A nuvem de lixo que orbita o planeta não pára de aumentar e com ela aumenta a ameaça que estes detritos representam para os equipamentos em operação. O problema está longe de ser resolvido, mas uma equipa de investigadores europeus pensa ter encontrado uma nova solução para detetar os detritos de forma mais consistente.
A tecnologia laser torna possível medir a posição dos detritos espaciais da Terra, fornecendo informação importante para evitar colisões no espaço. No entanto, até agora tinha uma deficiência grave. Anteriormente, os lasers só podiam ser usados para medir a distância dos detritos espaciais durante as poucas horas do crepúsculo, quando a estação de telemetria na Terra estava na escuridão, mas os detritos espaciais refletem os últimos raios do sol.
Um estudo recente mostrou agora que é possível usar lasers em plena luz do dia para determinar a distância dos objetos. Este novo método de telemetria a laser ajudará a prever com mais precisão as órbitas de detritos espaciais, aumentando substancialmente o número de horas em que é possível fazer as observações.
Graças ao novo método, ainda em fase experimental, poderá ser possível monitorizar detritos espaciais 22 horas por dia, em comparação com as atuais seis horas
Recorrendo a uma combinação entre telescópios, detetores e filtros de luz em comprimentos de onda específicos, os investigadores descobriram que é realmente possível aumentar o contraste do céu diurno, revelando objetos que antes estavam ocultos. Os resultados do estudo foram publicados na Nature Communication.
“Estamos acostumados a pensar que as estrelas só podem ser vistas à noite, e algo semelhante aconteceu com a observação de detritos, só que a janela de tempo para observar objetos em órbita baixa era muito menor”, refere Tim Flohrer, responsável pelo Space Debris Office, da ESA. "Graças a esta nova técnica podemos monitorizar objetos anteriormente invisíveis, ocultos no céu azul, o que significa que podemos trabalhar durante todo o dia com telemetria a laser para ajudar a evitar colisões".
Durante uma série de testes recentes, a tecnologia foi usada para observar quarenta objetos diferentes, assim como estrelas cerca de 10 vezes mais fracas do que aquelas que podem ser vistas a olho nu. Os detritos destacaram-se no céu azul e foram observados pela primeira vez a meio do dia, algo impossível até então.
"Esperamos que esses resultados aumentem significativamente o tempo de observação de detritos espaciais num futuro próximo", afirma Michael Steindorfer, da Austrian Academy of Sciences. "Em última análise, isso significa que seremos capazes de compreender melhor a população de detritos espaciais, o que nos permitirá aumentar a proteção das infraestruturas espaciais da Europa”.
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