Esta noite as atenções astronómicas estão todas concentradas no c/2022 E3 (ZTF). Depois de uma última visita que terá acontecido há cerca de 50 mil anos, o cometa está de regresso, com a expectativa de poder ser observado sem a necessidade de recorrer a telescópios, quando atingir o ponto mais próximo da Terra.
O C/2022 E3 (ZTF) terá vindo da nuvem Oort, a grande concentração de cometas que se acredita existir no limite do sistema solar, localizada a uma distância de 100.000 UA (distância média entre a Terra e o Sol). A Nuvem de Oort também está a um quarto da distância da Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol.
Com apenas um quilómetro de diâmetro, este viajante espacial tem no tom esverdeado o seu principal atrativo. Acredita-se que o brilho verde, igualmente presente noutros cometas, surja de uma interação entre a luz do Sol e o carbono diatómico. O carbono diatómico é uma forma instável e gasosa do elemento no qual os átomos de carbono estão ligados em pares. Os cientistas dizem que é formado na cabeça do cometa quando substâncias maiores à base de carbono são decompostas pela luz solar, na aproximação do cometa ao Astro-Rei.
Quando o carbono diatómico é estimulado pelos raios ultravioleta, emite luz, resultando na “cabeleira” esverdeada vista em redor do núcleo do cometa. No entanto, a luz ultravioleta também pode baixar o carbono diatómico, o que segundo os especialistas explica porque é que a cauda do cometa é menos verde.
O c/2022 E3 já está visível há vários dias, levando a que muitos astro fotógrafos apontem objetivas à sua passagem, como é o caso do português Miguel Claro.
Veja algumas das imagens do Cometa c/2022 E3 já captadas
Miguel Claro tem documentado a visita do cometa a partir do Observatório Dark Sky Alqueva em Portugal e, além das imagens, também já partilhou um vídeo.
O melhor período de observação do pequeno corpo rochoso esverdeado regista-se esta madrugada. Estando todas as condições reunidas, o cometa c/2022 E3 até poderá ser visto "a olho nu", não sendo necessária qualquer proteção visual. Vai ajudar se estiver num local sem poluição luminosa e sem nuvens. Com um par de binóculos, o viajante espacial deverá aparecer como um objeto incolor e difuso, sem apresentar o seu peculiar tom verde.
A altura de maior visibilidade começa por volta das 23h50m em Portugal Continental desta quarta-feira, terminando com a luz do amanhecer do dia 2 de fevereiro.
Outra forma de assistir à passagem é através de transmissões ao vivo, como a realizada pelo The Virtual Telescope Project, que acompanha o espetáculo astronómico a partir das 04h00 desta quinta-feira.
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