Depois do lançamento da Xbox Series X|S, e de uma fase apenas reservada a alguns territórios como os Estados Unidos, hoje chega às lojas na Europa e no resto do mundo a PlayStation 5. Devido ao enorme sucesso da PS4, que já ultrapassou a marca das 112 milhões de unidades no mundo inteiro, a nova geração tem sido aguardada com muita expetativa.
No entanto, a situação pandémica da COVID-19 estragou os planos de toda a indústria tecnológica e não passou ao lado da Sony ou Microsoft, que estão com problemas em garantir unidades suficientes para a procura. O adiamento do lançamento das consolas poderia ser uma solução, mas isso obrigaria a perder a importante época natalícia e a modificar todo o calendário de lançamentos de muitas editoras que tinham os seus jogos apontados para as plataformas.
Para o lançamento da PlayStation 5, a Sony viu-se mesmo obrigada a proceder a um “rastreio” dos utilizadores que desejavam comprar a nova consola, tendo lançado uma campanha de pré-registo, de forma a serem convidados a fazer a sua pré-compra. “Uma vez que receba o email com o convite, encorajamo-lo a seguir as instruções e agir rapidamente”, explicava, dando logo a conhecer que havia uma quantidade limitada de consolas para pré-encomenda.
Mas se ainda assim estava a pensar tentar a sua sorte hoje e dar um salto a uma grande superfície ou loja da especialidade, a Sony alertou que o lançamento do primeiro dia seria exclusivamente online. Esta medida prendeu-se a questões de segurança para evitar possíveis contágios de COVID-19 pelo contacto nas filas e aglomerados de pessoas nas lojas. Apenas quem tem garantida a sua reserva e uma hora marcada de levantamento pode deslocar-se aos locais.
Geração SSD aumenta o tempo útil que passamos a jogar
Já os fãs que conseguirem adquirir uma PlayStation 5 vão dar o passo seguinte no mundo de gaming nas consolas. Existem duas versões da PS5 a considerar: a normal tem um leitor de Blu-ray e custa 499 euros; mas se dispensar o leitor de discos e mergulhar definitivamente no mundo digital, pode poupar 100 euros. De resto, ambas as plataformas têm as mesmas características ao nível de hardware e funcionalidades.
A nova consola apresenta uma configuração de hardware semelhante à sua rival Xbox Series X, e ambas com uma equivalência a um bom computador atual para videojogos, e por um preço inferior. O processador é um AMD Ryzer de oito núcleos e 16 threads a 3,5 GHz, com uma frequência variável. Depois cada fabricante fez a sua personalização mediante as necessidades das suas arquiteturas. A PS5 conta também com um GPU Radeon DNA 2, assim como 16 GB de memória RAM GDDR6. A consola pretende também oferecer ligações mais rápidas à internet, suportando o mais recente protocolo de internet IPV6.
A principal bandeira da arquitetura da PlayStation 5 é o seu SSD personalizado com 825 GB de memória, que embora seja atualmente limitado para quem deseja ter muitos jogos instalados, irá aumentar o tempo útil que os jogadores passam a jogar. É que os jogos são (muito) mais rápidos a carregar que a geração anterior, e em certos títulos, como o Spider-Man Miles Morales ou Astro’s Playroom (um jogo que está disponível gratuitamente e pré-instalado em cada consola), os carregamentos são praticamente inexistentes. É mesmo caso para dizer que os ecrãs de loading praticamente morreram, pelo menos nos títulos desenhados para a nova geração.
Curiosamente, nos testes de velocidade das duas consolas, que começam a ser comparadas nas ferramentas de benchmark dos especialistas, há um “empate” na velocidade. Ou seja, no que diz respeito aos jogos multiplataformas, como o Assassin’s Creed Valhalla ou Watchdogs Legion, o carregamento foi mais rápido na PlayStation 5, ainda que com uns meros dois ou três segundos de diferença.
