No Dia da Internet Mais Segura, as preocupações em tornar a experiência de utilização e navegação online dos mais pequenos continua a ser elevada. Há cada vez mais recursos e ferramentas para as crianças, mas nem sempre são garantidas as melhores condições de segurança dos perigos online. Os chats dos videojogos e redes sociais podem ser propícios a predadores sexuais e alguns conteúdos da internet, acessíveis facilmente pelos mais pequenos, podem não ser os mais indicados para crianças.
Nunca é demais aumentar as recomendações aos pais, que devem vigiar aquilo que os seus filhos consomem. E existem algumas dicas práticas que pode facilmente introduzir nas rotinas das crianças, aumentando a sua segurança. O SAPO TEK já listou cuidados a ter enquanto as crianças jogam online, mas alguns desses perigos são comuns a outro tipo de conteúdos e podem afetar mesmo adultos. Sobretudo quando há cada vez mais campanhas maliciosas de phishing, prontas a apanhar os utilizadores desprevenidos.
A GNR e a Microsoft também uniram esforços para tornar a internet mais segura aos mais novos, com uma campanha de sensibilização como parte do Programa Escola Segura. A nova campanha foca-se agora também no metaverso, levando militares da GNR às escolas com o objetivo de sensibilizar os riscos inerentes ao uso de internet. A ação conta com mais de 100 voluntários da Microsoft Portugal, em sessões para estudantes do ensino básico e secundário em todo o país.
Neste dia que se assinala os perigos da internet, a Microsoft partilhou o estudo Global Online Safety Survey 2023, que analisa em 16 países as perceções dos adolescentes e pais sobre segurança e comportamentos de risco. Entre os dados, 69% dos inquiridos tiveram acesso a pelo menos um risco no último ano e 42% tornaram-se menos confiáveis na utilização da internet. A desinformação (51%), riscos pessoais (42%) e discurso de ódio de ciberbullying (39%) foram alguns dos fatores apontados de risco.
O Grupo LEGO também aproveitou o dia para lançar alguns conselhos a pais e famílias, de forma a ajudar a criar comportamentos digitais mais saudáveis, no seu guia Digital Child Safety. Vale a pena explorar as dicas, não apenas sobre cibersegurança, mas também sobre sustentabilidade e outros assuntos pertinentes relacionados com os mais novos.
Os perigos da Internet são para serem levados a sério durante todo o ano, mas para assinalar o dia, o SAPO TEK reuniu algumas dicas para proteger não só os mais novos, como também adultos menos cautelosos, com sugestões diretas de especialistas da PSP, LEGO, Associação AP2SI, Fortinet e a Selectra.
Veja na galeria algumas dicas para aumentar a segurança online:
1 – Preste atenção à comunicação nos jogos e mensagens nas redes sociais
Os predadores online são uma ameaça constante que deve ter em consideração durante a navegação das crianças. Este é um dos perigos apontados pela Associação AP2SI, salientando indivíduos que tentam contactar crianças e jovens através da internet, tendo como objetivo obter informações pessoais, ganhar a sua confiança e, em diversos casos, encontros pessoais de exploração sexual. Estes podem fazer-se passar por outro adulto, criança e adolescente, recorrendo a técnicas de manipulação.
As mensagens privadas nas redes sociais ou nas salas de comunicação nos videojogos podem ser ferramentas utilizadas por abusadores. E as questões de ciberbullying também não devem ser descartadas, formas de assédio recorrendo ainda a emails, fóruns e outros meios de comunicação online. Muitas vezes, o acesso a informações e imagens privadas dos utilizadores podem ser utilizadas como chantagem, difamação ou humilhação dos utilizadores, invadido dessa forma a sua privacidade. Esse tipo de comportamentos pode levar a ansiedade, depressão ou mesmo pensamentos suicidas dos mais novos.
Por exemplo, jogos MMO o World of Warcraft ou um MOBA como League of Legends, assim como os battle royales como Fortnite, têm componentes sociais, tais como janelas de conversa que podem colocar em causa a segurança dos mais novos, como aconteceu com o recente caso da adolescente de 17 anos que esteve desaparecida durante 8 meses.
