Para além de supercomputadores e robots, também a inteligência artificial (IA) está a ajudar no combate à pandemia de COVID-19. A Comissão Europeia (CE) investiu num software que garante ser capaz de "diagnosticar a doença em menos de um minuto" e o Hospital São João é o único hospital português a integrar este projeto, num programa onde estão incluídos 10 países europeus.
Em entrevista ao SAPO TEK, o diretor do serviço de radiologia do Centro Hospitalar Universitário de São João garante que já estão a começar a ser feitos testes e o sistema também está a ser avaliado. O projeto-piloto em Portugal foi anunciado em 14 de maio e António Madureira explica o que está a ser realizado.
As tomografias computadorizadas, vulgarmente conhecidas como TAC, toráxicas realizadas a pacientes com suspeita de COVID-19 ou já confirmados estão a começar a ser enviados para o servidor e são analisados pelo programa. "Depois o sistema irá concluir se as descobertas são ou não sugestivas de COVID-19". No entanto, António Madureira garante que não "é algo automático, uma vez que o médico radiologista vai ter de a analisar os exames e concluir se concorda ou não com o sistema".
Numa altura em que o número de casos confirmados em Portugal começam a diminuir, o diretor do serviço de radiologia adianta ainda que vão começar a ser feitos, "de forma calma", testes em relação aos exames já realizados. Pretende-se confirmar se os resultados do sistema são concordantes com os anteriormente feitos pelos médicos radiologistas.
Como objetivos, o sistema pretende alertar os médicos sobre a doença, "facilitando o trabalho da equipa médica". Como vantagens, a CE destaca ainda um tratamento mais célere, algo também destacado pelo médico radiologista, e a redução dos riscos de infeção.
A ferramenta recolhe imagens de TAC de pacientes que entram no hospital com algum tipo de queixas. Essas imagens são processadas para analisar lesões relacionadas com a COVID-19 e, se os resultados forem positivos, será emitido um alerta em menos de um minuto.
Esses avisos permitem que os radiologistas deem prioridades à leitura de certo tipo de imagens, permitindo que possíveis pacientes sejam identificados e tratados mais cedo. Por outro lado, o sistema compara ainda imagens anteriores e a TAC mais recente do mesmo utente, fornecendo uma visão da progressão da doença. Desta forma, é mais fácil apostar num tratamento mais adequado para cada utente.
Para além de Portugal, estão incluídos neste projeto a Bélgica, Estónia, França, Itália, Roménia, Espanha e a Suécia. Neste países, o pessoal médico está a receber treino para saber como trabalhar com a ferramenta.
Durante cerca de 12 meses, a CE irá suportar todos os custos pela prestação do serviço aos hospitais participantes. Se o exercício for bem sucedido, a Comissão considera oferecer suporte a muitos outros hospitais com a mesma solução ou soluções semelhantes através de futuros instrumentos de financiamento.
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