O céu noturno já nos habituou a diferentes espetáculos, umas vezes visíveis a “olho nu”, outras apenas por lentes de maior capacidade, mas sempre cosmicamente deslumbrantes. É o caso das abrilhantadas, nos últimos dias, pelo cometa do século ou pelas auroras boreais – às vezes em simultâneo –, que até andam de visita a locais menos prováveis, como Portugal. O português David Cruz "aka" Astromidnight aproveitou para registar um desses momentos e agora teve direito a “reluzir” nas redes sociais da Agência Espacial Europeia.

Na publicação conjunta, partilhada no Instagram, são destacadas 10 imagens, na maioria tiradas sob o céu noturno do Alentejo, com a primeira a ter como protagonista, precisamente, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e logo a seguir há o "arco" da Via Láctea em todo o seu esplendor, num registo feito em La Palma.

Conte igualmente com nebulosas e outras galáxias e até com um autorretrato.

Veja o conjunto de imagens escolhidas na galeria

Designer profissional durante o dia e astrofotógrafo amador à noite, David Cruz é também o autor do texto que acompanha a publicação da ESA, no qual agradece a “parceria” da agência espacial, aproveitando para se apresentar e revelar como começou a paixão por fotografar a paisagem noturna com os seus vários protagonistas cósmicos.

Cometa fica até ao fim do mês. Auroras continuam em locais inesperados

Embora tenha atingido o maior nível de observação no último fim de semana, quando ficou no ponto mais próximo da Terra, a menos de 71 milhões de quilómetros de distância, o chamado cometa do século vai continuar a ser visível a olho nu em todo o hemisfério norte até ao próximo fim de semana, oferecendo um espetáculo que não se repetirá durante milénios.

Clique na galeria para ver várias imagens já partilhadas do C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) 

Para os fotógrafos amadores, os dias 19 e 20 de outubro prometem ser ideais para a captação de imagens, uma vez que a interferência da luz lunar será mínima após a passagem da lua cheia. O C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) vai andar por cá até ao final do mês, mas em princípio  só visível com o auxílio de um telescópio, já que vai perdendo luminosidade diariamente, à medida que se afasta cada vez mais da Terra e do Sol.

Depois da sua passagem, continuará a sua viagem pelos confins do Sistema Solar, possivelmente influenciado pela gravidade de outros planetas ou estrelas. Os modelos orbitais sugerem que não voltará a aproximar-se da Terra durante centenas de milhares de anos, isto se algum dia regressar.

E se ainda não faz parte do grupo de pessoas que já assistiu a uma aurora boreal não se preocupe: o espetáculo de cor vai continuar a poder ser visto em partes do mundo menos comuns, como Portugal, isto enquanto ocorrerem as fortes tempestades solares que permitem fenómeno. A garantia é deixada pelos meteorologistas espaciais da NASA.

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O sol está atualmente na fase máxima do seu ciclo de 11 anos, tornando os surtos solares e as auroras boreais mais frequentes. Esperava-se que este período ativo durasse pelo menos mais um ano, embora o momento em que a atividade solar atingirá o pico só seja conhecido meses depois do facto, de acordo com a agência espacial norte-americana (NASA) e a agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA).

Este ciclo solar produziu as coloridas auroras mais a sul e é provável que o espetáculo que pode encher os céus com tons de rosa, roxo, verde e azul continue a surgir nos próximos meses, garantem os cientistas.

Ainda na semana passada, uma poderosa tempestade solar deslumbrou os observadores do céu longe do Círculo Polar Ártico, quando auroras apareceram em lugares inesperados, incluindo Alemanha, Reino Unido e EUA. Portugal também fez parte da lista de privilegiados e pela terceira vez este ano.

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