Mais do que a existência de computadores, atualmente o desafio para as escolas está relacionado com o uso pedagógico das TIC face à cada vez maior utilização de dispositivos móveis com ligação à internet entre os alunos, nomeadamente smartphones e tablets.

A análise é feita pelo Conselho Nacional de Educação que defende que o impacto das TIC depende essencialmente das abordagens pedagógicas associadas ao seu uso. Até porque o nível de apetrechamento tecnológico do sistema não é dos melhores.

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O relatório “O Estado da Educação 2017” mostra que o número global de computadores disponíveis no sistema tem vindo a baixar consideravelmente. O ano letivo de 2016/2017 regista menos 134.445 computadores que em 2014/2015, o que corresponde a uma quebra de 31%. A diminuição é mais evidente nos 2º e 3º ciclos do ensino básico.

Por outro lado, a percentagem de computadores com ligação à internet tem aumentado, passando de 84% em 2014/2015 para 88% no último ano em análise. Segundo os dados, a maior parte dos computadores existentes nas escolas são de secretária: 84% contra 16% portáteis, valores idênticos aos dos anos anteriores.

Um outro dado pouco favorável é a “antiguidade” do material: a percentagem de computadores em uso há mais de três anos passou para os 76,5%, quando em 2014/2015 era de 56,9%. E se o número de computadores baixa, o número médio de alunos por máquina aumentou nos últimos três anos letivos, sendo de 6,5 no 1º ciclo e de 3,6 no 2º ciclo, em dados para o ensino público.

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O relatório do Conselho Nacional de Educação indica ainda que, para além de computadores, cerca de metade das escolas estão apetrechadas com quadros interativos. A quantidade destes equipamentos tem aumentado nos últimos anos, passando de 22.955, em 2014/2015, para 36.893, em 2016/2017, numa média de cinco quadros por escola, neste último ano.

Sobre o uso das TIC na educação, o organismo refere também que, embora não seja possível estabelecer uma ligação de causa-efeito com os resultados obtidos, “este poderá concorrer para a redução do abandono e a melhoria do sucesso escolar”.

Defende igualmente que o ritmo a que as tecnologias evoluem "supera largamente o da apropriação do seu uso em educação”, destacando a importância do papel dos professores neste contexto.

“O que parece estar em jogo é a possibilidade de a tecnologia mudar a organização do espaço escolar e, em última análise, a própria pedagogia”, refere-se, apontando-se as salas de aula do futuro como resposta, “na medida em que promovem uma organização diversa do espaço de aprendizagem com implicações na postura dos professores e no trabalho desenvolvido pelos alunos”.