![Internet que vem do espaço, carros (mais autónomos) e robots humanoides vão marcar 2025](/assets/img/blank.png)
A inteligência artificial, a evolução das tecnologias que suportam as redes onde correm esses dados e as inovações nas comunicações que permitem integrar redes móveis terrestres e comunicações de satélites convergem numa espécie de mistura explosiva, para influenciar os desenvolvimentos em várias áreas da tecnologia este ano. A assinalar 30 anos de existência, a DE-CIX, especializada na operação de pontos de troca de tráfego de Internet (Internet Exchange Points – IXPs), alinhou cinco grandes tendências ligadas a estes desenvolvimentos e antecipa alguns dos resultados mais promissores que daí advêm.
A propósito, Darwin Costa, gestor de desenvolvimento de negócios da DE-CIX para o Sul da Europa, África & América Latina partilhou com o SAPO TEK a sua visão sobre a posição de Portugal neste contexto, tendo em conta a localização estratégica do país e os investimentos já captados, que vão ser cruciais na evolução para um mudo ultraconectado.
"Portugal alberga mais de 30 data centers, incluindo um dos maiores campus de data centers do mundo, na Covilhã. Possui também uma das maiores penetrações de fibra em residências/edifícios (FTTH/B) na Europa. Lisboa alberga hoje três Internet Exchanges (IXs) e 20 data centers”, lembrou.
Darwin Costa reconhece que “Lisboa é [hoje] um formidável ponto de convergência para todos os continentes banhados pelo Oceano Atlântico”, com um “ecossistema vibrante e diversificado de redes nacionais e internacionais, com uma forte conectividade terrestre com os países vizinhos na Europa”.
O responsável também destaca a boa conectividade do país por cabo submarino, com outros países nas margens do Atlântico, lembrando que estão previstas um conjunto de iniciativas de cabos submarinos que chegarão a Portugal e que vão estender-se por 115 estações de aterragem de cabos (CSLs) em todo o mundo, até 2026.
Neste contexto dá destaque ao cabo submarino EllaLink, de 2021, o único cabo que liga a América do Sul diretamente à Europa, atracando em Fortaleza (Brasil) e Caiena (Guiana Francesa), Casablanca (Marrocos) e Lisboa. “Isto irá transformar os fluxos de tráfego, permitindo que o conteúdo em direção a sul permaneça a sul, em vez de ter de viajar para norte e depois voltar a descer novamente", sublinhou.
É neste contexto que Portugal e o mundo, para a DE-CIX, vão assistir à consolidação de um conjunto de tendências que vão mudar a economia, o trabalho e as relações pessoais, como grande impacto já em 2025. São elas:
Inteligência das redes vai promover uma economia mais “inteligente”
Para que o potencial da inteligência artificial se concretize, as redes que sustentam esses dados têm de acompanhar a evolução e isso já está a acontecer, abrindo uma enorme oportunidade para transformar os negócios que hoje estão a investir em IA e as economias em geral.
A DE-CIX lembra que 80% dos CIO em todo o mundo planeiam adotar IA e automação para impulsionar negócios baseados em insights e agilidade nos próximos anos, segundo a IDC. E que, enquanto a IA se torna o coração de modelos de negócio inteligentes à escala global, as infraestruturas caminham para novos marcos de evolução, que vão permitir serem tão ágeis e escaláveis autonomamente como os sistemas, processos e fluxos de trabalho autogeridos numa economia global conectada.
“Os padrões, as arquiteturas abertas e as APIs irão tornar a rede do futuro interoperável e inteligente”, defende Thomas King, CTO da DE-CIX.
A disponibilização global prevista do 5G advanced ao longo deste ano será um marco importante nesse sentido. A evolução seguinte da tecnologia para o 6G será outro. “O 6G será até 100 vezes mais rápido do que o 5G e também irá integrar IA para proteger, gerir e controlar redes”, lembra o responsável. “Este nível de inteligência será necessário em todas as tecnologias de conectividade para gerir futuros fluxos de dados baseados em IA”.
A IA, por seu lado, suporta não só uma gestão de rede mais inteligente, mas também uma gestão operacional mais eficiente em todas as áreas do setor das telecomunicações, da eficiência energética, à deteção de fraudes, passando pelo serviço ao cliente.
A corrida espacial da Internet está a aquecer
Para a DE-CIX,2025 já vai ser um ano marcado pelo resultado dos investimentos que têm vindo a ser feitos na conectividade a partir de comunicações de satélite, integradas com redes móveis terrestres. Isto já está a permitir a utilização de serviços móveis em smartphones, suportados por internet via satélite, mas ainda de forma limitada.
