Ao longo dos anos, a indústria dos smartphones tem-se dividido entre iPhone e Android. Ou seja, é uma “guerra” tecnológica entre a Apple e todas as restantes fabricantes que procuram introduzir tendências no mercado suportado pelo sistema operativo da Google. De um lado e do outro vemos novidades revigorantes, sistemas e tecnologias reclamadas pela primeira vez por determinada fabricante, que pode ser depois refinada por outra.
E tudo isso gera uma “bola de neve” tecnológica que permitiu aos smartphones tornarem-se cada vez mais poderosos e dinâmicos, autênticos computadores de bolso nos dias de hoje, com todas as funcionalidades e mordomias para os utilizadores. além disso, há um refinar de design que tornam os pequenos equipamentos em autênticas obras de arte.
Mas existem tendências que adotadas pela indústria Android que foram prontamente “copiadas” do iPhone. Mais interessante ainda é que certas tecnologias, que surgiram primeiro em ambiente Android, só se tornaram mainstream depois da Apple as ter adotado para os seus equipamentos. E veja-se algo tão simples como retirar o carregador da caixa do smartphone, que foi “gozado” pelas rivais Android, mas que rapidamente voltaram atrás nas palavras, e adotaram a mesma medida.
Veja na galeria as principais tendências da Apple “copiadas” pelas fabricantes de Android
1 - Remoção do jack 3,5 mm para auriculares
Muitos utilizadores ainda contestam a decisão da Apple ter abolido o jack 3,5 mm que servia para ligar os auriculares através de fio. Numa época cada vez mais wireless, a comunicação via Bluetooth é uma alternativa mais cómoda. No entanto, muitos utilizadores ainda não têm auriculares sem fios e a ausência do pequeno orifício retira o acesso a uma universalidade de equipamentos de som. Pois nem todos os bons headsets que usamos no computador são wireless e automaticamente são impedidos de serem usados nos equipamentos móveis.
No entanto, desde que a Apple retirou o sistema do iPhone 7 em 2016, muitas fabricantes de Android foram atrás. A alternativa é a ligação de auriculares via USB-C, ou usar adaptadores para jack 3,5 mm para os mais antigos. Mas como é sabido, deixa de ser possível ligar qualquer auricular por fio enquanto se carrega o equipamento. E a Apple já “tratou” desse problema, com a introdução da tecnologia de carregamento através do MagSafe. Quanto vai demorar para vermos algo semelhante em Android?
No entanto, a remoção do jack não deixou de ser um passo muito importante dado pela Apple na mudança de paradigma para a adoção do wireless, e hoje em dia já começa a ser cada vez mais comum o uso dos “clones” dos AirPods.
2 - Ecrãs com notch para albergar câmaras selfie
A próxima geração de smartphones tem na calha um sistema para esconder a câmara debaixo do ecrã. E esta tem sido uma guerra das fabricantes em oferecer a maior área possível de ecrã, reduzindo o sensor da câmara selfie ao máximo. E tudo começou com a Apple a introduzir a pequena moldura conhecida como notch, uma área do ecrã reservada à câmara, sensor de infravermelhos, a luz flood illuminator e tudo o que fosse necessário.
O design foi rapidamente replicado por praticamente todas as fabricantes de smartphones Android, que foram reduzindo o espaço, criando novos conceitos como a “gota de água” ou o orifício no ecrã conhecido como Punch Hole. Até que deixou de ser agradável de todo ter a câmara fotográfica no ecrã, sendo substituídos por sistemas retráteis, por exemplo. Mas no que diz respeito ao notch, sem dúvida que a Apple ditou o design em 2017, e todos foram atrás.
3 - TouchID – Sensor de impressões digitais
O sistema TouchID foi introduzido pela Apple em 2013 no iPhone 5S e consiste num sensor biométrico de impressões digitais. Muitos consideram esta tecnologia como uma das mais revolucionárias da última década. Aquilo que começou como uma “simples” autenticação para desbloquear o smartphone, foi evoluindo para se tornar a forma mais popular dos utilizadores se identificarem para fazer pagamentos, aceder às contas bancárias, ou qualquer serviço que necessite da “assinatura” digital das pessoas.
O sensor, em si, presente em qualquer smartphone Android atual, também tem evoluído. O iPhone 5 tinha o TouchID no próprio botão Home do smartphone, mas os equipamentos Android foram criando novos locais para o mesmo, incluindo na lateral ou traseira do equipamento; acoplado no botão de energia dos smartphones; ou mais recentemente, tem sido colocado debaixo do ecrã dos equipamentos, nos modelos topo de gama.