Mas no que diz a retrocompatibilidade, ou seja, no carregamento de títulos PS4 e Xbox One, respetivamente, a Xbox Series X revelou-se mais rápida, e aqui sim, com uma maior diferença, ultrapassando os 15 segundos de diferença, em jogos como Red Dead Redemption II, Hellblade Sinua’s Sacrifice ou Fallout 4, para referir alguns.
De ter em conta que as novas consolas apostam todas as fichas no campo visual, destacando-se o suporte aos efeitos de Ray Tracing, que até agora só era possível ter no PC com as placas gráficas da NVidia geração RTX. A isto, some-se a resolução nativa 4K e HDR da maioria dos jogos (ao contrário das consolas anteriores que geralmente eram upscalling) e claro, velocidades de imagem até 120 FPS, neste caso para quem já tiver televisões ou monitores com suporte a 120 Hz.
Tudo isto significa que os jogos vão estar mais bonitos, com sistemas de iluminação mais detalhados, acrescentando-se mimos como partículas e reflexos ultrarealísticos. O principal desafio das editoras é conseguir otimizar os jogos para terem toda a “pirotecnia” a funcionar na sua máxima performance, e isso vai ser, para já muito raro.
Até agora, apenas Call of Duty: Black Ops Cold War é o único jogo a suportar 120 FPS a 4K (e ao que parece para já apenas na Xbox Series X). A maioria dos jogos tem agora duas opções, o modo performance em que são desligados alguns mimos gráficos para aumentar a fluidez de jogo; o modo cinemático para aqueles que preferem contemplar os cenários, não se importando de correr os jogos mais lentos, é o caso de Demon’s Souls que corre a 30 FPS no modo cinemático. Felizmente é possível mudar instantaneamente através do menu do jogo.
A diferenciação do novo comando Dual Sense e um vasto catálogo de jogos
Mas por muito rápida que a consola seja a carregar os jogos, o verdadeiro “game changer” é o seu novo comando Dual Sense. Este expande por completo a experiência dos jogos graças aos seus motores internos, que oferecem “rumble” preciso, não só nas mãos, mas sobretudo alocados aos seus gatilhos adaptativos. Na prática, quando dispara uma arma, vai sentir os seus coices nos disparos, e a pressão dos dedos terá de ser maior, pois os gatilhos “prendem” mediante a informação do jogo. Por exemplo, em Call of Duty: Black Ops Cold War vai ter sensações diferentes quando dispara uma metralhadora, uma caçadeira ou mesmo uma bazuca.
Se há comparações com o HD Rumble presente nos controladores JoyCon da Switch não é mera coincidência, porque a tecnologia foi fornecida pela mesma empresa, a Immersion, que vê agora expandida a sua aplicação.
De salientar ainda que todo o tipo de materiais que pisar nos jogos vai sentir diretamente nas mãos, incluindo areia, vidro, metais, e outros, ajudando dessa forma na imersão, tal como testemunhámos em Astro’s Playroom. E todas essas sensações de vibração dinâmica são complementadas com o som do altifalante embutido no comando.
O DualSense utiliza ainda o giroscópio e sensores de movimento em algumas mecânicas nos jogos, assim como um microfone que para além do uso habitual nas comunicações, pode usar-se o sopro para interagir com o jogo, como é o caso do Astro’s Playroom.
O periférico é ergonómico e encaixa bem nas mãos, oferecendo uma camada texturada para que não escorre das mãos em sessões mais prolongadas. Curiosamente, esta camada é formada com o relevo dos quatro símbolos característicos dos botões em forma minúscula, mais difíceis de ver a “olho nu”.
E que jogos estão disponíveis? Ao contrário da Microsoft que não conseguiu garantir nenhum título exclusivo para o seu catálogo, devido ao adiamento à última hora de Halo Infinite, a Sony tem diferentes títulos que não pode jogar em nenhuma outra plataforma. Alguns são cross-gen, exclusivos que também estão a ser lançados para a PlayStation 4, como é o caso de Spider-Man Miles Morales, Sackboy Big Adventure. Mas exclusivos da PS5 conte com o remake de Demon’s Souls que está fantástico nesta geração e Astro’s Playroom, um jogo divertido que funciona como um cartão de visita ao Dual Sense.
