O Stella Terra é um projeto de um grupo de 22 estudantes da da Universidade Técnica de Eindhoven focado em criar um automóvel todo-o-terreno que tire partido da energia solar. Além de dispensar paragens para carregamento em estações de serviço, este tem capacidade de circular tanto em estradas pavimentadas como em terrenos irregulares. Os estudantes garantem que esta é uma solução sustentável para entusiastas na exploração de cenários todo-o-terreno, que gostam de participar em aventuras mais ecologicamente sustentáveis. Pelo menos enquanto brilhar o Sol.

O automóvel, que já está na página oficial da família Stella, promete ser uma “casa em rodas” autossustentável. Uma casa em movimento para quem procura um estilo de vida nómada, em que pode viver e trabalhar enquanto viaja, gastando apenas a energia do Sol. O veículo capta energia través dos seus painéis solares instalados no tejadilho, fornecendo o necessário tanto para se mover como para viver: aquecer a água do chuveiro, assistir televisão, carregar o portátil ou fazer café. “Serás completamente autossustentável e independente, livre de ir onde quiseres, sem causar problemas no ambiente”, lê-se na nota.

Veja na galeria imagens do Stella Terra:

O projeto teve a ajuda de alguns parceiros tecnológicos, nomeadamente a Siemens, destacada pelo importante papel a desenvolver o automóvel. Segundo o gestor da equipa, Wisse Bos, o automóvel precisou de ser leve e aerodinâmico para que possa percorrer o máximo de quilómetros possíveis usando a energia solar. Mas ao mesmo tempo ser robusto e com um design poderoso para ultrapassar os obstáculos dos terrenos rugosos, assim como aguentar o impacto da gravilha e areia nos painéis solares ou janelas.

O automóvel já foi aprovado para circular nas estradas públicas e tem uma velocidade máxima limitada a 145 km/h. Com um peso de cerca de 1.200 quilos, num dia de Sol, o veículo pode circular 630 quilómetros. No interior, o assento traseiro do veículo pode ser convertido numa cama. E para quem pergunta como o veículo anda de noite, a equipa diz que tem autonomia para 500 quilómetros sem necessidade de parar. A bateria pode ser carregada entre dois a três dias, desde que suficiente energia solar chegue aos painéis.

A tecnologia da Siemens, nomeadamente um software de simulação, ajudou os estudantes a criar um Gémeo Digital para os seus planos de design, tornando mais fácil a implementação de funcionalidades no veículo real. Foi criado um protótipo digital em menos tempo e mais eficiente, detalhado, capaz de diminuir erros no processo de construção.

A equipa partiu este mês para Marrocos para testar exaustivamente o Stella Terra, com o deserto de Sahara como um dos locais de teste. Certamente que Sol não vai faltar para alimentar o veículo. O veículo já foi testado na Holanda, mas a equipa diz que a variedade de cenários é limitada. Espera-se que em Marrocos o veículo circule cerca de 1.000 quilómetros, em diferentes cenários.

Por ser totalmente autónomo, sem a necessidade de uma infraestrutura para carregamento, este veículo é apontado como ideal para áreas remotas onde é necessário transporte. Seja para transportar crianças para a escola, levar um idoso ao hospital, são exemplos dados da sua eficiência. Se os testes em Marrocos forem bem-sucedidos, este modelo poderá mostrar à indústria um caminho a seguir na mobilidade sustentada.

A construção anual de um veículo Stella é uma tradição da Universidade Técnica de Eindhoven. É referido que a experiência e conhecimento técnico de uma equipa é transferida para a próxima.