4 - FaceID – Autenticação Facial
A tecnologia de reconhecimento facial gerou uma espécie de corrida entre as diversas fabricantes para introduzir os primeiros equipamentos a utilizar a câmara fotográfica para desbloquear o smartphone. E neste caso nem foi a Apple a inovar, porque muitos equipamentos em 2017 começaram a oferecer essa possibilidade, incluindo o Samsung Galaxy S8. Obviamente que foi necessário a Apple intervir para introduzir o sistema FaceID no iPhone X para agitar as águas na indústria.
A tecnologia da Apple “ensinou” as rivais Android que não bastava ter a câmara apontada à cara para fazer o reconhecimento. O sistema nem sempre funcionava em locais menos iluminados e era muitas vezes tendencioso no reconhecimento de alguns utilizadores. Já a tecnologia da Apple não só utilizava a câmara para o reconhecimento, como a conjugava com o flood illuminator e o sensor de infravermelhos para obter maior precisão na autenticação. Com esta combinação, o sistema era capaz de desbloquear o smartphone mesmo em locais menos iluminados, sem a necessidade de disparar um flash na cara das pessoas.
5 - Remoção do carregador na caixa
Não é bem uma tendência tecnológica, mas note-se a influência da Apple no mercado dos smartphones Android. Quando recentemente a empresa da maçã lançou o iPhone 12 sem carregador de bateria na caixa, rapidamente surgiram memes na internet feitos por outras fabricantes de Android. Concorrentes diretas como a Samsung, OnePlus e Xiaomi promoveram os seus mais recentes smartphones destacando a inclusão de carregadores.
A Apple decidiu excluir da caixa o carregador e os auriculares, destacando uma mensagem ecológica sobre o lixo tecnológico gerado por estes acessórios. Por outras palavras, os utilizadores que realmente necessitarem de um carregador deverão comprar em separado ou reaproveitarem o acessório de outro equipamento compatível.
Ironicamente, foi essa a mensagem deixada pela Xiaomi, a das razões ambientais, para que o seu novo modelo Mi 11 fosse vendido sem carregador. Isso confirmou-se com a revelação recente de que o smartphone, que chega às lojas chinesas no dia 1 de janeiro de 2021, vai ser lançado em duas variantes: a versão OEM que é apenas o smartphone, com um bundle composto com o carregador à parte. Ambos custam o mesmo preço, passando assim para o consumidor a responsabilidade ambiental, se este precisa ou não do acessório.
E segundo os rumores, também a Samsung vai passar a vender os seus novos smartphones sem carregador na caixa, considerando que apagou todos os seus memes. Nota-se que as fabricantes estão, no fundo, a anteciparem-se e a adaptarem-se às novas regras europeias relacionadas com o Mercado Único Sustentável, que incentiva o direito à reparação, assim como a implementação de um sistema de carregadores comuns para reduzir o lixo eletrónico, uma proposta já aprovada pelo Parlamento Europeu em janeiro de 2020.
6 - Funcionalidades de iOS em Android
Costuma-se dizer que as boas ideias são sempre copiadas e obviamente que se ao nível de hardware a Apple influenciou as restantes fabricantes nos seus equipamentos; também a Google se manteve atenta ao desenvolvimento e evolução do sistema operativo iOS, “pedindo emprestado”, sempre que possível, algumas das suas melhores funcionalidades. Veja-se por exemplo, quando a Google Wallet deu origem ao sistema Android Pay. Não se tratou apenas de uma mudança de nome, mas conceitos inspirados diretamente do Apple Pay, nomeadamente a diminuição de passos necessários para fazer o pagamento, os sistemas de autenticação dos utilizadores, etc.
Também a forma intuitiva como escrevemos e editamos texto nos smartphones Android tirou notas do iOS. As ferramentas que aparecem logo em cima do texto selecionado, que permite copiar ou cortar, por exemplo, antes do Android 6.0 as opções apareciam no topo do ecrã.
E pode parecer algo banal atualmente, mas a forma como as notificações agora pedem, individualmente, autorizações de acesso ao sistema, dando mais controlo aos utilizadores, foi algo que em iOS já se praticava há algum tempo. Antes, no sistema Android, os utilizadores definiam essas questões no SO, mesmo antes de instalarem as aplicações. Otimizações nas aplicações de fundo para poupar bateria, notificações especiais e outros pequenos detalhes de iOS foram sendo replicados em Android.
7 - A Siri é a irmã mais velha da família de assistentes virtuais
Os assistentes virtuais são anteriores aos próprios smartphones, ainda se lembra do Clippy da Microsoft para o Office? Mas a Apple introduziu a Siri, o assistente virtual por voz, tal como conhecemos atualmente, em abril de 2011, e desde então muitos outros sistemas foram adotados. O Google Now surgiu em julho de 2012, mas só em maio de 2016 foi reformulado para o Google Assistant. A Microsoft apresentou a Cortana em abril de 2012, inspirado na IA da saga de videojogos Halo. A Alexa da Amazon chegou em novembro de 2014 e o Bixby da Samsung em março de 2017.
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