
O planeta K2-18b é duas vezes e meia maior que a Terra e está a 119 anos-luz de distância mas o supertelescópio James Webb já tinha revelado detalhes sobre a sua constituição em 2023, apontando a existência de metano e dióxido de carbono na atmosfera. Um estudo agora publicado no The Astrophysical Journal Letters analisa os dados e antecipa novidades com a identificação da assinatura química de pelo menos uma de duas moléculas associadas à vida.
A equipa da Universidade de Cambridge, nos EUA, diz ter descoberto sinais de moléculas que, na Terra, são produzidas apenas por organismos simples. As moléculas identificadas são o dimetilsulfeto (DMS) e o dimetil dissulfeto (DMDS), que são normalmente produzidos por fitoplâncton marinho e bactérias.
O professor Nikku Madhusudhan, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge, revelou a sua surpresa com a quantidade de gás aparentemente detectada durante uma única janela de observação. Mas mesmo assim diz que é necessário aprofundar a investigação.
"Esta é a evidência mais forte até agora de que possivelmente existe vida lá fora. Posso dizer com realismo que podemos confirmar esse sinal dentro de 1 a 2 anos", afirma o investigador. "A quantidade que estimamos desse gás na atmosfera é milhares de vezes maior do que a que existe na Terra".
A necessidade de maior análise dos dados e de cautela em relação às conclusões é confirmada por outros cientistas independentes, apesar dos indícios que geram optimismo na comunidade científica. Nikku Madhusudhan defende mesmo que "se confirmarmos que há vida em K2-18b, isso basicamente confirmaria que a vida é muito comum na galáxia", como refere a BBC.
Ainda assim sublinha que "é importante que sejamos profundamente céticos em relação aos nossos próprios resultados, porque só testando e testando novamente é que chegaremos ao ponto em que teremos confiança neles [...] É assim que a ciência tem de funcionar".
Os investigadores de Cambridge publicaram um gráfico com a análise do espectro de transmissão observado do exoplaneta K2-18 b da zona habitável utilizando o espectrógrafo JWST MIRI.
Os dados são apresentados nos círculos amarelos com incertezas de 1 sigma. As curvas mostram que o modelo se ajusta aos dados, com a curva preta a mostrar o ajuste mediano e as curvas azuis a delinear os intervalos de 1-sigma dos ajustes do modelo. As características de absorção atribuídas ao sulfureto de dimetilo e ao dissulfeto de dimetilo estão indicadas pelas linhas horizontais e pelo texto.
Com mais de cinco mil planetas já descobertos a orbitar estrelas, os cientistas estão agora a iniciar uma nova era de descobertas surpreendentes sobre as atmosferas exóticas destes mundos distantes e as análises acabam por trazer surpresas, que por vezes não se confirmam.
O estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters está disponível para consulta neste link.
(em atualização)
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