Nos últimos meses a aceleração da IA generativa tem surpreendido mesmo os especialistas que se mantêm atentos às tendências. O anúncio do ChatGPT da OpenAI captou a atenção de utilizadores em todo o mundo mas os investimentos da Microsoft, Google e Meta têm resultado no anúncio de novos assistentes digitais baseados nos grandes modelos de linguagem e estão a ser integrados nas ferramentas do dia a dia, com o Copilot, o Bing Chat, o Bard ou os 28 assistentes digitais que vão responder a questões no Instagram, WhatsApp e Messenger da Meta.

Mas há muitos projetos a serem desenvolvidos também nas empresas e nas organizações, também em Portugal, alguns dos quais já tínhamos referenciado no dossier de IA generativa. Hoje a Singularity Digital Enterprise reuniu casos de vários clientes que mostraram o que estão a fazer e as áreas de maior potencial, partilhando também algumas dúvidas e dificuldades registadas.

Os projetos em desenvolvimento no Millennium BCP, Pestana, IRN, EDP, CTT e Ferring fazem parte de uma lista de casos que estão em desenvolvimento, como salientou Pedro Martins, um dos fundadores da Singularity. “Depois de quase um ano de trabalho nesta área, estamos a falar de uma tecnologia que pode ser disruptiva na sua adoção e qualquer organização deve olhar e adaptar a sua estratégia de negócio, nos processos onde tem mais dificuldades, para usar a 'generative AI' para ser mais eficiente e produzir mais e criar novos produtos”.

Entre os casos hoje apresentados, há alguns que já estão implementados, como o dos CTT que está já no ambiente empresarial, enquanto outros estão a ser testados ou em prova de conceito, como os casos do Millennium BCP que tem quatro modelos em desenvolvimento, e o IRN, que está a testar a utilização do Azure AI para melhorar o processo de geração do Pacto Social das empresas.

“A 'generative AI' é muito boa a trabalhar dados não estruturados e se formos ver só 1 por cento das organizações é que usam os dados não estruturados para fazer análises”, lembra Pedro Martins, dizendo que há um enorme potencial nesta área.

A aplicação dos grandes modelos de linguagem em várias áreas foi também discutida na conferência, sobretudo com as novas capacidades que estão a ser adicionadas, como a possibilidade de “ver” e interpretar imagens e sentimentos dos interlocutores. Manuel Dias, CTO da Microsoft fez várias demonstrações do Bing Chat a comportar-se como um jornalista a fazer perguntas ao Primeiro Ministro, mas também de uma versão “zangada” do ChatGPT, o AngryGPT, com argumentos mais irritados perante as perguntas dos utilizadores.

Mesmo assim todos os intervenientes assumem que estamos ainda na infância da tecnologia, a dar os primeiros passos e a “arranhar a superfície” do potencial da IA generativa, como disse Daniel Rasmus ao SAPO TEK, defendendo que é importante as empresas perceberem desde já o que podem fazer com estes modelos e as suas limitações.

E quem não acompanhar o ritmo pode mesmo ficar para trás. “Quem não usar a IA daqui a 3 anos não existe ou é invisível”, avisou Manuel Dias, lembrando que “o mundo vai ser ‘prompt based’ “ e que os utilizadores não vão usar o Photoshop para mudar a imagem, mas têm que saber que prompts usar para o fazer. “A diferença entre a ficção científica e a não ficção é só uma questão de tempo”, assumiu.

Hoje a Singularity lançou também um livro sobre os casos desenvolvidos e com uma checklist de adopção de IA generativa. O "Empower Business with Generative AI” é assinado por Daniel Rasmus, Pedro Martins e Patrícia Milheiro, mas os autores assumem que está em evolução porque esta é uma realidade que está a evoluir rapidamente com novas funcionalidades.

Livro da singularity