos processos e novas skills, tanto técnicas como humanas, para continuarem a desenvolver um trabalho com relevância e impacto (para o mercado, a empresa e para a sua carreira). Os profissionais devem, agora, dedicar-se a áreas de maior valor que a inteligência artificial não conseguirá substituir.
Neste cenário, o conceito de lifelong learning torna-se absolutamente indispensável para que os profissionais consigam crescer ao lado da tecnologia. Esta capacidade de aprender continuamente é essencial, não só para acompanhar as inovações e aprender a trabalhar com as novas ferramentas, tal como fizeram as gerações anteriores com a introdução dos telemóveis e computadores, mas especialmente em competências transversais, como a resolução de problemas, que permite que os profissionais consigam descrever um problema para obter ajuda rápida, definir critérios para avaliar as soluções ou saber rapidamente que outros problemas similares já existiram e de que maneira foram resolvidos. Além desta, também o pensamento crítico, a criatividade, a adaptabilidade e a colaboração e trabalho em equipa são competências verdadeiramente diferenciadoras e indispensáveis para que equipas e empresas consigam evoluir e distinguir-se. Hoje, a solução não está na resistência à mudança, mas sim numa adaptação com foco naquilo que nos distingue das máquinas.
Num momento em que a formação tradicional já não é, por si só, suficiente para garantir uma carreira duradoura e de sucesso, os profissionais devem investir ativamente nesta atualização de competências, seja ao realizarem formações, ao lerem livros relevantes, ao assistirem a conferências ou ao juntarem-se a círculos profissionais, entre outras estratégias. Ao investirem nesta atualização poderão evoluir tecnicamente e desenvolver competências humanas essenciais.
Paralelamente, as empresas devem procurar reorganizar-se e reinventar-se para ir ao encontro deste mundo mais digital e acelerado, com mais exigências de produtividade e que depende de constantes transformações. Para tal, devem procurar desenvolver estratégias concretas de requalificação e capacitação das suas equipas, através de programas de upskilling e reskilling, que conseguirão ajudar os profissionais a impulsionar a qualidade e a responderem às exigências do mercado, aumentando a produtividade e promovendo o seu crescimento profissional e pessoal.
Como uso da tecnologia a redefinir as estratégias e necessidades das empresas no que toca às skills essenciais das suas pessoas, a atualização de competências deve ser vista como uma oportunidade valiosa para evoluir e abrir portas para um futuro do trabalho com novas carreiras, novas competências e ainda mais inovação. Se o mundo do trabalho está a mudar, como podemos evoluir se não apostarmos no nosso crescimento e se não estivermos, enquanto profissionais e líderes, abertos também à mudança?
(*) CEO da Zühlke em Portugal
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