Um grupo investigadores observou a existência de matéria negra em redor de um aglomerado de galáxias num cenário apresentado há 12 mil milhões de anos, ou seja, o mais antigo observado até à data.

Os cientistas concentraram-se nas chamadas galáxias Lyman-break, aglomerados de galáxias formadoras de estrelas extremamente distantes, compreendendo até 1.000 galáxias mantidas juntas pela gravidade com grandes quantidades de matéria negra.

A colaboração liderada por cientistas da Universidade de Nagoya, no Japão, revela que as regras fundamentais da cosmologia podem ser diferentes quando se examina o início do Universo. Por causa da velocidade finita da luz, as galáxias distantes são vistas não como são hoje, mas como eram há milhões de milhares de anos. O desafio é ainda maior quando se trata de observar matéria negra.

A matéria negra não se vê, não se sente e nem sequer sabemos se é algo: sabemos apenas que existe. Apesar da incapacidade de a ver ou tocar, os especialistas têm maneiras interessantes de identificar os seus efeitos no Universo. Afinal, deduzimos a presença da matéria negra, em primeiro lugar, observando como mantém as galáxias unidas.

É possível medir aproximadamente a quantidade de matéria negra em torno de uma galáxia, observando a distorção do espaço e do tempo circundante, com base na atração gravitacional da galáxia, no impacto na luz que emite e no reflexo dos objetos em redor. Quanto maior a quantidade de matéria escura, maior a distorção. No entanto, esta tarefa é especialmente complexa no caso das primeiras galáxias, devido à pequena quantidade de luz que pode ser captada.

Para observar, nos confins do Universo, esta forma invisível de matéria que compõe cerca de 95% da massa cósmica e não emite luz, os investigadores recorreram a uma fonte diferente de iluminação: as micro-ondas libertadas pelo próprio Big Bang, há cerca de 13,8 bilhões de anos.

Com um kit de ferramentas composto de espaço deformado, dos resíduos cósmicos que sobraram do Big Bang e de poderosos instrumentos astronómicos, detetaram uma zona do espaço profundo de halos de matéria escura anteriormente não estudados - cada um situado em torno de uma galáxia antiga, protegendo-a obedientemente de um “pesadelo carrossel.”

Mais precisamente, usaram dados do satélite Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), para medir a forma como a matéria escura em redor das galáxias observadas distorcia as micro-ondas e concluíram que, quanto mais avançamos no tempo, menos concentrada a matéria escura parece estar e a sua distribuição é diferente da indicada nas teorias atualmente vigentes.

Tais observações, feitas apenas 1,7 mil milhões de anos após o início do Universo, permitem olhar para essas galáxias primárias como elas foram vistas logo após a sua formação inicial. Os dados do novo estudo publicado na Physical Review Letters, fornecem informação diferente sobre a evolução dessas galáxias e da matéria negra que as rodeia, abrindo novas possibilidades para entender o nascimento do universo, que podem marcar o início do próximo capítulo da cosmologia.

A comunidade científica tem igualmente os olhos postos no supertelecópio espacial James Webb que, entre outros feitos conseguidos no curto espaço de tempo em que ficou operacional, já “remexe” nos primórdios do universo e pode inclusive ter encontrado uma galáxia recordista, por estar a mais de 13,5 mil milhões de anos luz da Terra.

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A operação, que envolve um investimento de 10 mil milhões de dólares, junta a NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadiana (CSA). O posicionamento final do telescópio foi alcançado a 24 de janeiro, com o início da missão a acontecer no dia 25 de dezembro de 2021.

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