Os níveis de gelo marinho na Antártida estão muito abaixo de qualquer valor anteriormente registado, tendo atingido um mínimo recorde em meados de setembro, de acordo com o National Snow and Ice Data Center, um centro de informação dos Estados Unidos da América que apoia a investigação polar e criosférica.
O nível de água que congela na superfície do mar na Antártida já tinha atingido mínimos recordes pelo menos duas vezes em 2023, depois de o mesmo ter acontecido em 2017 e 2022.
Os especialistas estão preocupados com as consequências a longo prazo, de aumento das temperaturas globais com resultados potencialmente devastadores para a humanidade. “Está tão longe de tudo o que vimos que é quase alucinante”, diz Walter Meier, do National Snow and Ice Data Center, citado pela BBC News.
A enorme extensão de gelo da Antártida regula a temperatura do planeta, já que a superfície branca reflete a energia do Sol de volta para a atmosfera e também arrefece a água abaixo e perto dela.
Sem o gelo a arrefecer o planeta, a Antártida poderia transformar-se de frigorífico da Terra a aquecedor, dizem os especialistas.
O gelo que flutua na superfície do oceano que banha a Antártida mede agora menos de 17 milhões de quilómetros quadrados - ou seja, 1,5 milhões de quilómetros quadrados de gelo marinho a menos do que a média de setembro, e bem abaixo dos mínimos recordes do Inverno anterior.
A região tem sido afetada pelo aquecimento global de várias maneiras: registou aumentos recordes de temperatura desde a década de 1950, mais de três vezes mais do que a média global. O oceano que a banha também está a aquecer mais rapidamente do que o resto do mundo, e as suas plataformas de gelo estão a derreter seis vezes mais rápido do que na década de 1980.
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O comportamento do gelo marinho na Antártida mudou amplamente desde o início do século XX. Após um declínio no início de 1900, começou a aumentar novamente e, nos últimos anos, foram registados máximos e mínimos recordes.
As causas do desaparecimento do gelo polar não são fáceis de apurar, existindo a probabilidade de ser uma “expressão realmente bizarra da variabilidade natural”, ou seja, o acumular de muitos fatores naturais que estão a afetar a região em simultâneo.
As temperaturas recorde dos oceanos deste ano são provavelmente um fator influenciador, sugerem os cientistas. Também são apontadas mudanças nas correntes oceânicas e nos ventos que impulsionam as temperaturas na região.
Atualmente em desenvolvimento no Pacífico, o fenómeno climático El Niño também poderá estar a contribuir para a redução do gelo marinho, embora nesta altura ainda muito subtilmente.
Acima de tudo, as alterações que estão a emergir “dão-nos razões muito fortes para estarmos preocupados”, consideram os investigadores.
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