O plano, já anunciado por empresas como a Vodafone ou a T-Mobile, é ao longo deste ano acrescentar dados móveis à oferta. Outros players se seguirão e espera-se que o impacto destes serviços baseados em satélites na órbita baixa da Terra, que vão acelerar o fim das “zonas mortas” no que toca ao acesso à conectividade de alta velocidade, tenha um forte impacto a nível global.
“A tecnologia de transmissão por satélite oferece uma nova esperança do espaço a milhares de milhões de pessoas que estão hoje em desvantagem devido ao acesso limitado ou inexistente à Internet”, destaca Ivo Ivanov, CEO da empresa.
Ainda no capítulo do espaço, a DE-CIX lembra que as empresas de exploração espacial estão agora também focadas noutro tema que pode ter grande impacto no futuro: a mineração de recursos em asteroides e na lua para ter acesso, por exemplo, ao Hélio-3 para aplicações de computação quântica, uma porta que se abriu graças à capacidade instalada para oferecer outros serviços, como os serviços de internet. “Sem poder de computação e conectividade no espaço e na superfície lunar, nada disto será possível”, lembra Ivo Ivanov.
Os carros autónomos estão finalmente a chegar
Para este ano esperam-se também avanços importantes no domínio dos carros autónomos e a DE-CIX destaca dois principais. Nos Estados Unidos já começaram a circular os primeiros robotaxis com sistemas de condução autónoma de nível 4 (altamente automatizados, mas com a opção de controlo humano).
Vários fabricantes de automóveis estão a planear lançar os seus sistemas de condução autónoma de nível 3 (condução altamente automatizada que permite ao condutor tirar os olhos da estrada e envolver-se em atividades secundárias) e de nível 4 em vários países em 2025.
Para dar suporte a estas inovações é preciso garantir uma conectividade fiável e robusta tanto móvel como via satélite e isso tem motivado os fabricantes de automóveis a construírem as suas próprias constelações de satélites LEO, como já está a acontecer, destaca-se.
Robôs humanoides vão chegar às fábricas e a casa
Em 2030, o mercado de robots humanoides deverá valer 10 mil milhões de dólares, e uma parte importante desse valor deverá começar a ser construído ao longo deste ano. “Os robôs humanoides deram grandes passos desde a chegada da IA generativa, ganhando a capacidade de comunicar com as pessoas, aprender novas competências e adaptar o seu comportamento de forma dinâmica”.
Estes avanços aceleraram o potencial de utilização em diferentes áreas e em 2024 já vimos fabricantes de automóveis, e outros, testaram robôs humanoides nas suas fábricas de produção e áreas de logística.
Em 2025 espera-se que algumas das soluções testadas passem a produtos comerciais, com reforço dessa oferta em 2026, tanto nos Estados Unidos como na Europa. Na China os progressos devem ser mais rápidos, já este ano.
Até 2030 prevê-se que 30% das horas de trabalho atuais poderão ser automatizadas, abrindo caminho para que os humanos abracem outras funções e evidenciando a importância dos desenvolvimentos de uma IA ética.
Modelos de treino de IA vão mudar radicalmente
A DE-CIX defende que está para breve uma mudança importante na forma como as empresas treinam os grandes modelos de linguagem (LLMs). “Enquanto antes eram necessários grandes centros de dados centralizados para processar rapidamente cargas de computação em clusters paralelos, no futuro, será necessário treinar modelos de IA de forma mais descentralizada”, defende o CTO da empresa. Quanto mais não seja porque “o espaço para os data centers é limitado em todo o lado.”
“A solução é fornecida pelas AI Exchanges, que podem interligar cargas de trabalho de computação desagregadas e serviços de IA através de ligações de alta velocidade”, explica Ivo Ivanov.
O padrão Ultra Ethernet, que tende a consolidar-se, “está a impulsionar uma tendência para a computação desagregada ao substituir a InfiniBand”, detalha-se. Se os computadores e o armazenamento estiverem ligados via InfiniBand num centro de dados de IA, normalmente têm de estar localizados a alguns metros.
A Ultra Ethernet pode cobrir distâncias maiores. “O padrão é menos complexo, mais fácil de utilizar, baseia-se em tecnologia Ethernet estabelecida e amplamente utilizada e permite que grandes modelos de linguagem sejam treinados mesmo numa área metropolitana”.
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