Ainda há muitos mistérios para resolver quando à forma como os buracos negros supermassivos funcionam, mas os cientistas sabem que são normalmente grandes "devoradores" de matéria, embora possam passar longos períodos adormecidos. Foi o que aconteceu numa galáxia distante, a 300 milhões de anos-luz de distância, na constelação de Virgem, na região que é agora conhecida como Ansky, passando a estar classificada como um núcleo galáctico ativo.

Ainda em 2019 os astrónomos viram que a galáxia começou a brilhar intensamente de forma inesperada, depois de ter estado inativo durante décadas. Mais recentemente os flashes de luz de raios X passaram a ser regulares e isso está a gerar curiosidade pela oportunidade de acompanhar um fenómeno raro.

"Esta é a primeira vez que observamos um evento como este num buraco negro que parece estar a despertar", explica Lorena Hernández-García, investigadora da Universidade de Valparaíso, no Chile, que lidera a equipa que investiga o Ansky.

Os telescópios telescópios espaciais da ESA e da NASA foram colocados "em ação" para acompanhar a evolução deste buraco negro. Os cientistas recorreram ao XMM-Newton da Agência Espacial Europeia e aos NICER, Chandra e Swift da NASA para estudar o fenómeno que é é conhecido como erupção quase periódica, ou QPE.

XMM-Newton
XMM-Newton créditos: ESA

Paula Sánchez Sáez, investigadora do Observatório Europeu do Sul, na Alemanha, e líder da equipa que primeiro explorou a ativação do buraco negro em 2019, lembra que "quando vimos Ansky iluminar-se pela primeira vez em imagens óticas, iniciámos observações de acompanhamento utilizando o telescópio espacial de raios X Swift da NASA e verificámos dados arquivados do telescópio de raios X eROSITA, mas na altura não vimos qualquer evidência de emissões de raios X".

Os astrónomos dizem que as características do Ansky fizeram com que fossem estudadas outras teorias para a criação dos QPE, que não passam pela desintegração de uma estrela. 

“As explosões de raios X do Ansky são dez vezes mais longas e dez vezes mais luminosas do que as que vemos num QPE típico”, justifica Joheen Chakraborty, membro da equipa e aluno de doutoramento no MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA. A cadência das erupções, a cada 4,5 dias também é aa mais elevada já observada.

Para já existem mais modelos do que dados sobre os QPE e por isso a investigação direta do Ansky é tão importante para confirmar as teorias. A ESA está também a prepara a missão LISA que pode ajudar a perceber o impacto associado a ondas gravitacionais e recolher informação de raios X que complementem os dados.