Passavam cerca de 40 minutos da meia noite em Lisboa quando o foguetão H2A que transportava a sonda lunar SLIM, arrancou de uma base em Tanegashima, no Japão, conforme previsto.

Com mais de duas décadas de desenvolvimento, o projeto da JAXA está focado em conseguir um pouso de alta precisão, recorrendo a tecnologia avançada de navegação que combina as imagens em tempo real registadas pela sua câmara com outras já existentes da superfície lunar.

Apelidada de “Moon Sniper”, a SLIM foi construída para alunar a não mais que 100 metros do local-alvo, o que segundo a JAXA representa um salto gigantesco em relação à atual precisão das sondas destinadas ao satélite natural da Terra, a rondar os vários quilómetros. Usa um sistema de propulsão química eficiente e inclui dispositivos eletrónicos miniaturizados.

Veja na galeria imagens do lançamento da SLIM, que seguiu viagem com a missão XRISM 

A agência japonesa quis desenvolver um módulo de pouso leve para reduzir os custos de lançamento e permitir missões mais frequentes, com a SLIM a pesar pouco mais de 700 kg - menos de metade da indiana Chandrayaan-3.

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A tecnologia integrada permite uma busca mais granular de rochas e recursos hídricos e aumenta as hipóteses de sobrevivência da sonda, ajudando-a a escolher o melhor local para carregar baterias com a energia do sol e a evitar terrenos acidentados, explica a JAXA.

Tentativa de alunagem ainda vai demorar seis meses

A SLIM separou-se com sucesso do foguetão H2A, com 53 metros de comprimento e quatro de diâmetro, operado pela Mitsubishi Heavy Industries, cerca de 45 minutos após a descolagem desta quinta-feira. Se tudo correr bem, entrará na órbita da Lua daqui a três ou quatro meses, chegando ao satélite natural da Terra em aproximadamente seis meses.

Aquela que será a primeira alunagem do Japão deverá acontecer junto à cratera Shioli, perto do equador lunar, com a tal distância máxima de 100 metros do alvo, “para evitar encostas íngremes e terrenos irregulares”.

Se conseguir alunar, o Japão será o quinto país do mundo a fazê-lo, depois da Índia ter completado a missão Chandrayaan-3, que acaba de terminar. Os dados obtidos pela sonda serão usados no projeto Artemis, que visa o regresso dos astronautas ao satélite natural e, em última instância, a exploração de Marte.

Recorde-se que a SLIM não seguiu viagem sozinha: foi lançada na companhia da XRISM - X-Ray Imaging and Spectroscopy Mission, que tem por base um instrumento perito em raios X, criado para observar os objetos e eventos mais energéticos do cosmos. Ao fazê-lo, a derradeira intenção é desvendar a evolução do Universo e a estrutura do espaço-tempo.