As deepfakes têm uma má reputação, e com razão, já que grande parte delas são usadas para promoverem a desinformação ou conteúdos ilegais. No entanto, em 2020 a tecnologia que "fabrica" vídeos realistas, mas falsos, gerados por inteligência artificial (IA) afastou-se de um lado mais negro e foram muitas as medidas anunciadas para combater o impacto negativo que pode ter.
Várias iniciativas vieram mostrar que esta tecnologia pode servir para o bem. Desde proteger a identidade das pessoas ou até mesmo divertir os utilizadores, os objetivos foram variados.
Veja na galeria alguns dos projetos que ajudaram a marcar 2020 pela positiva no que diz respeito às deepfakes
Gigantes tecnológicas juntam-se para combater o lado obscuro das deepfakes e até a Rainha de Inglaterra dá uma ajuda
O ano começou “logo” com a garantia de que a Comissão Europeia (CE) iria apresentar em breve um plano na área da IA para proteger os cidadãos. Um mês depois, em fevereiro, Bruxelas apresentou a estratégia, com Ursula von der Leyen, presidente da CE, a reforçar um dos objetivos do plano: “queremos que os cidadãos confiem na tecnologia e que a aplicação desta tecnologia mereça a confiança dos cidadãos”.
No que toca a empresas, e em ano de eleições nos Estados Unidos, o Twitter declarou em fevereiro “guerra” ao conteúdo manipulado e anunciou novas regras. Com as medidas tomadas pela rede social, desde 5 de março que entrou em vigor uma nova política que proíbe a partilha de imagens e vídeos falsos com o objetivo de enganar os utilizadores e causar-lhes danos.
Este artigo faz parte do Dossier O melhor e o pior de 2020. E as expectativas para 2021. Leia aqui todas as análises e artigos deste especial
Já numa perspetiva diferente, o Facebook foi notícia em junho por ter criado uma base de dados de 100.000 imagens falsas para ensinar a IA a detetar deepfakes. O sistema recorreu a 3.426 atores, remisturados com todas as técnicas atuais utilizadas para trocar as caras dos intervenientes.
Em setembro foi a vez de a Microsoft apresentar a sua estratégia: o Microsoft Video Authenticator. A ferramenta que pretende combater a desinformação consegue analisar fotografias e vídeos e concluir qual a probabilidade de o conteúdo ter sido artificialmente manipulado.
Mais recentemente, uma mensagem de Natal fictícia da rainha Isabel II utilizou as deepfakes para alertar sobre o perigo da desinformação. A iniciativa foi do Channel 4, que explicou a intenção: deixar o alerta sobre o perigo das fake news nesta era digital, bastante diferente à verdadeira mensagem da quadra, que este ano foi também transmitida na Alexa.
Veja o vídeo com a mensagem de Natal fictícia da rainha Isabel II
Mas em 2020 as deepfakes continuaram a “espalhar” a desinformação
Como em qualquer situação, a tecnologia pode ser usada para o mal e para o bem e, apesar de este ano ter sido marcado por uma luta constante do lado negativo das deepfakes, a verdade é que 2020 não fica apenas marcado por aspetos positivos.
Em fevereiro, as deepfakes chegaram à Índia para enganar os eleitores, alcançando cerca de 15 milhões de pessoas. Dois alegados vídeos do presidente do partido Bharatiya Janata, Manoj Tiwari, a, supostamente, criticar o governo de Arvind Kejriwal, tornaram-se viral no WhatsApp um dia antes das eleições.
"Kejriwal traiu-nos em relação às suas promessas, mas agora Deli tem uma oportunidade de mudar. Por isso basta votar na opção certa no dia 8 de fevereiro para se formar um governo liderado por Modi". Estas foram duas das frases “inventadas” através da tecnologia de IA.
O vídeo manipulado onde Manoj Tiwari fala em inglês
São exatamente estes exemplos que preocupam os especialistas. Ainda recentemente, no Web Summit 2020, em novembro e totalmente online, Nina Schick, autora do livro “Deepfakes: The Coming Infocalypse”, juntou-se a Hao Li, cofundador e CEO da Pinscreen, para debater a consequência da manipulação de conteúdo.
Para Nina Schick, o aparecimento das deepfakes afirma-se como “um dos momentos mais decisivos na história da comunicação humana”. “O futuro da produção de conteúdos será cada vez mais sintético”, sublinhou a autora, exemplificando os usos da tecnologia no setor do entretenimento.
Este artigo faz parte do Dossier O melhor e o pior de 2020. E as expectativas para 2021. Leia aqui todas as análises e artigos deste especial
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