Presa desde maio de 2010, Chelsea Manning foi posta em liberdade esta quarta-feira depois do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter assinado o seu perdão no passado mês de janeiro.
A soldada ficou conhecida por ter partilhado vários documentos e vídeos com o WikiLeaks depois de os ter descarregado de várias bases de dados confidenciais.
A norte-americana passou 2.545 dias em cativeiro militar depois de ter sido detida em Bagdade, nas imediações de uma base militar onde estava destacada. Durante meses, foi mantida em condições que as Nações Unidas chegaram a denunciar como sendo semelhantes a tortura. Manning estava condenada a uma pena de 35 anos de prisão.
Dos registos publicados posteriormente pelo WikiLeaks, os documentos facilitados evidenciavam casos que se tornaram depois mediáticos, como é o exemplo do Assassínio Colateral - uma filmagem militar em que um helicóptero norte-americano mata dois jornalistas da Reuters e dois outros civis num ataque em Bagdade.
Chelsea Manning esteve detida no Iraque, Kuwait e nos Estados Unidos da América, sempre em prisões masculinas. Na altura, a soldada enfrentava também uma batalha legal onde exigia ser respeitada enquanto mulher transsexual e se debatia pelo direito a receber tratamento hormonal na cadeia.
"Quero voltar a respirar os ares da primavera", disse a norte-americana na última semana. "Quero voltar a sentir aquela sensação indescritível de conexão com as pessoas e com a natureza [...] quero abraçar a minha família e os meus amigos outra vez. E nadar. Quero ir nadar".
Apesar do perdão, Manning terá ainda de lidar com assuntos legais pendentes. A acusação que lhe foi endereçada em 2013 no âmbito do Espionage Act permanece em vigor e, segundo escreve o The Guardian, essa é uma preocupação para os seus advogados "tendo em conta a pessoa que lidera atualmente a Casa Branca". O recurso foi apresentado há cerca de um ano e a batalha deverá continuar mesmo com Chelsea em liberdade.
"As pessoas assumem que só porque alguém está em liberdade, o recurso fica resolvido. Mas o caso ainda decorre e nós queremos limpar o nome dela. [A Chelsea Manning] foi condenada por cimes que eu não acredito que ela tenha cometido", disse Nancy Hollander, advogada de defesa à publicação britânica.
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