2 – Defenda o anonimato online
A especialista em cibersegurança Fortinet aconselha a explicar aos mais novos, assim como família e amigos, de como devem manter as suas informações pessoais identificáveis privadas online. Não devem partilhar os seus nomes verdadeiros com estranhos ou a darem informações sobre o local onde vivem. Esses dados podem ser utilizados para encontrar vítimas, aumentando o perigo online, como também presencial.
3 – Reduza o risco de vitimização
A comunicação por mensagens é atualmente um canal indispensável no nosso dia-a-dia e isso pode ser utilizado em esquemas de extorsão de dinheiro às vítimas. Exemplo disse é o esquema “Olá mãe”, onde se torna muito fácil fazer passar-se por alguém que pede dinheiro aos seus pais através de mensagens. A PSP alerta os utilizadores a nunca realizarem transferências de dinheiro, sem pelo menos, conseguir falar em voz e reconhecer a pessoa com que está a falar. Se desconfiar da mensagem, ligue para o respetivo número e tente perceber se foi o familiar em questão a pedir o dinheiro.
Por outro lado, pode fazer perguntas de despiste de burla, dos quais apenas o familiar em questão conhece, como datas de aniversário, cursos ou universidade que frequentam, matrícula do carro, etc.
4 – Ative controlos parentais e estabeleça regras de navegação
As consolas de videojogos, smartphones e PC têm cada vez mais ferramentas de controlos parentais, que pode ser ideal para limitar o tempo de utilização, monitorização de contactos e outras opções que pode ajudar os pais a vigiar os seus filhos, mas também a criar rotinas e disciplina no seu acesso.
O Snapchat é uma das redes sociais mais preocupada no tópico e lançou funcionalidades para proteger os mais novos nas mensagens. O SAPO TEK também já explicou como ativar os controlos parentais gerais da PlayStation 5 e da Nintendo Switch. Sobre as salas nos jogos, terá de ver caso a caso, se os mesmos oferecem opções de desligar as conversas. No Roblox, por exemplo, pode definir PINs que limitam o uso do chat. Mas outros jogos como Minecraft e Fortnite também permitem desliga-los. Existem serviços que bloqueiam o acesso a compras e aumentam a privacidade.
A Fortinet sugere ainda que os pais estabeleçam regras claras sobre o acesso online às crianças e adolescentes. Estes devem indicar e criar uma lista de websites e aplicações fidedignas de acesso que têm de ter aprovação dos adultos para certas atividades. Deverá também encorajar as crianças e adolescentes a informarem um adulto de confiança quando têm dúvidas sobre alguma coisa que encontrem na internet ou preocupações associadas a determinado website.
A especialista em análise de telecomunicações, Selectra, sugere colocar os equipamentos em modo de voo, quando está a jogar, mantendo-se offline, evitando contactos ou compras acidentais. Esta opção não pode ser aplicada a jogos que dependam de uma conexão online.
5 – Crie passwords fortes e reforce com autenticação de dois fatores
Este é o principal cliché da segurança online, mas as passwords são os escudos que protegem os utilizadores de invasões indesejadas nas suas contas e conteúdos privados. Deverá criar dessa forma uma palavra-chave forte, não a deve partilhar com ninguém, sobretudo a estranhos. Se possível, deve criar uma password diferente para cada conta e serviço, evitando palavras comuns, recorrendo sobretudo a números e caracteres especiais.
A importância de ter passwords seguras nas contas ganha maior importância em serviços que tenha associado os seus dados bancários, tornando-os ainda mais apetitosos a cibercriminosos. Deverá também ativar, sempre que possível, o sistema de autenticação de dois fatores, que torna a conta bem mais segura. E sempre que utiliza um computador partilhado ou público, nunca se esqueça de fazer logout do sistema. Deve, aliás, evitar utilizar uma ligação Wi-fi pública para aceder a dados sensíveis, a menos que tenha uma VPN segura instalada.
