Por Tomás Pedrosa (*)
Estamos nos primeiros dias de novembro e já não se fala de outra coisa para além do grande evento do ano que vai voltar a colocar Lisboa no mapa da tecnologia, inovação e empreendedorismo entre os dias 11 e 14 de novembro: a Websummit.
Com um recorde de 2.750 startups e cerca de 70.000 participantes esperados, o evento promete este ano recuperar a essência das edições anteriores, através da promoção de conexões significativas e da proximidade entre comunidades.
Tratando-se de um dos maiores eventos globais de tecnologia e empreendedorismo, este propósito faz-nos reflectir sobre o ecossistema energizante que existe em Portugal para as startups - no qual as empresas tecnológicas portuguesas podem e devem fazer parte - e, ao mesmo tempo, o perfil do empreendedor em Portugal.
Criar uma startup não é uma tarefa fácil. O processo envolve que os empreendedores encontrem uma ideia inovadora que vai efetivamente resolver um problema real na sociedade, apostando num intenso trabalho de investigação e de validação das partes interessadas, no conhecimento aprofundado do mercado e do seu potencial público-alvo, assim como num modelo de negócio que seja escalável e repetível. Mas a criação destas empresas de base tecnológica não termina por aqui; depois de ser realizado um teste ao mercado para avaliar a capacidade de crescimento do negócio, é ainda fundamental procurar parceiros para alargar a rede de contactos e também de investidores que estejam interessados em entrar com capital em troca de uma participação para que a startup tenha capacidade de crescer.
Por todas estas razões, eventos de magnitude global como a Websummit oferecem oportunidades únicas para acelerar e definir o rumo das startups, num ambiente verdadeiramente favorável à partilha de conhecimento, de experiências e de contactos. Contudo, não nos podemos esquecer do caminho que é feito por todos os aspirantes a empreendedores antes de serem iluminados por uma ideia inovadora que possa ser convertida num negócio de sucesso.
Dizem que a nossa geração é a mais qualificada de sempre. Não vou argumentar com o que é um facto. Apesar disso, parece-me pertinente destacar o valor de certas experiências e projetos que, não estando necessariamente ligados a programas académicos, podem surgir no seio académico. É certo que estas atividades extracurriculares não conferem um título académico mas completam a formação dos alunos universitários e fornecem-lhes uma aprendizagem prática que os vai preparar para o mercado de trabalho.
Fazer parte de uma júnior empresa, que foi a minha escolha, é um bom exemplo disso mesmo. Fundada por um grupo de estudantes empreendedores, a júnior empresa da qual atualmente faço parte mantém até hoje a sua razão de ser: valorizar o estudante universitário e estabelecer a ponte com o meio empresarial.
Na realidade, este propósito não podia estar mais em linha com o que foi definido para a Websummit. Porque, no fundo, tudo se resume a criar ligações significativas e a aproximar comunidades e é isso mesmo que pretendemos na Junitec. Com base nos valores ‘aprender, inovar e empreender’, os membros da nossa júnior empresa são desde logo colocados num ambiente real de trabalho onde aplicam os conhecimentos técnicos adquiridos na universidade para desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e, até mesmo, criar startups.
Experiências como esta representam muito mais do que o esforço declarado em acrescentar mais umas linhas no currículo. Estas são, também, oportunidades únicas para os jovens estarem expostos a contextos fora da academia, começarem a criar a sua rede de contactos e adquirirem novas capacidades e competências, sobretudo ao nível do empreendedorismo e da criatividade.
Por isso, nunca é demais reforçar a importância destas experiências, realizadas logo desde cedo e num ecossistema colaborativo, para criar os alicerces da inovação emergente e garantir a todos os futuros empreendedores um lugar neste mundo fantástico das startups.
(*) responsável pela Inovação e Diretor Financeiro da JUNITEC
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