A missão da sonda InSight chegou ao fim em 2022, mas os dados que recolheu continuam a alavancar novas descobertas. Agora, ao cruzar informação da InSight com imagens captadas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), uma equipa de investigadores descobriu que o impacto da atividade sísmica causada por meteoroides em Marte é mais profundo do que se pensava.

Anteriormente, outros investigadores já tinham analisado imagens de crateras provocadas pelo impacto de meteoroides, encontrando dados sísmicos que correspondiam à data de formação e localização das crateras, explica a NASA.

No entanto, os dois novos estudos, recém-publicados na revista científica Geophysical Research Letters, marcam a primeira vez que um impacto recente foi correlacionado com abalos detectados em Cerberus Fossae, uma região particularmente propícia a “martemotos” que fica a uma distância de 1.640 quilómetros da InSight.

Sismos causados por meteoides em Marte têm um impacto mais profundo do que se pensava
Sismos causados por meteoides em Marte têm um impacto mais profundo do que se pensava A cratera provocada pelo impacto tem um diâmetro de 21,5 metros e, tendo em conta a energia sísmica do abalo, está muito mais distante da InSight do que os cientistas julgavam inicialmente. créditos: NASA/JPL-Caltech/University of Arizona

A crosta do Planeta Vermelho tem propriedades únicas que se acreditam amortecer as ondas sísmicas geradas por impactos. A análise ao impacto em Cerberus Fossae levou a equipa a concluir que as ondas produzidas seguiram uma rota muito mais direta e profunda pelo manto do planeta.

A equipa da InSight vai agora reavaliar os seus modelos da composição e estrutura do interior de Marte para explicar como é que os sinais sísmicos gerados por impactos podem chegar tão fundo.

Um algoritmo de machine learning desenvolvido no Jet Propulsion Laboratory da NASA para detetar o impacto de meteoroides em Marte desempenhou um papel importante na descoberta da cratera em Cerberus Fossae. Numa questão de horas, a ferramenta é capaz de analisar dezenas de milhares de imagens a preto e branco captadas por uma das câmaras do MRO, detectando zonas de impacto em torno de crateras.

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A equipa procurou por crateras que estivessem a cerca de 3.000 quilómetros do local onde a InSight se encontrava. Ao comparar imagens de antes e depois (captadas pela câmara do MRO) ao longo do tempo, os investigadores encontraram 123 crateras para cruzar com os dados da InSight. 49 dessas crateras eram potenciais correspondências com “martemotos” registados pelo sismógrafo da InSight. A partir daí, os cientistas aprofundaram a sua análise para identificar a cratera em Cerberus Fossae.

Segundo a NASA, o impacto descoberto em Cerberus Fossae vai ajudar os cientistas a descobrir como podem distinguir entre sinais sísmicos que originam no interior do planeta e aqueles que são causados por meteoroides.