Relativamente à retrocompatibilidade, a Sony garante quase 4.000 jogos disponíveis, desde os clássicos das primeiras consolas disponíveis no serviço PlayStation Now, e praticamente todos os jogos da PlayStation 4. Uma dezena deles, por questões técnicas, não podem ser atualizados.
Acrescentando-se à oferta, os utilizadores que fizeram a adesão ao serviço PS Plus, ou que já usufruam do mesmo, passam a ter acesso ao PlayStation Plus Collection. Trata-se de uma seleção de grandes títulos lançados na PlayStation 4, com 20 jogos no seu lançamento, prometendo a entrada de mais no futuro. Dos títulos produzidos por estúdios internos destacam-se Days Gone, Bloodborne, God of War, The Last of Us Remastered ou Unchard 4: A Thief’s End. Das editoras externas conte com Batman: Arkham Knight, Mortal Kombat X, Persona 5 e Resident Evil 7, para salientar apenas alguns.
Para além dos jogos, será possível transformar a PlayStation 5 num media center, ou seja, configurar diferentes aplicações de streaming, seja de séries ou música. Para já os serviços suportados são o Netflix, Apple TV, Disney+, Spotify, YouTube. Futuramente já estão na calha a Amazon Prime Video, MyCanal, Hulu, Peacock, entre outros. A grande ausência é, para já, o suporte do HBO.
Um aspeto diferenciador na nova consola da Sony é a sua dashboard, ou seja, o emnu de acesso às diversas funcionalidades e jogos da PlayStation 5. A começar pela PS Store, esta já não é uma app à parte, estando totalmente integrada na experiência geral. Isto significa que quando o utilizador visita a loja terá uma maior personalização, já que a mesma aprende com os interesses dos jogadores. Se estiver a jogar determinado título, é provável que lhe seja sugerido um determinado novo conteúdo disponível para o mesmo.
Mas toda a experiência geral da dashboard, agora criada de raiz a 4K, é mais orgânica, seja a arrumação dos menus e dos jogos. O próprio menu adapta-se aos jogos que joga e durante a partida pode premir o botão PlayStation do comando para aceder aos desafios e Troféus muito rapidamente. E pode mesmo saltitar entre as áreas do jogo ou acesso a desafios através desses cartões. Pode ver a percentagem que completou dos objetivos e até o tempo estimado para o fazer, como em Sackboy Adventures ou Spider-Man Miles Morales. E com o SSD rápido da consola, os jogadores podem saltitar entre esses objetivos ou pontos onde pode ganhar o próximo Troféu.
Já na parte inferior, há uma linha de ícones, como o acesso comando, microfone (que pode dar mute direto), amigos e outros elementos, mais fáceis de aceder. Ainda no que diz respeito aos cartões, os estúdios podem oferecer dicas em vídeo, caso necessite encontrar algum item secreto ou ultrapassar um puzzle, invés de ir procurar na internet. Ainda que esta funcionalidade seja exclusiva de utilizadores do serviço PlayStation Plus.
Por fim, as atividades com amigos, sendo possível espreitar o que o amigo está a jogar, num sistema picture in picture, e caso seja um jogo multijogador, saltar imediatamente para o mesmo. Para isso terá de ter configurado todas as opções, claro.
Espera-se mais uma geração repleta de bons jogos, a considerar esta primeira vaga. Mas tal como anteriores gerações, só daqui a algum tempo vamos começar a ver todo o potencial da PlayStation 5. E mesmo a Sony já avisou que a anterior consola, a PlayStation 4, vai continuar a fazer companhia e a ter destaque, prevendo-se o lançamento de diversos títulos dos próprios estúdios da gigante nipónica. Ainda não se sabe se é o caso de God of War Ragnarok, mas já está confirmado que Horizon: Forbidden West será cross-gen.
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