A nível global as vendas de smartphones tiveram uma quebra de 8,7%, com os números a cair pelo quarto trimestre consecutivo, mas em Portugal os dados revelados pela IDC mostram que o mercado está em contra ciclo, e que cresceu 12,1% entre abril e junho de 2022.
Francisco Jerónimo, vice-presidente de Data & Analytics da IDC Europa, confirmou ao SAPO TEK que os números estão também acima dos registados na Europa, onde o mercado de smartphones cresceu 3,2%, e explica que a recuperação do mercado português se deve a uma procura de novos equipamentos pós pandemia.
"O mercado português sofreu bastante na pandemia. Muitas pessoas colocaram em espera a decisão de comprar um smartphone e estão agora a recuperar [...] a tendência de transição para o 5G também é um fator de crescimento", explica Francisco Jerónimo.
No total, foram vendidos 630.490 unidades de smartphones, com a Samsung a liderar o mercado com 39,6% das vendas, seguida da Xiaomi com 30,8% e da Apple com 15%. "As três fabricantes [Samsung, Xiaomi e Apple] representam em conjunto mais de 85% das vendas do mercado e as marcas mais pequenas têm cada vez mais dificuldade de atacar este domínio", sublinha o responsável pelo mercado de mobile da consultora.
No top 5 mantêm-se a TCL + Alcatel e a OPPO, mas esta fabricante perdeu terreno neste trimestre, embora a expectativa seja de que possa recuperar nos próximos meses. Outras marcas que já tiveram posições mais confortáveis, como a Huawei e a Wiko, perderam terreno no mercado e têm atualmente números de vendas residuais.
Preço médio de venda sobe 20% para os 365 euros
A par do crescimento de mercado, é de notar também uma subida do preço médio de venda dos smartphones em Portugal, igualmente acima do que se regista na Europa. Francisco Jerónimo adiantou ao SAPO TEK que o preço médio subiu 20% para os 365 euros, mas que há fabricantes, como a Apple, cujo preço médio está acima de 800 euros.
Em conjunto com o crescimento das vendas, esta subida do preço médio fez com que o valor do mercado de smartphones em Portugal registasse no segundo trimestre de 2022 um crescimento de 35%, quando em termos europeus essa subida se fixou nos 8%.
"Os preços médios estão a subir. As pessoas estão a comprar smartphones mais caros", sublinha Francisco Jerónimo que lembra que esta é uma opção que está ligada à importância que os equipamentos assumem na vida dos consumidores. "Sabem que se investirem um pouco mais ganham com melhor qualidade da experiência", afirma, acrescentando que também os programas de financiamento incentivam a compra de equipamentos mais caros pagos a prestações e que as iniciativas de troca de equipamentos antigos na compra de um novo fazem com que as pessoas não pagam o preço direto, beneficiando de um desconto no momento da aquisição.
Aqui os donos de smartphones da Apple têm vantagens, porque os consumidores percebem que estes equipamentos retêm mais o valor por mais tempo, mas também os equipamentos de gama média e de topo da Samsung têm benefícios nesta área. "Isto acaba por ter um grande impacto na decisão e levar à compra de smartphones melhores", afirma.
A tendência de crescimento dos preços vem já de 2021, quando os portugueses gastaram 516 milhões de euros em smartphones topo de gama e há já várias marcas a avisar para a possibilidade do preço médio dos equipamentos poder aumentar ainda durante este ano, fruto da escassez de componentes.
Dobráveis com peso ainda residual
Apesar das vendas de smartphones dobráveis estarem a crescer, e da Samsung ter confirmado já a venda de 10 milhões de equipamentos desta gama em 2021, em Portugal os números são ainda residuais. Francisco Jerónimo confirma que representam apenas 0,2% do total de smartphones vendidos, embora na gama alta tenham um peso um pouco mais expressivo em termos de unidades, com 1% das vendas.
"Este é um mercado que vai crescer, até porque há vários fabricantes a entrar", explica o responsável da área de mobile da IDC EMEA, defendendo que "a Samsung está bem posicionada para liderar este mercado". Recorde-se que a empresa acaba de apresentar já a quarta geração dos seus dobráveis, com os novos Z Fold4 e Z Flip4 que vão chegar às lojas a 26 de agosto.
Mesmo assim, ainda não será uma área para massificar a médio prazo devido ao preço que é elevado, em especial em mercados onde o preço médio de venda dos smartphones está abaixo dos 400 euros como é o caso do mercado português. "Em países onde o preço médio dos smartphones é mais alto é mais fácil ter vendas mais representativas", admite Francisco Jerónimo.
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