6 - Conheça o PEGI das recomendações das idades dos conteúdos
Nem todos os videojogos se adequam a todas as idades. O mesmo para qualquer outro conteúdo, sejam filmes, séries ou música. Por isso, existem organizações dedicadas à partilha de informações e recomendações das faixas etárias de acesso a videojogos. Quando uma criança acede a determinados jogos ou serviços que não são para a sua idade podem estar vulneráveis não só ao conteúdo, como um aumento de exposição online.
O PEGI garante as informações dos jogos durante a decisão de compra. E alguns países já adoraram mesmo as recomendações como lei que estabelece a idade mínima de acesso aos jogos. Em Portugal não tem legislação associada, mas Bruxelas já votou favoravelmente ao aumento de segurança nos videojogos, incluindo a possibilidade de adotar legislativamente sistemas como o PEGI.
7 – Esteja atento a sinais estranhos das crianças
O comportamento estranho das crianças poderão ser um indicador de que algo não está bem e podem revelar situações anómalas da vida online, como explica a AP2SI. O secretismo ou comportamento defensivo, ou a evasão ou recusa em mostrar ou contar as suas atividades online podem ser sinais de que o jovem pode estar a comunicar com alguém suspeito. Procure saber se existem mudanças de comportamento, tais como a ansiedade, irritabilidade, a falta de interesse em atividades anteriormente apreciadas, perda de sono e falta de apetite.
A mudança de linguagem e uso de expressões inapropriadas é igualmente um sinal de exposição e comunicação a alguém com influência que pode ser negativa. Mais uma vez, é preciso conversar e esclarecer os mais novos sobre os perigos online e ensiná-los a boas práticas.
A LEGO salienta o pensamento crítico em que as crianças devem ser ensinadas a distinguirem o que é um risco ou não quando estão online. E não apenas a avaliação da informação, como o conteúdo e contactos feitos online. E isso pode ser uma tarefa complicada, porque são consumidos conteúdos em muitos formatos, sejam mensagens de texto, memes, vídeos virais, publicidade e outros. É assim importante reconhecer o que é bom ou mau pelas crianças. As conversas abertas com as crianças pode ser uma forma de aprenderem sobre os potenciais riscos, ensinando-as a questionarem aquilo que tropeçam online.
8 – Cuidado com os downloads e anexos do email
Deverá ter um antivírus e firewall atualizados no computador, para elevar a segurança do sistema. Como explicou a Selectra, uma firewall analisa todas as trocas de informação entre o computador e a rede, aumentando a segurança. Deve ter também cuidado com os ficheiros que faz download e apenas os deve executar após confirmar que têm origem em fontes oficiais ou seguras. Da mesma forma, tenha cuidado com os ficheiros em anexo que recebe no email, e sempre que desconfia do remetente não os execute. Deverá mesmo apagar a mensagem e bloquear o respetivo contacto.
9 – Cuidados com a impressão digital online
“Uma vez na internet, para sempre na internet” é um ditado popular associado à conduta dos utilizadores online. Mais uma vez, é importante que os mais novos sejam responsáveis na sua navegação online. A LEGO explica que existem dois conceitos principais: a impressão digital, que se trata da comunicação e interações online que criam rastros difíceis de remover. Sejam posts, comentários, fotografias, mensagens de texto, histórico de pesquisas e outros. “Uma vez online, é quase impossível de apagar”, diz a marca de brinquedos, o que poderá afetar as crianças, família e amigos.
O outro conceito é a identidade digital, que transforma o utilizador online num cidadão global, juntamente com outras pessoas em todo o mundo. Nesse sentido, da mesma forma que as crianças aprendem a ter comportamentos de boa educação no contacto físico com outras pessoas, o mesmo terá de acontecer online, a nível de ser positivo, íntegro e com os mesmos valores.
Deve ensinar às crianças como todas as mensagens, fotos ou posts nas redes sociais podem ser encaminhadas, copiadas, manipuladas ou guardadas por estranhos. E o que podem partilhar, seja bom ou mau, pode influenciar a sua identidade online e a pegada digital que deixará a longo prazo.
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