Por Pedro Fernandes (*) 

A Inteligência Artificial (IA) e a automatização aumentam a produtividade quando implementadas em tarefas mecânicas e repetitivas, o que não acontece, pelo menos de forma tão linear, quando aplicadas a trabalhos baseados no conhecimento ou em ambientes colaborativos. Contudo, este não tem de ser o caso. A integração da IA e da automatização em ambientes criativos só funciona quando esta se torna "parte da equipa" e está centrada nos objetivos e resultados desejados desde o início da sua implementação.

A automatização e a IA não estão a tornar as pessoas tão produtivas como tínhamos esperado. Não é por causa da tecnologia, mas sim por causa da forma como as empresas a implementam. Quando pensamos na melhoria do processo empresarial, pensamos na abordagem desenvolvida para o fabrico, onde as operações mecânicas substituem as tarefas repetitivas. Este tipo de automatização não é útil para o trabalho de conhecimento organizacional ou ambientes onde a colaboração é necessária para alcançar resultados.

No livro recente do Massachusetts Institute of Technology (MIT), "Working with AI: Real Stories of Human-Machine Collaboration", podemos perceber que num ecossistema empresarial em evolução onde as tarefas são tudo menos repetitivas, as empresas estão a beneficiar da utilização da IA quando os colaboradores são tidos em conta durante todo o processo. As equipas precisam de participar na conceção e implementação destas soluções. Estas tecnologias devem ajudar as pessoas primeiro, e, a longo prazo, eventualmente, tornarem-se parte da equipa. Os algoritmos devem trabalhar em conjunto com as pessoas, e ser fiáveis e compreensíveis.

Mas o que significa quando a tradução automática, a extração de dados ou as aplicações interativas com lembretes automáticos fazem parte da equipa?

Significa que as pessoas estão a criar o seu ambiente de trabalho, acrescentando elementos de produtividade previsível, concentrando-se no objetivo do processo ou serviço que estão a fornecer, com a IA e a automatização como instrumentos na caixa de ferramentas. Estão a criar uma aplicação para tornar os resultados do trabalho mais previsíveis e fiáveis.

Como Peter Drucker escreveu há 20 anos atrás, "os trabalhadores do conhecimento devem conhecer o objetivo, não a tarefa, e decidir por si próprios a melhor forma de o alcançar”. A IA e a automatização devem tornar-se ferramentas para os trabalhadores do conhecimento, para que possam ser mais produtivos na consecução de objetivos ou níveis de serviço. As empresas que utilizam estas tecnologias para potenciar os seus ambientes e educar os seus colaboradores sobre como utilizá-las para obter melhores resultados, mais previsíveis, vencerão, prestando o melhor serviço e construindo melhores produtos.

Não vemos esta tecnologia a ser implementada muito rapidamente, porque existe um dilema de propriedade e controlo da tecnologia. As pessoas sentem-se à vontade com sistemas simples, onde processos e conhecimentos padrão podem ser implementados na gestão de documentos ou sistemas ERP (sistemas integrados de gestão empresarial). O passo seguinte será colocar à disposição desses colaboradores essas opções de produtividade e torná-las visíveis e acessíveis ao nível dos seus processos diários.

A questão fundamental a colocar é: quem irá beneficiar com isto? Penso que a IA e a automatização começarão a evoluir no nosso ambiente de trabalho quando as empresas e os colaboradores responderem a essa questão. Atualmente, é claro como pode a empresa beneficiar, mas é preciso debater acerca da necessidade destas tecnologias para os colaboradores.

Estou otimista de que as perceções irão mudar, brevemente. Acredito que a IA e a automatização irão ajudar-nos a alcançar mais no nosso trabalho e na nossa vida pessoal, e como resultado, permitirão que tenhamos uma vida mais significativa. Enquanto gestores, precisamos de construir uma visão de automatização a nível do negócio, mostrando e explicando oportunidades a todas as equipas.

Como colaboradores, precisamos de aprender mais sobre estas novas tecnologias e de que forma podem estas ajudar-nos a tornar-nos melhores profissionais.

(*) Automation Practice Lead na Emergn

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